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FUTEBOL
Tico, Teco e o Limbo F.C.
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Às vezes o leitor deve se perguntar: de onde vêm esses regulamentos absurdos dos Campeonatos Brasileiros? Pois bem,
curioso leitor, eu acabarei com essa dúvida.
São eles Tico e Teco. Mais precisamente, Tico de Souza (diretor
de Regulamentos para Certames
Ludopédicos) e Teco da Silva (diretor-assistente-adjunto para Tabelas de Jogos). Ambos trabalham
na CBF, mas prestam consultoria
para diversas federações, entre
elas, é claro, a gloriosa Federação
Paulista.
Há dois meses, eles tiveram
uma conversa mais ou menos assim:
- O que vamos aprontar desta
vez, Tico?
- Que tal trazermos o Guarani
de volta para a primeira divisão,
Teco?
- Mas isso não é injusto e imoral, Tico?
- É claro que é, Teco.
- Então está bem.
- Mas ainda é pouco...
- É verdade, Tico, com desonestidade as pessoas já se acostumaram. Aposto que essa história
do Guarani nem vai sair muito
no jornal.
- Então vamos inventar uma
coisa bem esquisita, Teco...
- Tipo o quê, Tico?
- Quem sabe se um dos times
tivesse que parar no meio do campeonato?
- Seria maravilhoso, Tico!
Mas acho que isso é impossível.
- Não, não é não. Primeiro a
gente faz três grupos de sete, o que
já é ótimo porque desse jeito um
clube sempre vai ter que ficar de
fora da rodada.
- Os dirigentes não vão aceitar, Tico.
- Eles são tão burros que nem
vão perceber, Teco. Mas olha só:
depois dessa fase, só se classificam
oito clubes...
- Por que não nove, três de cada grupo, Tico?
- Porque aí não tem graça.
- Você é um gênio, Tico. Aí então os outros treze times vão lutar
contra o rebaixamento, não é?
- Não, Teco, aí é que fica mais
divertido. Só 12 disputam o rebaixamento. O time que chegar em
nono sai do campeonato.
- Sai? Assim no meio?
- É. Não fica nem nos classificados nem nos desclassificados.
Fica no limbo. É o Limbo F.C.
- Tico, não sei como você consegue imaginar essas coisas!
- Eu sou pago para isso, Teco.
Se a fase classificatória terminasse hoje, o Rio Branco seria o
terceiro entre os terceiros.
E, falando em Rio Branco, nesse
domingo, tivemos: Rio Branco 3 x
2 Ponte Preta. Tive que me segurar para não usar frases como
"Rio Branco submerge Ponte Preta", "Rio Branco passa por cima
de Ponte Preta", "Rio Branco provoca enchente de gols, e Ponte desaba na tabela" etc... Felizmente
resisti à tentação de fazer humor
fácil e não escrevi nada disso.
Foi inacreditável a bagunça encontrada por quem foi ao Pacaembu assistir a Juventus x Santos. Enfrentei filas enormes, bilheterias fechadas, falta de sinalização e, quando cheguei ao guichê,
o bilheteiro disse que os ingressos
de R$ 10 haviam acabado e que só
havia os de R$ 5, mas que eu poderia pagar R$ 10 que não haveria problema. Ora, se paguei
R$ 10 por um ingresso de R$ 5, alguém ficou com a diferença. E, é
claro, a renda não foi divulgada,
o que facilita o roubo.
C
Corisco era o ponta-direita
mais veloz de Cromínia. Tanto que se dizia que nem uma
bala poderia alcançá-lo. Com
isso ganhou muito dinheiro e
muitíssimas mulheres. Uma
delas, no entanto, era casada
com um homem de boa pontaria. E foi assim que se soube
que o finado Corisco não era
mais rápido que uma bala.
D
Dorim era um beque central
do Capão dos Ossos F.C. Era
do tipo que gosta de ouvir ossos quebrando. Mas, um dia,
Dorim enfrentou Apolônio, o
mais belo centroavante de todo o Espinhaço. Naquele jogo, Dorim perseguiu Apolônio por todo o campo, mas
não lhe deu um pontapé sequer. A conta disso foi que
Apolônio fez quatro gols. Na
segunda Dorim foi encontrado morto. Matou-se com arsênico. Estava quase nu. Apenas a bandeira do clube cobria seu corpo de mulher.
E-mail torero@uol.com.br
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