São Paulo, sexta-feira, 04 de março de 2005

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OPINIÃO

Ele é um marco para o futebol, um visionário

CARLOS ALBERTO PARREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um dos maiores massacres que vi foi Holanda 2 x 0 Uruguai em 1974. O Uruguai não passou do meio-campo. Ali, você via a diferença do futebol estático, conservador, do 4-3-3 sem movimentação e daquele time envolvente, com bola e jogadores circulando no campo todo.
Aquela seleção holandesa foi uma geração privilegiada que encontrou no Rinus Michels um técnico revolucionário, com idéias abertas. Depois, ninguém conseguiu, nem os holandeses, jogar daquela maneira. Atuavam no estilo holandês com dois pontas e um ponta de lança, um homem vindo de trás, o Rep entrando em diagonal, Rensenbrink pela esquerda, e, atrás, um líbero marcando, pegando homem a homem. Além da qualidade técnica, da versatilidade, da movimentação, do ponto futuro, da inversão de jogadas, marcavam implacavelmente. Era um time perfeito, a síntese de tudo que você busca no futebol: toque de bola, preparo físico excepcional, concepção tática avançada, foi um marco.
O Rinus era um visionário, evoluído para a época. E bem-humorado. Em reunião de técnicos, foi rindo ao piano e cantou com seu vozeirão. Vai deixar saudades.


Carlos Alberto Parreira, 62, é técnico da seleção brasileira


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