São Paulo, domingo, 04 de fevereiro de 2007

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Maiores no Pan, EUA temem Pequim

Norte-americanos vão mandar delegação de 650 a 700 atletas para competição no Rio, mas estrelas devem ficar de fora

Com menos dinheiro do que seus adversários, Comitê Olímpico dos EUA prevê que Jogos de 2008 serão os mais difíceis para alcançar o topo

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

No Pan do Rio-2007, os EUA terão sua maior equipe em competições esportivas e devem manter sua supremacia mesmo sem seus principais atletas. Na Olimpíada de Pequim-2008, um time menor enfrentará o desafio de se manter na primeira colocação dos Jogos, apesar de ter menos recursos do que os rivais.
A análise é do Comitê Olímpico dos EUA (Usoc). É um dos motivos que levam a entidade a usar o Pan como preparação para Pequim, com exceção de algumas modalidades que são classificatórias.
No total, haverá entre 650 e 700 atletas norte-americanos no Rio. Ou seja, o país vai rivalizar com a delegação brasileira, que deve contar com 697 membros, segundo informou o Comitê Olímpico Brasileiro.
Ainda não há uma definição dos atletas sobre a equipe dos EUA, mas já é certo que astros como o nadador Michael Phelps estarão de fora. Na natação, virá o time B, pois a prioridade é o Mundial na Austrália.
"Se tem um Campeonato Mundial, eles podem não querer participar. É a escolha dos atletas", explicou o diretor de performance esportiva do Usoc, Steve Roush. "Da equipe do Pan, vários conseguem ir para a equipe olímpica."
O cartola admitiu que os Jogos do Rio servirão como preparação em algumas modalidades. Mas lembrou que os americanos são "muito competitivos na maioria dos esportes".
No Pan de Santo Domingo (República Dominicana), em 2003, os EUA foram os mais vencedores com larga vantagem: 117 medalhas de ouro, contra 72 dos cubanos.
A mesma tranqüilidade não é vista na análise dos americanos em relação à Olimpíada na China. O aumento do número de rivais e o seu fortalecimento financeiro são as maiores preocupações dos EUA.
"Estamos sendo ultrapassados por cinco a sete países em investimento para programas olímpicos", contou Roush.
Hoje, o Usoc conta com US$ 125 milhões (R$ 263,7 milhões) por ano. O valor é inferior, por exemplo, aos US$ 294,8 milhões (R$ 620 milhões) por ano, em média, que os britânicos investirão nos próximos seis anos. Também está longe dos patamares chineses.
Aliás, os donos da casa são a maior preocupação americana em Pequim. Em Atenas-2004, os chineses já se aproximaram dos EUA. Somaram 32 medalhas de ouro, contra 35 norte-americanas. Ficaram a uma distância maior no número total de medalhas, 103 a 92.
Mas a diferença caiu em relação a Sydney-2000, quando os EUA tiveram vantagem de oito medalhas de ouro para o segundo colocado, a Rússia. Então, a China foi terceira, com 28.
Só que, agora, os chineses fazem triagem com 20 mil atletas, com forte investimento estatal. Pela mesma razão, o dinheiro governamental, os EUA temem Alemanha, Japão, Coréia do Sul, Rússia e Austrália. Todos, diz o Usoc, contam com mais dinheiro que seu país.
Sem dinheiro estatal, o comitê olímpico norte-americano até iniciou uma campanha de doações entre os cidadãos. "As doações públicas são importantes, mas são a menor parte de nossos fundos", informou a assessoria do Usoc.
A estimativa é que sejam arrecadados US$ 50 milhões (R$ 105 milhões) com a campanha, que tem metas por Estados. O grosso do dinheiro vem de patrocínio e direitos de TV.
Mas a principal estratégia é aplicar de forma "inteligente" o dinheiro, disse Roush. Primeiro, o comitê prioriza alguns esportes. Depois, exige de cada confederação plano detalhado, de quatro ou seis anos, para aplicar recursos. Antecipar-se é a regra, tanto que o Usoc já visitou Londres, sede dos Jogos-2012 -e já planeja 2016.


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