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Seleção que não dribla fica sem Pato e Kaká
Lesões tiram atletas do Milan e Lúcio do amistoso de quarta contra Irlanda
Dunga convoca Naldo para a zaga, mas não tinha decidido se chamaria substitutos para o ataque do time, que, sob sua direção, destoa nas fintas
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A seleção brasileira perdeu
ontem Kaká e Pato para o amistoso de quarta-feira com a Irlanda. E isso é um sério golpe
para um time que pouco dribla.
Em campo, o Dunga que abomina as fintas ganha fácil do
Dunga que desfruta a jogada
adorada pelos torcedores brasileiros -e usada como exemplo
de beleza na modalidade.
Sob o comando de Dunga,
que desembarca hoje em Dublin com time desfalcado, o número de dribles da seleção despencou. Segundo o Datafolha, a
equipe tem com o treinador
média de 16,9 dribles por jogo.
O número é pífio se comparado ao que seus quatro antecessores assistiam do banco de reservas. Na média, as últimas
quatro seleções nacionais antes
de Dunga driblavam seus adversários 32,2 vezes por partida, o dobro da equipe atual.
E ontem à noite Kaká e Pato,
que poderiam alegrar o time
nacional com fintas, foram desconvocados. O primeiro levou
pancada no joelho, e o atacante
sofreu torção de tornozelo direito no jogo em que fez o gol do
Milan na vitória da Fiorentina
(1 a 0) pelo Italiano e acabou
deixando o campo de maca.
Dunga, que também perdeu
o zagueiro Lúcio por contusão
(Naldo foi chamado para seu
lugar), ainda não tinha decidido
até o fechamento desta edição
se chamaria atletas para o lugar
dos dois jogadores do Milan.
A ausência de dribles na seleção de Dunga é bem notada até
em comparação com a equipe
de Carlos Alberto Parreira. O
técnico do Brasil na Copa de
2006 foi quem mais se aproximou de Dunga em termos de time sem drible, mas o Brasil
com ele registrou média de 26,2
tentativas a cada partida.
Com Luiz Felipe Scolari, que
sempre apegou à eficiência na
finalização, independentemente da beleza da jogada, a seleção
ficava perto dos 30 dribles.
Há quase um ano e meio no
cargo (e na profissão), Dunga
sempre teve relação dúbia com
o drible. Robinho, especialista
no lance, foi prestigiado pelo
chefe, que o incentivava a buscar a jogada. Na sua estréia,
contra a Noruega, disse que o
Brasil deveria abusar das fintas.
Mas o treinador já disparou
contra o drible várias vezes.
"Bom jogador é aquele que
sabe roubar a bola ou que deixa
os colegas em boas condições
de marcar ou que faz gol. O resto é folclore", disse Dunga, em
um seminário de técnicos.
Na época, o conceito foi interpretado como um recado para Ronaldinho. Quando ambos
jogavam no RS, o atacante colecionou dribles geniais pelo
Grêmio contra Dunga, no Inter.
Ao comentar o "drible da foca", praticado pelo cruzeirense
Kerlon, Dunga foi dúbio. "Jamais vou me opor a jogadas técnicas e dribles. Só queria que
ele fizesse [o drible da foca]
quando estivesse perdendo, para não soar como provocação."
A questão dos dribles é a única que difere de forma radical,
nas estatísticas do Datafolha,
Dunga dos quatro treinadores
da seleção anteriores a ele.
Seu time, por exemplo, troca
419 passes por jogo, contra 408
daquele que era dirigido por
Vanderlei Luxemburgo. A equipe atual faz 17,3 faltas por partida, contra 16,7 dos tempos de
Leão. Com Dunga, o Brasil finaliza 16,8 vezes, média idêntica à
obtida quando Parreira era o
treinador, entre 2003 e 2006.
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