São Paulo, domingo, 04 de junho de 2000


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FUTEBOL
Times definem hoje pela manhã, no Morumbi, última vaga na decisão do Campeonato Paulista em jogo esvaziado
Palmeiras e Santos fazem "anticlássico"

FERNANDO MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O jogo entre Palmeiras e Santos, hoje, no Morumbi, poderia ter todos os ingredientes de um grande clássico do futebol brasileiro.
Vale uma vaga na decisão do Estadual mais rico do país, reúne equipes de torcidas numerosas e opõe técnicos que têm obsessão por conquistar o Paulista.
Mas, por obra da entidade que dirige o futebol em São Paulo, a partida que define o último finalista do Paulista está esvaziada.
Primeiro, porque as duas equipes estarão desfalcadas de seus principais astros -Alex e César Sampaio, do Palmeiras, e Carlos Germano e Rincón, do Santos, têm compromisso com suas seleções nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002.
Segundo, porque o horário da semifinal do mais badalado torneio regional do país se assemelha mais ao de jogos de várzea que ao de um clássico decisivo.
Quem quiser assistir ao jogo no Morumbi terá que acordar cedo. A partida começa às 11h, um horário sempre criticado por médicos, técnicos e jogadores.
Poderia ser pior. Inicialmente, o jogo estava marcado para as 20h de ontem, no estádio do Canindé, mas um pedido da Polícia Militar foi atendido, e o clássico foi transferido para hoje.
Os policiais temiam um confronto entre as quatro maiores torcidas do Estado, já que a outra semifinal, entre São Paulo e Corinthians, também estava marcada para ontem.
Não bastasse tudo isso, a partida concorre em apelo popular com a seleção brasileira, que enfrenta o Peru, hoje à tarde, em Lima, pela terceira rodada das eliminatórias sul-americanas.
Com isso, espera-se um público pequeno no Morumbi, repetindo o que ocorreu no sábado retrasado, quando apenas 7.000 torcedores viram as duas equipes empatarem em 0 a 0.
Como teve melhor campanha nas duas últimas fases do Estadual, o Palmeiras se classifica com um empate. O Santos obtém a vaga com uma vitória por qualquer diferença de gols.
Os dois times entram em campo com pretensões diferentes. Enquanto o Palmeiras busca apenas mais uma final -durante a "era Scolari", que completou três anos anteontem, o time do Parque Antarctica disputou oito decisões-, o Santos tenta quebrar um jejum de 16 anos.
Desde 1984, o time do litoral não consegue chegar à final do Paulista -foi justamente nesse ano, comandado por Serginho Chulapa, que o Santos ganhou seu último título de expressão.
A própria preleção de Luiz Felipe Scolari a seus jogadores, em que o técnico do Palmeiras pedia raiva contra o Corinthians, foi um sintoma de que o jogo contra o Santos está em segundo plano.
Apesar de considerar que uma vitória hoje terá um efeito positivo sobre sua equipe, pois elevaria o moral do grupo, o pensamento de todos no Palmeiras é o segundo jogo da semifinal da Taça Libertadores da América, na terça-feira, também no Morumbi.
Durante a preleção de quarta, que durou cerca de 30 minutos, Scolari só citou a partida contra os santistas duas vezes. Disse que ficaria contente com a classificação para a decisão do Paulista e que só assegurando a vaga o Palmeiras levaria torcida suficiente para igualar a do rival na semifinal do torneio sul-americano.
"Se ganharmos, temos condições de levar 30 mil pessoas. Caso contrário, a gente sabe que nossa torcida não vai", afirmou o técnico aos jogadores.
Os atletas palmeirenses, que, por ordem de Scolari, instauraram uma "greve de silêncio" em represália à divulgação da palestra, tentam dissimular.
"É sempre importante chegar a uma final do Paulista. Isso nos dará ainda mais moral. Nosso pensamento agora está totalmente voltado para o jogo com o Santos", afirmou o goleiro Marcos, na quinta-feira, último dia em que os jogadores deram entrevistas aos jornalistas.
O ambiente no Santos é oposto. Para os jogadores e técnico da equipe, a partida de hoje é a mais importante do ano.
Até o jogo contra o Juventude, pela Copa do Brasil, na quarta-feira, vencido pelo Santos por 3 a 0, foi encarado como um empecilho para os atletas se concentrarem na semifinal do Paulista. "Agora poderemos pensar só no Palmeiras", disse o técnico Giba, após a partida na Vila Belmiro.
Uma derrota hoje também terá reflexos diferentes nas duas equipes. Se o Palmeiras for eliminado, nada acontecerá ao seu técnico.
Scolari, que tem propostas do Vasco e do Cruzeiro, só não permanece no Parque Antarctica no segundo semestre se não quiser. Seu contrato termina em 31 de dezembro de 2000.
Já Giba, que substituiu Carlos Alberto Silva, demitido após derrota para a Lusa na terceira fase do Estadual, joga seu futuro hoje. Antes interino, o técnico pode ganhar definitivamente a confiança do presidente do Santos, Marcelo Teixeira, e garantir seu emprego. NA TV - ESPN Brasil e Sportv, ao vivo, a partir das 11h


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