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BOXE
Ralph, o espectador especial
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O velho Ralph Zumbano assistiu o neto o superpesado
Raphael Zumbano, 22, tornar-se
o 28º pugilista da dinastia Jofre-Zumbano ao estrear na terça, revivendo tradição que por quatro
décadas fez com que o clã fosse sinônimo de pugilismo no Brasil.
Ralph, ex-campeão brasileiro
dos leves e tio do bicampeão Eder
Jofre, no entanto, era mais lembrado no passado recente por ter
revelado o peso-pesado Adilson
"Maguila" Rodrigues. Ele morreu
há dois anos, aos 76 anos.
É que, na cabeça de Raphael, o
avô acompanha todos os seus
combates -antes de estrear, disputou algumas lutas-treino.
Assim como aconteceu antes
daquelas lutas, o pugilista acomodou cuidadosamente em sua
bolsa na última terça-feira uma
foto do avô, na qual este assistia
TV, só que tirado do ângulo do
aparelho de TV. Para Raphael, isso dá a impressão de que Ralph
assiste seus combates. "Foi nele
[Ralph] em que primeiro pensei
[após vencer]. Tenho certeza de
que ele estava assistindo."
Logo após bater Fernando Gustavo por abandono no segundo
assalto, no tradicionalíssimo torneio Forja de Campeões, Rapahel
criticou sua performance, reclamou que poderia ter lutado melhor. Segundo ele, o nervosismo o teria prejudicado. "Da próxima
vez, vou estar melhor", afirmou.
É mesmo curioso ele ter feito tal
observação. Em minha opinião,
sua principal qualidade durante
a luta foi justamente a calma, a
impressão de que sabia exatamente o que fazia no ringue.
Foi uma performance calma,
admirável -para um estreante...
(não vamos nos precipitar e já dizer que é um novo Eder Jofre).
Outro detalhe interessante foi o
fato de Raphael não dar descanso
ao adversário ao ver que este estava mal. Seu primo famoso, Eder,
que curiosamente não assistiu
sua estréia, havia dito em dezembro, em matéria publicada por esta Folha, que Raphael parecia condescendente com os rivais durante as lutas-treino. Não foi o que me pareceu na terça-feira.
"Ouvi o conselho de Eder. Era a
mesma coisa que meu avô dizia,
que você é que tem de mandar no
ringue", explicou Raphael, que,
no entanto, iniciou o combate
abusando dos contra-ataques.
Quanto ao desejo de Raphael de
liderar o renascimento de uma
nova dinastia de boxeadores na
família Zumbano-Jofre, este enfrenta alguns obstáculos.
Seu primo, Felipe Zumbano, fez
alguns treinamentos, mas "só de
leve". Não tem condições, por
causa do trabalho, no momento,
de se dedicar ao pugilismo.
Quanto a seu próximo combate,
contra Ricardo Sousa, pelas quartas-de-final da Forja (no ginásio
do Baby Barione, na rua Germaine Burchard, 451, em São Paulo,
na terça-feira, com entrada franca), Raphael está muito otimista.
"O primeiro adversário era
mais alto do que eu e atirava os
golpes de qualquer maneira. Estou mais acostumado com golpes
retos. O próximo oponente é mais
baixo do que eu, então será mais
fácil para eu impor o meu jogo."
E, caso vença essa sua próxima
luta, estará, como de hábito, dedicando a vitória a seu mais especial torcedor: o avô Ralph.
Brasil 1
O armênio que busca naturalização brasileira José Archak, apelidado
nos EUA de "Shark Attack", enfrenta hoje à noite o norte-americano
Patrick Thompson, de Denver, que tem 2 vitórias, 1 por nocaute, segundo informa a empresa de promoção de lutas Main Events.
Brasil 2
Uma figura folclórica prestigiava uma das últimas edições da Forja.
Tratava-se do meio-médio-ligeiro Ariosvaldo Urbano, conhecido
desde o saudoso CMTC Clube, nas décadas de 80 e 90, como "Camacho", por tentar imitar o visual do porto-riquenho Hector Camacho.
Meu colega Rodrigo Bertolotto, porém, o chama de "O Homem da
Cabeça de Plástico", por causa da época em que usou o cabelo loiro
platinado e lambido. Inativo, Urbano jura que volta a lutar em breve.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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