São Paulo, domingo, 04 de junho de 2006

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JUCA KFOURI

Interrupção bendita e maldita

A parada do Brasileirão será boa para a maioria dos times e ruim para poucos, mas até estes têm como aproveitá-la

É HOJE e fim.
Campeonato Brasileiro só daqui a seis semanas.
Então, depois deste domingo, o primeiro quarto do campeonato já terá ido, e ninguém pode prever como serão os 3/4 restantes.
Quem perderá jogadores, quem se reforçará e quem saberá aproveitar o intervalo são perguntas impossíveis de serem dadas agora, ainda mais em Frankfurt -onde já se encontra este colunista se o avião não achou de fazer alguma graça sem graça anteontem.
Se fez, você, ao menos, não só estará livre de mim como está lendo uma coluna realmente de despedida, coisa rara.
Colunista que confessa: preferia estar aí para ver o que rolará hoje pelos gramados brasileiros a estar aqui à espera de mais um amistoso, necessário, mas sem maior importância, da seleção brasileira, diante da Nova Zelândia.
Clubes organizados como São Paulo, com uma parada dura hoje em Caxias para se manter na liderança, Cruzeiro, Inter, Santos e Goiás haverão de saber usar o intervalo para voltar mais fortes.
Não por outro motivo, ao lado do Fluminense, todos verão a Copa do Mundo alimentando o sonho de ganhar o Brasileirão.
Não deveria ser, ao contrário, mas é oposta a situação dos que namoram o rebaixamento.
Santa Cruz e Palmeiras já sabem que assistirão à Copa do Mundo de lanterna na mão.
Os pernambucanos, provavelmente, sem ter muito o que fazer para reagir na volta do Brasileirão.
Mas os palmeirenses com a obrigação de arrumar a casa e se reforçar, embora esteja claro que sobram boa vontade e honestidade de propósitos no Parque Antarctica e faltam competência e profissionalismo por lá.
Já gigantes como Corinthians e Flamengo (que clássico, hein?), entre outros menos votados, também correm o mesmo risco.
Se ninguém tem dúvida de que o São Paulo de tudo fará para se antecipar a eventuais perdas em seu elenco; se todos têm certeza de que Vanderlei Luxemburgo buscará qualidade para acrescentar à eficiência que alcançou neste primeiro quarto da competição (e o Santos tem tudo para chegar aos 20 pontos hoje diante do Botafogo, na Vila Belmiro), sobram interrogações em relação a clubes como Flamengo, Corinthians, Botafogo, Vasco etc.
E por quê?
Porque no Botafogo falta dinheiro. E em casa que não tem pão todos brigam e ninguém tem razão.
Porque no Vasco sobram arbitrariedade e uma visão ultrapassada de futebol.
Porque o Flamengo é uma casa de malucos, de jogadas mirabolantes, de busca incessante de invenções que não deram certo no passado, mas que são repetidas à exaustão hoje, como farsa, como tragédia, sobretudo como drama para milhões de torcedores rubro-negros.
E porque, no caso do Corinthians, de todos o que tem melhor situação, porque está rico e repleto de estrelas, as relações se esgarçaram a tal ponto que ninguém acredita em ninguém, ninguém confia em ninguém, e a modernização que se prometeu virou uma sucessão de vexames que custa crer que esteja acontecendo no Parque São Jorge.
Tudo indica, portanto que quem está no topo da tabela saberá usar a interrupção para não perder o embalo e recomeçar ainda mais forte. Claro, ganhar o título deve ser o objetivo de todo clube grande, e para tanto é preciso planejar os mínimos detalhes.
E, se no horizonte de um clube grande o rebaixamento deveria ser visto como piada de mau gosto (como a do avião), os que andam perto dele bem que poderiam se organizar para evitá-lo. Duvideodó.


@ - blogdojuca@uol.com.br

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