São Paulo, domingo, 04 de julho de 2004

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TÊNIS

Em sua 1ª final de Grand Slam, russa derrota a bicampeã Serena Williams com facilidade e é campeã de Wimbledon

Sharapova coroa trajetória de Cinderela

DA REPORTAGEM LOCAL

Maria Sharapova coroou ontem sua trajetória de Cinderela com o título de Wimbledon.
A adolescente russa, de somente 17 anos, dominou a partida contra a americana Serena Williams, campeã do torneio em 2002 e 2003, e marcou 6/1 e 6/4.
Com a vitória, Sharapova se tornou a segunda mais jovem campeã de Wimbledon na Era Aberta (desde 1968) -a suíça Martina Hingis conquistou o torneio em 1997 aos 16 anos.
Sharapova disputou sua primeira decisão de Grand Slam e conquistou o quarto título de sua carreira, o segundo no ano.
Apesar de sua inexperiência em finais de grandes torneios, a russa demonstrou segurança e tranqüilidade no confronto de ontem.
Com a confirmação da vitória, com uma bola na rede de Serena, Sharapova se ajoelhou e cobriu o rosto com as duas mãos.
Após ganhar um abraço da norte-americana, a campeã de Wimbledon invadiu a arquibancada para cumprimentar o pai, Yuri.
Ao voltar para a quadra, ela pegou um celular, mas não conseguiu completar a ligação.
"Estava tentando ligar para a minha mãe", afirmou ela depois. "Não estava funcionando. Não sei o que havia de errado."
Sua mãe estava nos EUA, onde a família vive atualmente.
Nascida em Nyagan (Sibéria), a peripécia de Sharapova começou aos dois anos, quando sua família decidiu deixar a cidade temendo possíveis conseqüências com o acidente nuclear de Chernobyl.
Ela deu suas primeiras raquetadas aos quatro anos e foi "descoberta" aos seis, durante uma clínica em Moscou. Impressionada com o talento da garota, Martina Navratilova, maior vencedora de Wimbledon, aconselhou seu pai a levá-la para treinar nos EUA.
Aos nove anos, Sharapova desembarcou com o pai e US$ 700 em um novo país sem falar o idioma local. Sem visto, a mãe permaneceu na Rússia e ficou separada da filha por dois anos.
O contato com o pai também diminuiu, já que Yuri tinha que trabalhar e Sharapova passou a morar com tenistas mais velhas, de quem era vítima de brincadeiras.
Pelo fato de ser russa, bonita e loira, logo surgiram as comparações com Anna Kournikova, que são rechaçadas pela tenista.
"Não quero ser a nova Kournikova, mas sim a primeira Sharapova", afirmou ela, que dentro de quadra leva imensa vantagem sobre a compatriota -no circuito profissional desde 1997, Kournikova nunca conquistou um título individual de relevância.
"Não era o meu dia", afirmou Serena após a partida. "Maria realmente jogou muito bem. Parabéns pelo seu primeiro Grand Slam", afirmou a norte-americana que buscava seu sétimo título da principal série do tênis e havia vencido o primeiro e único confronto contra sua rival de ontem.
Além da glória pessoal, Sharapova também dá seqüência ao bom momento que vive o tênis russo entre as mulheres.
No mês passado, em Roland Garros, Anastasia Myskina se tornou a primeira tenista do país a conquistar um Grand Slam.


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