EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com boa dose de luxo, o São Paulo tem conseguido compensar o baixo público de seus jogos no Brasileiro -média de pouco mais de 8 mil pagantes. O principal investimento do clube em 2004 não mira o torcedor comum da arquibancada, mas sim os VIPs, que pagam caro por um espaço mais confortável no estádio.
O clube finalizou a construção de quatro novos camarotes com 25 lugares no setor intermediário do Morumbi e já alugou mais dois, ambos para bancos.
No ano passado, outros quatro haviam se juntado aos 12 que já existiam. Os camarotes são equipados com cadeiras reclináveis, banheiro privativo, bar e duas vagas de estacionamento.
O clube fatura cerca de R$ 2 milhões por ano só com o aluguel dos espaços. O valor de cada um é de R$ 250 mil por três anos.
Além desses, o São Paulo ainda conta outros quatro, os mais luxuosos, no piso inferior. O maior e mais imponente deles é o da TV Globo, de 116 lugares, cujo aluguel anual é de R$ 600 mil.
A diretoria são-paulina pretende construir ainda mais 22 camarotes. O valor de cada um deles gira em torno de R$ 120 mil e a conclusão é feita em 45 dias. De acordo com o clube, nenhum até agora foi alugado para pessoas físicas. Todos eles têm como inquilinos grandes empresas, como Bradesco, General Motors, Traffic e ESPN e LG e Topper, parceiros comerciais do São Paulo.
Além dos camarotes, o São Paulo tem investido em setores VIPs do Morumbi, como o Premium, cujo ingresso custa R$ 50.
"Há clientes para isso e que não se importam de pagar o preço para ter conforto", diz o diretor de planejamento João Paulo Lopes.
"Com a construção e comercialização de todos os camarotes, nossa receita poderá chegar R$ 5 milhões", prevê o dirigente.
O investimento são-paulino em áreas VIPs está relacionado à falta de interesse do torcedor comum nos jogos da equipe. Se na Libertadores o São Paulo se acostumou a ter mais de 50 mil pessoas no Morumbi, no Nacional o melhor publico ocorreu no clássico contra o Corinthians -pouco mais de 15 mil pessoas. Um estudo do departamento de marketing indica que o preço ideal para a arquibancada seria de R$ 37.
Entre os torcedores que ficam nos setores mais em conta já há queixas, sobretudo vindas das torcidas organizadas, devido à opção do clube em apostar num público de maior poder aquisitivo
"Torcedor para eles é só quem fica no setor Premium ou quem está no camarote", reclama Marcos Lopes, diretor de marketing da Tricolor Independente, a maior uniformizada são-paulina, que já não ganha mais os 500 ingressos por jogo do clube -prática comum em outros anos.


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