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FUTEBOL
Sem recursos, equipes diminuem os salários e apelam à criatividade
Interior paulista agoniza mesmo após corte de gasto
DAS REGIONAIS
Atoladas em crises, algumas das
principais equipes de futebol do
interior paulista estão cortando
radicalmente suas folhas de pagamento. Seus recorrentes problemas financeiros, no entanto, continuam crescendo.
O Guarani, único time do interior com um título nacional
(1978), é um dos exemplos. O teto
salarial hoje gira em torno de R$
15 mil, contra R$ 40 mil da época
em que tinha craques como Djalminha, Amoroso e Luizão.
Hoje, o time de Campinas está
sem patrocinador e tenta equacionar uma dívida acumulada de
R$ 9 milhões, o que o obrigou a
retomar uma política de formação de jogadores.
Para Alemão, ex-meio-campista do São Paulo, Napoli e seleção
brasileira, hoje administrador do
futebol do XV de Piracicaba, as
baixas cotas recebidas no Paulista
e a ausência de investidores de peso são as causas da crise no interior. "Como um time da Série A-2
pode sobreviver com R$ 15 mil de
cota por jogo?", questionou.
Vice-campeão paulista em1976,
o XV reduziu seu teto salarial de
R$ 7.000 para R$ 2.000 desde
1997, quando tinha o apoio da
TAM e os jogadores dispunham
até de apartamentos pagos pela
empresa. Hoje não há patrocínio
e os salários chegaram a ficar até
três meses atrasados.
O Botafogo, que venceu a primeira fase da Série A-2 do Paulista-2000 e disputou a segunda etapa da primeira divisão, emprestou dez jogadores, com o objetivo
de reduzir gastos.
Com as negociações, o clube deve economizar cerca de R$ 200
mil até o final do mês de julho. A
folha de pagamento do Botafogo é
de cerca de R$ 170 mil.
A situação mais crítica é a da
Ferroviária, que disputa a Série A-3 e tem R$ 600 mil em débitos.
Por isso, o alojamento dos atletas foi leiloado pela Justiça.
O clube aguarda agora a decisão
sobre o embargo que solicitou.
"Assim vamos ter tempo para
construir outro alojamento", declarou Milton Cardoso, presidente da Ferroviária.
O Sãocarlense, na A-2, enfrenta
problema semelhante ao da Ferroviária, ao ter um imóvel do presidente Sérgio de Almeida colocado em leilão por causa de uma dívida. Para tentar sair da crise, o
clube fechou contrato com um
grupo de São Paulo.
"A parceria é a única saída para
todas as equipes", afirmou o ex-jogador Sócrates, que iniciou sua
carreira em Ribeirão Preto.
Alguns clubes alegam que tiveram parcerias fracassadas, o que
teria contribuído para a crise.
O Comercial, de Ribeirão Preto,
teve seu contrato rescindido com
a empresa Welos, e a Francana
também perdeu sua parceria.
"A parceria foi prejudicial demais ao Comercial", disse o presidente Guilherme Scatena.
O São José, que disputava a Série A-1 até o ano passado, reduziu
em 30% a folha salarial para a disputa da A-2 deste ano, mas não
consegue quitar a pendência de
R$ 160 mil com o elenco.
Segundo Cláudio Santiago, presidente licenciado do clube, as
despesas são muito altas.
"Montamos uma equipe de
ponta para a disputa da competição", declarou ele.
O clube tem dívidas que ultrapassam R$ 3 milhões e está com
as rendas das partidas disputadas
no estádio Martins Pereira penhoradas pela Justiça em razão
das dezenas de dívidas trabalhistas movidas contra o clube.
(FÁBIO SOARES, MARCELO TOLEDO, LUCIANO
CALAFIORI E FELIPE CONRADO)
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