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Fábricas se unem contra Mosley
BMW, Mercedes, Toyota e Honda censuram presidente da FIA e cobram providências da entidade
Dirigente inglês convoca reunião extraordinária, sem data definida, para tratar do caso, que pode lhe custar o cargo que ocupa há 15 anos
TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A SAKHIR
A F-1 se reuniu no Bahrein
para a disputa de sua terceira
etapa num clima bem diferente
do ambiente festivo dos dois
primeiros GPs. Na esteira do
escândalo sexual envolvendo
Max Mosley, presidente da
FIA, a categoria vive uma embaraçosa crise institucional.
De um lado, o dirigente. Do
outro, praticamente todo o resto da categoria, o que torna sua
permanência à frente da entidade que comanda o automobilismo cada vez mais difícil.
Numa medida que muitos
consideraram desesperada, o
dirigente inglês, no cargo há 15
anos, convocou uma reunião
extraordinária da Assembléia
Geral da FIA para tratar do escândalo. O encontro acontecerá em Paris, num prazo máximo de 45 dias a partir de ontem.
Há três saídas possíveis.
Aprovação de uma resolução
de apoio, renúncia ou impeachment baseado em pedido de
uma das 200 entidades filiadas.
Integrante da Assembléia ouvido pela Folha disse acreditar
nas duas últimas alternativas,
principalmente depois do que
houve ontem no Bahrein.
Até então calados sobre o
episódio, os times da F-1 começaram a emitir suas opiniões. E
complicaram ainda mais a situação do dirigente, que na terça, em nota, pediu desculpas
pelo "constrangimento".
Em comunicado conjunto, as
alemãs BMW e Mercedes-Benz
foram as primeiras a se manifestar. E não mediram palavras. "O conteúdo das publicações é vergonhoso", disseram.
"O caso diz respeito a Max
Mosley como pessoa e presidente da FIA. (...) Suas conseqüências vão muito além da indústria automotiva. Esperamos uma resposta da FIA."
Toyota e Honda também
condenaram o inglês e pediram
à entidade que tome uma atitude. O comunicado das alemãs,
porém, enfureceu Mosley, que
disse que não foi consultado
pelas fábricas sobre a veracidade das alusões ao nazismo.
O caso estourou no domingo,
quando o tablóide inglês "News
of the World" publicou longa
reportagem com cenas do dirigente numa orgia sadomasoquista com cinco prostitutas.
Nas imagens, o dirigente se
veste como oficial nazista e faz
sexo com mulheres trajando
uniformes semelhantes aos de
prisioneiros de campos de concentração da Segunda Guerra.
Instados a comentar o caso
no Bahrein, que hoje já abriga
os primeiros treinos livres para
o GP, os pilotos preferiram
manter a distância.
"Só posso dizer "no comments" [sem comentários, em
inglês] sobre isso", afirmou
Nelsinho Piquet.
Fernando Alonso, às gargalhadas ao ser questionado se
havia visto o vídeo, afirmou
que não iria dizer nada.
Nico Rosberg foi menos lacônico. "Acho que, de uma maneira geral, temos que tentar
dar um bom exemplo às pessoas", declarou o piloto alemão
da Williams.
"Sempre buscamos por alguém mais experiente que nos
indique o caminho a seguir",
afirmou Lewis Hamilton.
Para Kimi Raikkonen, que
também já viu sua vida particular exposta muitas vezes, ninguém deve se meter no caso.
"Ele pode fazer o que quiser fora daqui que não me importo."
Já Rubens Barrichello foi
mais incisivo. "A Honda me pediu para manter o discurso deles, mas acho um absurdo", disse o brasileiro. "Ele é um líder e
o que fez foi ridículo. Acho que
isso pode custar seu emprego."
Mosley cancelou sua viagem
ao Bahrein. Além de tentar
manter-se fora do foco da imprensa, teria recebido um pedido do xeque Salman Bin Hamad Al-Khalifa para não comparecer ao GP, de acordo com o
jornal inglês "Times".
TV - 2º treino livre do GP do Bahrein
Sportv, ao vivo, às 8h
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