São Paulo, quarta-feira, 04 de abril de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TOSTÃO

Melhorou o futebol do Rio

Os grandes do Rio evoluíram desde a formação dos elencos até a preparação física, com a exceção do Fluminense

O CLÁSSICO entre Botafogo e Vasco foi mais vibrante e de melhor qualidade técnica que o entre São Paulo e Palmeiras. Não há dúvidas de que evoluiu o futebol carioca, desde o Brasileiro do ano passado. Com exceção do Fluminense, os grandes times do Rio melhoraram na formação dos elencos, na parte tática, na maneira mais rápida de jogar, na marcação e na preparação física.
O Fluminense continua mal, por causa das constantes trocas de treinadores e de jogadores. A derrota para o Americano serviu para muitos perceberem que o problema não é só Carlos Alberto. Pior ainda sem ele. Carlos Alberto só não pode ser o líder, o craque do time. Ele nunca foi líder nem craque. Ele é apenas um bom jogador, bastante habilidoso, mas não tem grande talento. O talento é muito mais que habilidade. O talento depende também da técnica, da criatividade, das qualidades físicas e emocionais e de muitas outras coisas que não podemos avaliar nem medir. O Vasco está no mesmo nível do Brasileiro do ano passado, quando perdeu a vaga para a Taça Libertadores na última rodada. O Flamengo melhorou e tem um bom e organizado time.
Nada especial.
As derrotas na Taça Rio não significam queda de qualidade, já que a equipe está na final e poupou jogadores e energia para a Libertadores. Se o torcedor do Flamengo percebesse que Souza é melhor que Obina, passaria a apoiá-lo, e ele faria ainda mais gols. Mas, como toda paixão é cega, será difícil para a torcida enxergar a realidade.
Não sei se o Botafogo será campeão estadual nem se a maneira inovadora de jogar da equipe é a melhor para a maioria das partidas, mas dá gosto ver o time marcando mais de perto, tomando a bola com facilidade, trocando passes e chegando com velocidade e com muitos jogadores ao ataque. Falta fazer isso com mais freqüência.
O Botafogo tem jogado com três zagueiros, três no meio-campo e um meia ofensivo (Lúcio Flávio) próximo dos três da frente. Os dois atacantes pelos lados, Zé Roberto pela direita e Jorge Henrique pela esquerda, movimentam-se bastante, entram pelo meio e ainda marcam os laterais adversários. Os volantes Túlio e Joílson desarmam e chegam ao ataque para finalizar. Por outro lado, não há um lateral ou ala fixo.
O time deixa muitos espaços pelos lados para o adversário, pois, com freqüência, não dá tempo para um zagueiro ou um armador chegar à lateral. O Barcelona jogou assim contra o Liverpool e se deu mal. Em vez de três zagueiros, seria melhor, mais fácil e mais simples jogar com dois, além de dois volantes e dois laterais se alternando no apoio.
Enquanto um avança, o outro se posiciona como um terceiro zagueiro. No Goiás, o técnico Cuca também teve sucesso com a escalação de três atacantes. Jogavam Dimba pelo centro, Grafite pela direita e Araújo, que brilha atualmente no Cruzeiro, pela esquerda.
Muitas equipes na Europa têm jogado dessa forma, mas todas atuam com dois zagueiros e dois laterais, e não com três zagueiros. Individualmente, o Botafogo é um time comum. Quando surgiu no futebol, Dodô tinha tudo para se tornar um craque-artilheiro e da seleção. Chegou perto.
Faltou mais compreensão da mídia e dos torcedores para com o seu sorriso e a sua descontraída maneira de jogar. Dodô não teve também regularidade, apesar de alguém já ter dito que regularidade é virtude dos medíocres.

tostao.folha@uol.com.br


Texto Anterior: Superliga 2: Rio tenta empate na decisão feminina
Próximo Texto: "Amador", Pan não numera ingresso
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.