São Paulo, domingo, 4 de maio de 1997.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL
O técnico Valdyr Espinosa repassa para os jogadores ensinamentos da filosofia chinesa de auto-conhecimento
Taoísmo inspira o renascimento do Flu

da Sucursal do Rio

O Botafogo está invicto no Campeonato do Rio há 18 jogos, tem o melhor aproveitamento (89% dos pontos conquistados), mas o que marca o clássico de hoje é o renascimento do Fluminense.
As duas equipes se enfrentam a partir das 17h, no Maracanã, decidindo o segundo turno da competição. Com um ponto a mais, o Botafogo tem a vantagem do empate.
Mesmo assim, se há euforia, é no adversário. O Fluminense tem boas razões: no ano passado, foi rebaixado para a segunda divisão do Brasileiro e virou motivo de chacota para torcedores rivais.
No primeiro turno do Campeonato do Rio de 97, o time foi tão mal que esteve ameaçado de não ficar entre os oito primeiros colocados e passar ao segundo turno.
Conseguiu sobreviver, mas a diretoria demitiu Júlio César Leal, técnico da escola ``teórica'', e o trocou pelo ``prático'' Valdyr Espinosa, indicado pelo atacante tricolor Renato Gaúcho, seu amigo.
Com Espinosa, a equipe reagiu e chegou a impor 3 a 2 no Flamengo, apesar da excelente fase de Romário. Para o treinador gaúcho, tão importante quanto ajustes táticos foi uma virada psicológica.
``A primeira providência foi fazer com que os jogadores se valorizassem, reconhecendo as capacidades que têm'', disse ele, em entrevista à Folha.
``Havia abatimento no time, descrédito e perda de confiança. Agora, eles cresceram individualmente e coletivamente.''
Nas últimas semanas, nos momentos de folga de seu primeiro mês à frente da equipe, Espinosa tem tido um livro como companheiro mais fiel. Ele avança lentamente, meditando sobre os ensinamentos de ``Tao do Esporte''.
O técnico não sabe o nome do autor -apenas que se baseia em teses do taoísmo para serem aplicadas em vários esportes.
Taoísmo é um conjunto de idéias desenvolvido por filósofos na China, entre os séculos 6 e 4 antes de Cristo. ``Tao'' significa ``caminho'', e se chegaria a ele com meditação e exercícios físicos.
``O livro nos ensina motivação e ajuda no conhecimento pessoal. Mostra como devemos nos valorizar, que é o que tenho falado aos jogadores do Fluminense.''
O treinador acha que o empenho de Renato Gaúcho, apesar de uma lesão na perna direita, é outro exemplo de motivação. Com sorte, o atacante ficará no banco para entrar no fim da partida.
Na maneira de se relacionar com os jogadores, Espinosa é parecido com seu oponente de hoje, o técnico do Botafogo Joel Santana. Sobre ambos, os atletas costumam dizer que ``sabem falar de igual para igual com a equipe''.
``Somos mesmo parecidos, apesar de termos visão um pouco diferente sobre futebol'', afirma Espinosa. (MÁRIO MAGALHÃES)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright 1997 Empresa Folha da Manhã