São Paulo, segunda-feira, 04 de julho de 2005

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FUTEBOL

Decisão brasileira vive conflito de interesses, gera aglomerações na busca por ingressos e peita Estatuto do Torcedor

"Jeitinho" impera na final da Libertadores

EDUARDO ARRUDA
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Na primeira final de Libertadores com times do mesmo país, o que impera é o "jeitinho brasileiro". E quem perde na histórica decisão do torneio é o torcedor.
A CBF seguiu recomendação da Conmebol e informou que o jogo de ida será no Beira-Rio. Só que o Atlético-PR insiste que a partida ocorra em seu estádio, a Kyocera Arena, com capacidade menor que 40 mil lugares -não atende o regulamento para a final.
Com a indefinição, dezenas de torcedores fazem fila desde sexta-feira no estádio atleticano para comprar ingressos. O Atlético-PR pretende colocá-los à venda amanhã de manhã, menos de 48 horas antes da partida, contrariando o Estatuto do Torcedor.
Os ingressos do jogo de volta foram postos à venda ontem pelo São Paulo em apenas um posto de venda -o Morumbi- e levam a data errada, 13 de julho (o jogo acontecerá um dia depois). A procura foi intensa, e houve tumulto.
O preço também ficou mais salgado: a arquibancada central, por exemplo, está sendo vendida a R$ 50. Na fase anterior, saía a R$ 30.
"A partir de amanhã [hoje] os ingressos serão encontrados em mais dois postos de venda [Canindé e Ibirapuera]. Quanto ao preço, é uma partida para quem é são-paulino", diz Marcelo Portugal Gouvêa, presidente do clube.
Em uma tentativa de adequar seu estádio, o Atlético-PR mobilizou dezenas de trabalhadores para aumentar a capacidade por meio de arquibancadas tubulares, o que não recomenda a Fifa.
Inicialmente, o presidente do clube, José Augusto Fleury, disse que o número de 23 mil lugares é o ideal para garantir a segurança e o conforto do público. Poucas horas depois, justificou a decisão de usar arquibancadas tubulares com o argumento de que "eles querem 40 mil lugares, é o que terão, já que esse detalhe está à frente da segurança e do conforto".
Segundo o clube paranaense, a CBF enviou ofício na sexta fixando o prazo de amanhã para atingir os 40 mil lugares e apresentar laudo sobre a segurança do local.
Anteontem, no entanto, o presidente em exercício da CBF, Nabi Abi Chedid, afirmou que a partida acontecerá no Beira-Rio. "Quando o Atlético-PR ganhou de 3 a 0 do Chivas, já deveria ter consultado a Conmebol sobre as obras para as arquibancadas. O jogo tem mesmo que ser no Beira-Rio", disse ele à radio Jovem Pan.
Os refletores do estádio foram ligados durante as últimas madrugadas para permitir que as obras prosseguissem.
"É uma loucura, uma insanidade querer construir 17 mil lugares em três dias. Espero que o bom senso continue prevalecendo. Política nada tem a ver com o esporte", disparou Portugal Gouvêa.
Ao ser questionado se o início da venda dos ingressos em um período inferior a 48 horas do início da partida não feria a lei do torcedor, Mário Celso Petraglia, homem-forte do Atlético-PR, foi evasivo. "Não acho nada. Não tenho que avaliar nada, só acompanhar os acontecimentos. Mas estamos seguindo nossa linha e adequando nosso estádio às condições pedidas pelo estatuto."


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