São Paulo, segunda-feira, 04 de fevereiro de 2008

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Seleção que não dribla fica sem Pato e Kaká

Lesões tiram atletas do Milan e Lúcio do amistoso de quarta contra Irlanda

Dunga convoca Naldo para a zaga, mas não tinha decidido se chamaria substitutos para o ataque do time, que, sob sua direção, destoa nas fintas

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A seleção brasileira perdeu ontem Kaká e Pato para o amistoso de quarta-feira com a Irlanda. E isso é um sério golpe para um time que pouco dribla.
Em campo, o Dunga que abomina as fintas ganha fácil do Dunga que desfruta a jogada adorada pelos torcedores brasileiros -e usada como exemplo de beleza na modalidade.
Sob o comando de Dunga, que desembarca hoje em Dublin com time desfalcado, o número de dribles da seleção despencou. Segundo o Datafolha, a equipe tem com o treinador média de 16,9 dribles por jogo.
O número é pífio se comparado ao que seus quatro antecessores assistiam do banco de reservas. Na média, as últimas quatro seleções nacionais antes de Dunga driblavam seus adversários 32,2 vezes por partida, o dobro da equipe atual.
E ontem à noite Kaká e Pato, que poderiam alegrar o time nacional com fintas, foram desconvocados. O primeiro levou pancada no joelho, e o atacante sofreu torção de tornozelo direito no jogo em que fez o gol do Milan na vitória da Fiorentina (1 a 0) pelo Italiano e acabou deixando o campo de maca.
Dunga, que também perdeu o zagueiro Lúcio por contusão (Naldo foi chamado para seu lugar), ainda não tinha decidido até o fechamento desta edição se chamaria atletas para o lugar dos dois jogadores do Milan.
A ausência de dribles na seleção de Dunga é bem notada até em comparação com a equipe de Carlos Alberto Parreira. O técnico do Brasil na Copa de 2006 foi quem mais se aproximou de Dunga em termos de time sem drible, mas o Brasil com ele registrou média de 26,2 tentativas a cada partida.
Com Luiz Felipe Scolari, que sempre apegou à eficiência na finalização, independentemente da beleza da jogada, a seleção ficava perto dos 30 dribles.
Há quase um ano e meio no cargo (e na profissão), Dunga sempre teve relação dúbia com o drible. Robinho, especialista no lance, foi prestigiado pelo chefe, que o incentivava a buscar a jogada. Na sua estréia, contra a Noruega, disse que o Brasil deveria abusar das fintas. Mas o treinador já disparou contra o drible várias vezes.
"Bom jogador é aquele que sabe roubar a bola ou que deixa os colegas em boas condições de marcar ou que faz gol. O resto é folclore", disse Dunga, em um seminário de técnicos.
Na época, o conceito foi interpretado como um recado para Ronaldinho. Quando ambos jogavam no RS, o atacante colecionou dribles geniais pelo Grêmio contra Dunga, no Inter.
Ao comentar o "drible da foca", praticado pelo cruzeirense Kerlon, Dunga foi dúbio. "Jamais vou me opor a jogadas técnicas e dribles. Só queria que ele fizesse [o drible da foca] quando estivesse perdendo, para não soar como provocação."
A questão dos dribles é a única que difere de forma radical, nas estatísticas do Datafolha, Dunga dos quatro treinadores da seleção anteriores a ele.
Seu time, por exemplo, troca 419 passes por jogo, contra 408 daquele que era dirigido por Vanderlei Luxemburgo. A equipe atual faz 17,3 faltas por partida, contra 16,7 dos tempos de Leão. Com Dunga, o Brasil finaliza 16,8 vezes, média idêntica à obtida quando Parreira era o treinador, entre 2003 e 2006.


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