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São Paulo, domingo, 04 de maio de 2003

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FUTEBOL

O de sempre

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O campeão na Itália: Juventus. E na Espanha? Real Madrid. Na Inglaterra, o Manchester está com a mão na taça. O Bayern já deu a volta olímpica na Alemanha. Porto e PSV vibram antecipadamente em Portugal e na Holanda, respectivamente.
Exceção feita ao Campeonato Francês, que tradicionalmente define seu campeão bem no final, os torneios na Europa apresentam resultados previsíveis.
As competições são legais do mesmo jeito, e há quase sempre surpresas nas disputas pelas vagas nas copas européias e contra o rebaixamento, mas não dá para mascarar o fato de que tudo é meio "o de sempre", com raras exceções nas últimas temporadas.
Na Copa dos Campeões, que não tem pontos corridos, os semifinalistas também são dos mais óbvios. Três gigantes italianos (Inter, Juventus e Milan) desafiam o único time superpoderoso de fato do planeta (Real Madrid).
Ao mesmo tempo que fica um sentimento de justiça porque os melhores chegaram ao topo, paira, especialmente na cabeça dos críticos do futebol internacional, a idéia de mesmice, tédio etc.
A F-1 cansou de ver Michael Schumacher atropelar facilmente os seus adversários e mudou suas regras para equilibrar a disputa. A NBA, que assiste a um reinado meio chato dos Lakers depois da era Jordan nos Bulls, tem no draft um sistema para equiparar um pouco os times. E o futebol?
Os clubes mais poderosos estão cada vez mais passando por cima das federações. Como a coluna apontou no domingo passado, o G-14 na Europa, depois de colocar a Uefa contra a parede, está no pescoço da Fifa, brecando o Mundial de Clubes, atacando a Copa dos Confederações, esfriando amistosos de seleções e, agora, cobrando dinheiro até pelas Copas.
Não há federação na Europa hoje em condições de desafiar os times grandes, de regular os torneios de forma a equilibrá-los (no Brasil, o Clube dos 13 estranhamente abaixou a cabeça para a CBF). Os limites para estrangeiros foram afrouxados ao longo dos anos, e aquisições de passaportes comunitários se multiplicaram.
Também não existem ligas ou regulamentos que mandem os melhores jogadores para os clubes mais frágeis. Ao contrário, a lei do mercado coloca as mais destacadas revelações na elite da bola.
A Fifa tem tentado de várias formas, desde a gestão João Havelange, diminuir a diferença entre as seleções, investindo no futebol africano e asiático, por exemplo. Tem conseguido, mas praticamente nada pode fazer no que se refere aos times -o Mundial de Clubes é ainda uma tentativa.
O empresário Silvio Berlusconi, homem-forte do Milan, preconizou já nos anos 80 que o controle do futebol seria dos clubes, que são os empregadores dos atletas, os donos da maior parte do calendário, os que mais tratam com os patrocinadores e a televisão.
Se você curte a atual temporada da F-1, com Raikkonen na ponta, ou aposta que o lanterna Denver se agigante na próxima edição da NBA, saiba que no futebol, talvez o esporte em que a "zebra" seja mais possível em um jogo, vai dar o "de sempre" por muito tempo.

Copa dos Campeões

O embalado Real Madrid (nove títulos) é total favorito contra a desfalcada Juventus (duas taças). O reforçado Milan (cinco troféus) leva ligeira vantagem contra a malograda Inter (duas conquistas).

Copa da Uefa

O Porto (campeão europeu de 1987) tem tudo para bater o Celtic (campeão do continente em 1967) na final em Sevilha (Espanha).

Libertadores

Já escrevi que apenas 5 dos 16 que sobraram não têm uma final do nobre torneio no currículo. O único desses cinco que conseguiu vencer um dos outros 11 tradicionais nos jogos de ida das oitavas-de-final foi o heróico Paysandu, a sensação do planeta na temporada.

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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