|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
O técnico Valdyr Espinosa repassa para os jogadores ensinamentos da filosofia chinesa de auto-conhecimento
Taoísmo inspira o renascimento do Flu
da Sucursal do Rio
O Botafogo está invicto no Campeonato do Rio há 18 jogos, tem o
melhor aproveitamento (89% dos
pontos conquistados), mas o que
marca o clássico de hoje é o renascimento do Fluminense.
As duas equipes se enfrentam a
partir das 17h, no Maracanã, decidindo o segundo turno da competição. Com um ponto a mais, o Botafogo tem a vantagem do empate.
Mesmo assim, se há euforia, é no
adversário. O Fluminense tem
boas razões: no ano passado, foi
rebaixado para a segunda divisão
do Brasileiro e virou motivo de
chacota para torcedores rivais.
No primeiro turno do Campeonato do Rio de 97, o time foi tão
mal que esteve ameaçado de não
ficar entre os oito primeiros colocados e passar ao segundo turno.
Conseguiu sobreviver, mas a diretoria demitiu Júlio César Leal,
técnico da escola ``teórica'', e o
trocou pelo ``prático'' Valdyr Espinosa, indicado pelo atacante tricolor Renato Gaúcho, seu amigo.
Com Espinosa, a equipe reagiu e
chegou a impor 3 a 2 no Flamengo,
apesar da excelente fase de Romário. Para o treinador gaúcho, tão
importante quanto ajustes táticos
foi uma virada psicológica.
``A primeira providência foi fazer com que os jogadores se valorizassem, reconhecendo as capacidades que têm'', disse ele, em entrevista à Folha.
``Havia abatimento no time,
descrédito e perda de confiança.
Agora, eles cresceram individualmente e coletivamente.''
Nas últimas semanas, nos momentos de folga de seu primeiro
mês à frente da equipe, Espinosa
tem tido um livro como companheiro mais fiel. Ele avança lentamente, meditando sobre os ensinamentos de ``Tao do Esporte''.
O técnico não sabe o nome do
autor -apenas que se baseia em
teses do taoísmo para serem aplicadas em vários esportes.
Taoísmo é um conjunto de idéias
desenvolvido por filósofos na China, entre os séculos 6 e 4 antes de
Cristo. ``Tao'' significa ``caminho'', e se chegaria a ele com meditação e exercícios físicos.
``O livro nos ensina motivação e
ajuda no conhecimento pessoal.
Mostra como devemos nos valorizar, que é o que tenho falado aos
jogadores do Fluminense.''
O treinador acha que o empenho
de Renato Gaúcho, apesar de uma
lesão na perna direita, é outro
exemplo de motivação. Com sorte,
o atacante ficará no banco para entrar no fim da partida.
Na maneira de se relacionar com
os jogadores, Espinosa é parecido
com seu oponente de hoje, o técnico do Botafogo Joel Santana. Sobre
ambos, os atletas costumam dizer
que ``sabem falar de igual para
igual com a equipe''.
``Somos mesmo parecidos, apesar de termos visão um pouco diferente sobre futebol'', afirma Espinosa.
(MÁRIO MAGALHÃES)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|