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FUTEBOL
Ministro dos Esportes, ex-jogador peruano acha que "nacionalismo exacerbado" favorece seleção da casa hoje
Cubillas aposta em fator extracampo para vencer o Brasil
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DO PAINEL FC
Melhor jogador da história do
futebol peruano e hoje com status
de ministro dos Esportes do governo Fujimori, Teófilo Cubillas,
51, acha que a seleção brasileira terá sérias dificuldades para sair de
Lima com uma vitória.
E não só porque a equipe da casa evoluiu -""é a melhor seleção
que temos desde 1982"-, mas especialmente pela pressão extracampo, fruto, em grande parte, do
momento político que vive o país.
Há exatamente uma semana Alberto Fujimori foi eleito para
cumprir seu terceiro mandato como presidente, numa eleição
muito questionada pela comunidade internacional e que teve a
ausência de Alejandro Toledo, o
candidato da oposição.
Em entrevista à Folha, por telefone, Cubillas afirmou que ""o nacionalismo peruano está exacerbado" e que, ""em momentos assim, a tendência é de (a população) extravasar, ainda mais sendo
um jogo contra o Brasil, dono do
melhor futebol do mundo".
Ele lembrou que, na estréia do
time peruano nas eliminatórias
-2 a 0 contra o Paraguai, em Lima-, os adversários sentiram a
pressão. ""A torcida não pára de
gritar e intimida até os jogadores
mais experientes."
Segundo o ex-jogador, que ocupa há quase nove meses a presidência do Instituto Peruano de
Esportes, no Peru só se fala de
duas coisas: da nova reeleição de
Fujimori e da partida de hoje à
tarde contra o Brasil.
""As críticas (ao processo eleitoral, feitas pela comunidade internacional) serviram para unir o
povo peruano. O ufanismo vai ser
sentido domingo (hoje)."
Sobre o governo Fujimori, Cubillas não poupa elogios. E cita até
a seleção peruana como prova de
seus feitos. ""É um sinal do que estamos fazendo pelo esporte do
país. O Peru tinha saído do cenário esportivo. Pouco a pouco, estamos retornando."
No futebol, diz que estão no ""caminho certo". ""Ficamos fora das
últimas quatro Copas, mas temos
todas as condições de disputar a
de 2002. Nosso time hoje é mais
experiente e vai ser melhor ainda
daqui a alguns anos. Estamos
construindo campos na periferia,
massificando o esporte, e isto tudo, mais cedo ou mais tarde, vai
acabar rendendo frutos."
Além do futebol, Cubillas acha
que o Peru pode obter bons resultados no boxe e no vôlei feminino.
""Nos anos 80, tínhamos grandes
jogadoras de vôlei. Depois, a falta
de investimentos afetou (essas
modalidades), e só agora sinto
uma reação."
Em relação à equipe de Wanderley Luxemburgo, a opinião do
peruano é que ""será um oponente difícil". ""Estou acompanhando
pelos jornais e sei que vocês (brasileiros) estão com problemas. A
pressão sempre é muito grande, e
o time não pode perder."
Um empate, para Cubillas, seria
um bom resultado para os dois times. ""Em casa, temos de vencer
todos, menos Brasil e Argentina."
Participante da seleção peruana
que perdeu por 6 a 0 para a Argentina na Copa-78, resultado
que tirou o Brasil da final -podia
perder por até três gols-, ele sabe que o assunto não está esquecido, ""nem nunca será". ""Sempre
que jogarmos contra o Brasil,
aquela partida será discutida. Foi
assim em 1993, quando eu era comentarista de TV (durante a Copa América). Era só um brasileiro
me encontrar para perguntar se
vendemos o jogo (para os argentinos). Sei que agora a situação
não será diferente."
E, de fato, não é. Venderam?
""Posso falar por mim, mas acho
que também posso falar pelos outros. Não entregamos o jogo. No
futebol, todos têm de estar preparados para vencer e para perder.
Como o Brasil sempre entra para
vencer, quando tem um revés, todos vão atrás das explicações
mais absurdas possíveis."
Para Cubillas, foi o que aconteceu também na Copa-98, quando
o Brasil perdeu a final para a
França, após Ronaldo ter sofrido
uma crise nervosa.
""É um assunto desagradável (o
da Copa-78). Não iria prejudicar
o Brasil, até porque admiro muito
os brasileiros. Aprendi muito
com Didi e Aymoré Moreira (que
treinaram o peruano) e prefiro
me lembrar de momentos melhores, como a Copa de 1970."
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