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FUTEBOL
Times definem hoje pela manhã, no Morumbi, última vaga na decisão do Campeonato Paulista em jogo esvaziado
Palmeiras e Santos fazem "anticlássico"
FERNANDO MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O jogo entre Palmeiras e Santos,
hoje, no Morumbi, poderia ter todos os ingredientes de um grande
clássico do futebol brasileiro.
Vale uma vaga na decisão do Estadual mais rico do país, reúne
equipes de torcidas numerosas e
opõe técnicos que têm obsessão
por conquistar o Paulista.
Mas, por obra da entidade que
dirige o futebol em São Paulo, a
partida que define o último finalista do Paulista está esvaziada.
Primeiro, porque as duas equipes estarão desfalcadas de seus
principais astros -Alex e César
Sampaio, do Palmeiras, e Carlos
Germano e Rincón, do Santos,
têm compromisso com suas seleções nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002.
Segundo, porque o horário da
semifinal do mais badalado torneio regional do país se assemelha
mais ao de jogos de várzea que ao
de um clássico decisivo.
Quem quiser assistir ao jogo no
Morumbi terá que acordar cedo.
A partida começa às 11h, um horário sempre criticado por médicos, técnicos e jogadores.
Poderia ser pior. Inicialmente, o
jogo estava marcado para as 20h
de ontem, no estádio do Canindé,
mas um pedido da Polícia Militar
foi atendido, e o clássico foi transferido para hoje.
Os policiais temiam um confronto entre as quatro maiores
torcidas do Estado, já que a outra
semifinal, entre São Paulo e Corinthians, também estava marcada para ontem.
Não bastasse tudo isso, a partida
concorre em apelo popular com a
seleção brasileira, que enfrenta o
Peru, hoje à tarde, em Lima, pela
terceira rodada das eliminatórias
sul-americanas.
Com isso, espera-se um público
pequeno no Morumbi, repetindo
o que ocorreu no sábado retrasado, quando apenas 7.000 torcedores viram as duas equipes empatarem em 0 a 0.
Como teve melhor campanha
nas duas últimas fases do Estadual, o Palmeiras se classifica com
um empate. O Santos obtém a vaga com uma vitória por qualquer
diferença de gols.
Os dois times entram em campo
com pretensões diferentes. Enquanto o Palmeiras busca apenas
mais uma final -durante a "era
Scolari", que completou três anos
anteontem, o time do Parque Antarctica disputou oito decisões-,
o Santos tenta quebrar um jejum
de 16 anos.
Desde 1984, o time do litoral não
consegue chegar à final do Paulista -foi justamente nesse ano, comandado por Serginho Chulapa,
que o Santos ganhou seu último
título de expressão.
A própria preleção de Luiz Felipe Scolari a seus jogadores, em
que o técnico do Palmeiras pedia
raiva contra o Corinthians, foi um
sintoma de que o jogo contra o
Santos está em segundo plano.
Apesar de considerar que uma
vitória hoje terá um efeito positivo sobre sua equipe, pois elevaria
o moral do grupo, o pensamento
de todos no Palmeiras é o segundo jogo da semifinal da Taça Libertadores da América, na terça-feira, também no Morumbi.
Durante a preleção de quarta,
que durou cerca de 30 minutos,
Scolari só citou a partida contra os
santistas duas vezes. Disse que ficaria contente com a classificação
para a decisão do Paulista e que só
assegurando a vaga o Palmeiras
levaria torcida suficiente para
igualar a do rival na semifinal do
torneio sul-americano.
"Se ganharmos, temos condições de levar 30 mil pessoas. Caso
contrário, a gente sabe que nossa
torcida não vai", afirmou o técnico aos jogadores.
Os atletas palmeirenses, que,
por ordem de Scolari, instauraram uma "greve de silêncio" em
represália à divulgação da palestra, tentam dissimular.
"É sempre importante chegar a
uma final do Paulista. Isso nos dará ainda mais moral. Nosso pensamento agora está totalmente
voltado para o jogo com o Santos", afirmou o goleiro Marcos, na
quinta-feira, último dia em que os
jogadores deram entrevistas aos
jornalistas.
O ambiente no Santos é oposto.
Para os jogadores e técnico da
equipe, a partida de hoje é a mais
importante do ano.
Até o jogo contra o Juventude,
pela Copa do Brasil, na quarta-feira, vencido pelo Santos por 3 a 0,
foi encarado como um empecilho
para os atletas se concentrarem
na semifinal do Paulista. "Agora
poderemos pensar só no Palmeiras", disse o técnico Giba, após a
partida na Vila Belmiro.
Uma derrota hoje também terá
reflexos diferentes nas duas equipes. Se o Palmeiras for eliminado,
nada acontecerá ao seu técnico.
Scolari, que tem propostas do
Vasco e do Cruzeiro, só não permanece no Parque Antarctica no
segundo semestre se não quiser.
Seu contrato termina em 31 de dezembro de 2000.
Já Giba, que substituiu Carlos
Alberto Silva, demitido após derrota para a Lusa na terceira fase
do Estadual, joga seu futuro hoje.
Antes interino, o técnico pode ganhar definitivamente a confiança
do presidente do Santos, Marcelo
Teixeira, e garantir seu emprego.
NA TV - ESPN Brasil e Sportv,
ao vivo, a partir das 11h
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