São Paulo, domingo, 04 de maio de 2008

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memória

Jogos foram precedidos por massacre

DA REPORTAGEM LOCAL

2 de outubro de 1968. As atenções estavam voltadas para a Cidade do México, que em dez dias receberia os Jogos Olímpicos.
Para milhares de estudantes reprimidos pelo governo, era a oportunidade perfeita de atrair holofotes para suas causas.
As cenas vistas ao entardecer daquele dia ainda guardam interrogações. E, 40 anos depois, o mais sangrento episódio envolvendo as Olimpíadas ainda passa ao largo quando se conta a história do evento.
O "Massacre de Tlatelolco" ocorreu em meio a um período de instabilidade política no México, eco das manifestações pelo mundo em 1968.
Para tentar frear os estudantes, o presidente à época, Gustavo Díaz Ordaz Bolaños, determinou o fechamento da Universidade Nacional Autónoma do México. E usou a força.
A tática, porém, não surtiu efeito esperado. E os protestos se espalharam. Inclusive com críticas aos altos gastos para a organização da Olimpíada.
Em 2 de outubro, mais de 10 mil pessoas fizeram passeata na Cidade do México com cravos vermelhos nas mãos. Cerca de 5.000 pararam na praça das Três Culturas, em Tlatelolco. O protesto pacífico envolvia também crianças e moradores da região, de passagem ou curiosos.
Policiais e forças do Exército cercaram o local. Alguns agentes já haviam tomado apartamentos que ladeavam a praça. Outros estavam à paisana.
O massacre começou ao anoitecer. Carros blindados cercaram a praça e começaram a atirar. Tiros também saíam das janelas e das armas dos policiais disfarçados. Os corpos caíam: transeuntes, crianças, estudantes. Até hoje não há consenso sobre os mortos, que seriam entre 200 e 300. O governo, à época, reconheceu quatro.
Testemunhas afirmam terem visto tiros à queima-roupa em pessoas rendidas e caminhões e outras viaturas recolhendo corpos. Fotos -muitas demoraram anos para vir a público- mostram corpos amontoados em carros, salas e nas ruas, muitos só com parte das roupas e tiros na cabeça.
Em 1997, o Congresso criou comissão para investigar o massacre. Mas ainda há dúvidas sobre números de desaparecidos, presos e mortos. (ML)


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