São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2008

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Fábricas se unem contra Mosley

BMW, Mercedes, Toyota e Honda censuram presidente da FIA e cobram providências da entidade

Dirigente inglês convoca reunião extraordinária, sem data definida, para tratar do caso, que pode lhe custar o cargo que ocupa há 15 anos

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A SAKHIR

A F-1 se reuniu no Bahrein para a disputa de sua terceira etapa num clima bem diferente do ambiente festivo dos dois primeiros GPs. Na esteira do escândalo sexual envolvendo Max Mosley, presidente da FIA, a categoria vive uma embaraçosa crise institucional.
De um lado, o dirigente. Do outro, praticamente todo o resto da categoria, o que torna sua permanência à frente da entidade que comanda o automobilismo cada vez mais difícil.
Numa medida que muitos consideraram desesperada, o dirigente inglês, no cargo há 15 anos, convocou uma reunião extraordinária da Assembléia Geral da FIA para tratar do escândalo. O encontro acontecerá em Paris, num prazo máximo de 45 dias a partir de ontem.
Há três saídas possíveis.
Aprovação de uma resolução de apoio, renúncia ou impeachment baseado em pedido de uma das 200 entidades filiadas. Integrante da Assembléia ouvido pela Folha disse acreditar nas duas últimas alternativas, principalmente depois do que houve ontem no Bahrein.
Até então calados sobre o episódio, os times da F-1 começaram a emitir suas opiniões. E complicaram ainda mais a situação do dirigente, que na terça, em nota, pediu desculpas pelo "constrangimento".
Em comunicado conjunto, as alemãs BMW e Mercedes-Benz foram as primeiras a se manifestar. E não mediram palavras. "O conteúdo das publicações é vergonhoso", disseram. "O caso diz respeito a Max Mosley como pessoa e presidente da FIA. (...) Suas conseqüências vão muito além da indústria automotiva. Esperamos uma resposta da FIA."
Toyota e Honda também condenaram o inglês e pediram à entidade que tome uma atitude. O comunicado das alemãs, porém, enfureceu Mosley, que disse que não foi consultado pelas fábricas sobre a veracidade das alusões ao nazismo.
O caso estourou no domingo, quando o tablóide inglês "News of the World" publicou longa reportagem com cenas do dirigente numa orgia sadomasoquista com cinco prostitutas.
Nas imagens, o dirigente se veste como oficial nazista e faz sexo com mulheres trajando uniformes semelhantes aos de prisioneiros de campos de concentração da Segunda Guerra.
Instados a comentar o caso no Bahrein, que hoje já abriga os primeiros treinos livres para o GP, os pilotos preferiram manter a distância.
"Só posso dizer "no comments" [sem comentários, em inglês] sobre isso", afirmou Nelsinho Piquet.
Fernando Alonso, às gargalhadas ao ser questionado se havia visto o vídeo, afirmou que não iria dizer nada.
Nico Rosberg foi menos lacônico. "Acho que, de uma maneira geral, temos que tentar dar um bom exemplo às pessoas", declarou o piloto alemão da Williams.
"Sempre buscamos por alguém mais experiente que nos indique o caminho a seguir", afirmou Lewis Hamilton.
Para Kimi Raikkonen, que também já viu sua vida particular exposta muitas vezes, ninguém deve se meter no caso. "Ele pode fazer o que quiser fora daqui que não me importo."
Já Rubens Barrichello foi mais incisivo. "A Honda me pediu para manter o discurso deles, mas acho um absurdo", disse o brasileiro. "Ele é um líder e o que fez foi ridículo. Acho que isso pode custar seu emprego."
Mosley cancelou sua viagem ao Bahrein. Além de tentar manter-se fora do foco da imprensa, teria recebido um pedido do xeque Salman Bin Hamad Al-Khalifa para não comparecer ao GP, de acordo com o jornal inglês "Times". TV - 2º treino livre do GP do Bahrein Sportv, ao vivo, às 8h


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