São Paulo, terça-feira, 04 de julho de 2000


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A três dias da eleição, CBF abandona a candidatura
Adeus Copa-2006

L!Sportpress
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, concede entrevista coletiva no Rio para anunciar a retirada da candidatura brasileira à Copa do Mundo de 2006



Sem chances na eleição da Fifa, Brasil troca organização do Mundial por apoio à África do Sul e votos na escolha da sede de 2010


DA SUCURSAL DO RIO

E DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil abandonou ontem oficialmente sua candidatura a sede da Copa do Mundo de 2006.
O anúncio foi feito pelo presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira, em entrevista no Rio.
A escolha do país-sede do Mundial ocorrerá na próxima quinta-feira, em Zurique, Suíça. Sem o Brasil, restam quatro candidatos: África do Sul, Alemanha, Inglaterra e Marrocos. Os dois primeiros são os favoritos na disputa (leia texto ao lado).
Segundo Teixeira, a desistência ocorreu após a CBF fechar um acordo eleitoral com a candidatura sul-africana.
Em troca, os africanos sustentariam a candidatura brasileira à Copa de 2010 -o comitê da candidatura a 2006 será mantido, desde já, para pleitear o Mundial seguinte. A escolha ocorrerá daqui a quatro anos.
Outras razões, no entanto, também tiveram influência na decisão anunciada ontem pela CBF.
Pesou, sobretudo, a falta de perspectivas da candidatura brasileira, que jamais conseguiu deixar de ser um "azarão".
Até mesmo dirigentes próximos, como o argentino Julio Grondona e o paraguaio Nicolas Leoz, ameaçam rachar, apoiando a Alemanha no lugar do Brasil.
Para piorar a situação da CBF, a Fifa divulgou, na última sexta-feira, um relatório com as impressões da comissão que visitou os candidatos -o único documento oficial da entidade com opiniões sobre os países antes da eleição.
A candidatura brasileira não apareceu em situação nada confortável. Foram listadas quatro categorias de países.
Na primeira, constavam aqueles considerados "muito bem qualificados": África do Sul e Alemanha. Na segunda, "bem qualificada", aparecia a Inglaterra.
O Brasil ficou, ao lado do Marrocos, no terceiro escalão, o dos "qualificados" -ninguém figurou na derradeira categoria, a dos "desqualificados".
Um dia antes da divulgação do relatório, no entanto, a candidatura brasileira já dava mostras de que poderia não chegar ao final.
Teixeira cancelou na última quinta-feira sua ida a um congresso da Uefa, a entidade que comanda o futebol europeu. O dirigente aproveitaria o encontro para fazer lobby a favor do projeto Brasil-2006.
De qualquer forma, segundo disse ontem Teixeira, os brasileiros já cogitavam a possibilidade de abrir mão da candidatura há aproximadamente um ano.
Na ocasião, o presidente da CBF foi visitado no Rio pelos dirigentes da África do Sul.
"Nós dissemos que, se partisse para a rotação, alinharíamos com a África do Sul. Não tomamos nenhuma decisão antes porque, até agora, a rotatividade não era discutida", disse Teixeira.
"Agora, o princípio da rotatividade é aprovado pela maioria do Comitê Executivo da Fifa. Por isso, tomamos a decisão", acrescentou o dirigente.
A idéia de tentar o Mundial de 2010 em vez do de 2006 havia sido mencionada em setembro do ano passado pelo ex-presidente da Fifa João Havelange, padrinho político de Teixeira.
Embora os dirigentes se recusem a dar detalhes sobre os gastos da campanha, a CBF investiu cerca de R$ 1 milhão na candidatura abandonada ontem.
Na disputa por 2006, a CBF usou intensivamente sua principal arma, a seleção brasileira de futebol, que teve até mesmo de fazer um amistoso puramente eleitoral na Tailândia, país com direito a voto na Fifa.
A candidatura teve como cabeça o ex-jogador Zico, que tentava desempenhar o papel exercido por Platini na campanha vitoriosa da Franca à Copa-1998 e por Beckenbauer na candidatura alemã ao Mundial de 2006.


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