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São Paulo, terça-feira, 04 de março de 2003

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BASQUETE

Star trek

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

Kobe Bryant acaba de completar um mês exuberante, 40,6 pontos por jogo. Segundo cestinha e o quarto maior ladrão de bolas da NBA, o clone de Michael Jordan não deixa de se estremar nos passes. Fica em 12º nas assistências, o primeiro não-armador no ranking. Se não soube conduzir o Los Angeles Lakers na largada (3 vitórias, 9 derrotas), nas últimas semanas acelerou o tricampeão à zona de classificação.
Tim Duncan também começou hesitante. Mas aos poucos se transformou no motor da segunda melhor campanha da temporada. O ala-pivô, cuja sobriedade compromete seus índices de popularidade, figura entre os dez melhores em rebotes (3º), tocos (2º) e pontos (7º). Comanda, ainda, o San Antonio em precisão nos chutes e minutos por jogo.
Outro com um duplo-duplo de média é Chris Webber, 23 pontos e 10,5 rebotes. O ala-pivô lidera o Sacramento também em passes perfeitos, o que é incrível em um time de tanta sofisticação técnica.
O ala Tracy McGrady saiu de vez da sombra do primo Vince Carter. Carrega nos ombros o fraco Orlando aos playoffs. É, ao mesmo tempo, um dos melhores marcadores e o principal artilheiro da liga, 31,2 pontos de média.
Jason Kidd novamente brilha nos passes (2º) e roubadas de bola (3º). E aperfeiçoou a pontaria e perdeu a timidez nos arremessos, únicas deficiências desse extraordinário armador do New Jersey.
Vale mencionar o alemão Dirk Nowitzki, destaque da equipe de melhor campanha da NBA. Eleito o melhor jogador do Mundial de Indianápolis-2002, o ala-pivô evoluiu na defesa, seu ponto fraco -e do Dallas. Registra recordes pessoais em desarmes e tocos.
Ou mesmo Shaquille O'Neal, que, mesmo acima do peso, acertou as coisas nos Lakers depois de voltar de contusão. O pivozão somou ao (ótimo) rendimento de sempre a melhor pontaria de sua vida nos lances livres (61,9%).
Mas, na reta final da fase de classificação, é um nome pouco badalado que faz jus ao troféu de melhor jogador de 2002/2003.
Aliando finesse e pujança, Kevin Garnett, 26 anos, 2,11 m e 99 kg, situa-se entre os "top 20" em todas as 28 categorias estatísticas "positivas" tabuladas pela NBA.
O ala-pivô exibe marcas pessoais em pontos (23,1), rebotes (13,1) e assistências (5,8).
Soma 50 duplo-duplos em 61 rodadas -Duncan, o vice, tem 41.
Domina absoluto nos "birdies" (critério matemático, já explicado aqui, que tenta espelhar a eficiência em quadra). Possui 31,5 pontos, 2,8 à frente de Bryant.
E cala quem o culpava pelos infortúnios do Minnesota. O time fechou novembro com apenas um revés em 13 jogos. Surge em quinto lugar na tabela (40v, 21d), melhor campanha de sua história.
(Lembre-se que o ala Wally Szczerbiak, único coadjuvante de brilho próprio, perdeu 30 rodadas em virtude de uma contusão.)
Quando se questiona o basquete norte-americano pelo individualismo exacerbado, tão evidente no Time dos Pesadelos em Indianápolis, um prêmio ao solidário e versátil Kevin Garnett transcenderia a justa homenagem. Seria um gesto em direção à luz.

O melhor 1
Ao longo de oito campeonatos, Kevin Garnett perdeu apenas 13 de 626 partidas oficiais. É o recordista histórico do Minnesota em pontos, rebotes, assistências, tocos e desarmes. Tanta consistência faz dele o mais legítimo sucessor do homem-de-ferro Karl Malone, 41. Não à toa, o ala-pivô do Utah Jazz tornou público o lobby para que o discípulo aceite se juntar à seleção que vai à Olimpíada de Atenas-2004.

O melhor 2
Como Malone, Garnett desistiu de tirar férias -engatou os treinos 15 dias depois da última partida de 2001/2002. Como Malone, Garnett trancou-se na sala de musculação. Mas, diferentemente de Malone, Garnett "trabalhou" também a mente. "Ganhei controle sobre minha energia", derrama-se o ala-pivô sobre a nova mania: a ioga.

E-mail: melk@uol.com.br

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