MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A torcida que vaia insistentemente o técnico Oswaldo de Oliveira ganha subsídio da diretoria do São Paulo para ir aos estádios.
Presidente do São Paulo há quase um ano, Marcelo Portugal Gouvêa não assumiu o clube com a intenção de continuar com a "ajuda" às organizadas. Mas, desde fevereiro, mesmo período em que se intensificou a pressão sobre o treinador, o São Paulo repassa 500 ingressos com 50% de desconto aos torcedores.
E não há intenção dos dirigentes de cessar os benefícios, ainda que os jogadores e o técnico, irritados, tenham repudiado a postura dos torcedores, que ostensivamente vaiam Oliveira.
"Damos 500 ingressos com desconto de 50%. Claro que não vamos cortar. Não tem o menor cabimento. Precisamos da torcida do nosso lado e não de mais confusão", disse o diretor de futebol, Carlos Augusto Barros e Silva.
Maior beneficiada, a torcida Tricolor Independente não pretende mudar a sua atitude por causa do apelo dos atletas.
Carlos de Jesus Santos, 28, diretor-geral da torcida, afirmou que os são-paulinos vão continuar vaiando Oliveira até que ele se decida pela demissão.
"Ele é um pipoca, não pode ser nosso técnico. Nada vai calar nosso protesto, que vai durar até ele sair. Querendo ou não, não ganhamos nada com ele. Ele só ganhou com os gambás [Corinthians] porque pegou o time do Wanderley Luxemburgo. Golear o Gama no Morumbi é obrigação. Não estamos contra os jogadores, estamos contra ele", disse.
O apoio que recebem dos torcedores não evitou uma reunião entre os jogadores para discutir a relação deles com a organizada.
Segundo Oswaldo de Oliveira, a rotina dos jogadores de correr em direção às arquibancadas com os punhos cruzados (símbolo da Independente) deve acabar. "Eles conversaram e a postura vai mudar", disse o treinador ontem.
Apesar da carência de títulos, as estatísticas de Oliveira à frente do São Paulo são positivas.
Assim que assumiu em maio do ano passado, Oliveira conquistou só o Superpaulista. Passada a Copa do Mundo, o técnico, que ganhou os reforços de Luis Fabiano e Ricardinho, levou o São Paulo à primeira colocação na fase de classificação do Brasileiro, mas caiu nas quartas-de-final.
Oliveira foi mantido no cargo, mas, desde então, entra em campo pressionado. A derrota no Paulista só aumentou o índice de rejeição do treinador. "Ter sido para o Corinthians é um detalhe importante", disse o técnico.


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