São Paulo, segunda-feira, 04 de março de 2002

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Adeus, 0x0

Évelson de Freitas/Folha Imagem
Jogador do América busca a bola após o segundo gol de França na goleada do São Paulo no Morumbi


Resultado vira raridade no futebol brasileiro; no Rio-São Paulo 2002, em 64 partidas, nenhuma acabou com um placar sem gols

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O resultado mais odiado do futebol virou uma raridade no Brasil nesta temporada.
Como em nenhum outro lugar em que se joga a modalidade em alto nível, o país tem uma incidência de jogos sem a abertura de contagem que está perto do zero.
No corrente Torneio Rio-São Paulo 2002 isso já é uma realidade. Depois da rodada do final de semana, já são 64 partidas disputadas, o que significa mais da metade do total de duelos que a competição terá, sem que o tedioso 0 a 0 fosse estampado no placar.
Nunca antes um campeonato nacional ou interestadual no Brasil teve um início com tantas partidas em que pelo menos um gol foi comemorado.
Mas não é só no torneio que envolve cariocas e paulistas que o 0 a 0 virou raridade.
Contando a Copa do Brasil e todos os torneios regionais, a temporada 2002 no país já teve 338 jogos. Destes, apenas 12 não tiveram gols, o que significa uma proporção de apenas 3,5%.
No atual Campeonato Nacional da França, país campeão mundial e europeu, 12% dos jogos terminam com os goleiros invictos.
Na principal competição do Brasil, a tendência de "sumiço" do 0 a 0 também acontece.
As duas últimas edições do Brasileiro tiveram menos de 6% de seus jogos sem gols, média bem abaixo do resto da história do torneio (veja quadro abaixo).
Na primeira edição, em 1971, por exemplo, 19,4% das partidas do Brasileiro não tiveram gols.
Esse número começou a cair de forma mais consistente principalmente depois que a vitória passou a ser bonificada com três pontos, o que aconteceu no meio dos 90.
Além de puxar a derrocada do 0 a 0, o Torneio Rio-São Paulo ostenta uma artilharia digna dos tempos em que as equipes eram escaladas com até cinco atacantes.
Depois de 64 jogos em que sempre a rede balançou, a média da competição já é de 4,02 gols por encontro disputado, crescimento de quase 30% em relação ao ano passado, quando o torneio tinha apenas oito inscritos (hoje são 16).
Desde 1958 o interestadual não tinha uma média tão elevada. A edição de 2002 é mais goleadora do que todas as disputadas na década de 60, auge de Pelé e do próprio futebol brasileiro.
Com exceção do lanterna América, todas as equipes do atual Rio-São Paulo marcaram, em média, mais de um gol por partida.
Com média de 1,25 gol por jogo, o Bangu, segundo pior ataque da competição, se igualaria ao desempenho ofensivo do São Paulo no Brasileiro-91, quando o time do Morumbi foi campeão.
"Quem não se expõe pode perder pontos em casa e complicar sua situação na competição", diz o treinador Wanderley Luxemburgo, do Palmeiras, justificando a alta média de gols do Rio-SP.
A facilidade para marcar gols está fazendo alguns atacantes relembrarem os "tempos de ouro" do futebol. Dodô, Romário, França e Washington têm média de pelo menos um gol marcado por jogo do interestadual.


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