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FUTEBOL
Decisão brasileira vive conflito de interesses, gera aglomerações na busca por ingressos e peita Estatuto do Torcedor
"Jeitinho" impera na final da Libertadores
EDUARDO ARRUDA
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Na primeira final de Libertadores com times do mesmo país, o
que impera é o "jeitinho brasileiro". E quem perde na histórica
decisão do torneio é o torcedor.
A CBF seguiu recomendação da
Conmebol e informou que o jogo
de ida será no Beira-Rio. Só que o
Atlético-PR insiste que a partida
ocorra em seu estádio, a Kyocera
Arena, com capacidade menor
que 40 mil lugares -não atende o
regulamento para a final.
Com a indefinição, dezenas de
torcedores fazem fila desde sexta-feira no estádio atleticano para
comprar ingressos. O Atlético-PR
pretende colocá-los à venda amanhã de manhã, menos de 48 horas
antes da partida, contrariando o
Estatuto do Torcedor.
Os ingressos do jogo de volta foram postos à venda ontem pelo
São Paulo em apenas um posto de
venda -o Morumbi- e levam a
data errada, 13 de julho (o jogo
acontecerá um dia depois). A procura foi intensa, e houve tumulto.
O preço também ficou mais salgado: a arquibancada central, por
exemplo, está sendo vendida a R$
50. Na fase anterior, saía a R$ 30.
"A partir de amanhã [hoje] os
ingressos serão encontrados em
mais dois postos de venda [Canindé e Ibirapuera]. Quanto ao
preço, é uma partida para quem é
são-paulino", diz Marcelo Portugal Gouvêa, presidente do clube.
Em uma tentativa de adequar
seu estádio, o Atlético-PR mobilizou dezenas de trabalhadores para aumentar a capacidade por
meio de arquibancadas tubulares,
o que não recomenda a Fifa.
Inicialmente, o presidente do
clube, José Augusto Fleury, disse
que o número de 23 mil lugares é
o ideal para garantir a segurança e
o conforto do público. Poucas horas depois, justificou a decisão de
usar arquibancadas tubulares
com o argumento de que "eles
querem 40 mil lugares, é o que terão, já que esse detalhe está à frente da segurança e do conforto".
Segundo o clube paranaense, a
CBF enviou ofício na sexta fixando o prazo de amanhã para atingir os 40 mil lugares e apresentar
laudo sobre a segurança do local.
Anteontem, no entanto, o presidente em exercício da CBF, Nabi
Abi Chedid, afirmou que a partida acontecerá no Beira-Rio.
"Quando o Atlético-PR ganhou
de 3 a 0 do Chivas, já deveria ter
consultado a Conmebol sobre as
obras para as arquibancadas. O
jogo tem mesmo que ser no Beira-Rio", disse ele à radio Jovem Pan.
Os refletores do estádio foram
ligados durante as últimas madrugadas para permitir que as
obras prosseguissem.
"É uma loucura, uma insanidade querer construir 17 mil lugares
em três dias. Espero que o bom
senso continue prevalecendo. Política nada tem a ver com o esporte", disparou Portugal Gouvêa.
Ao ser questionado se o início
da venda dos ingressos em um período inferior a 48 horas do início
da partida não feria a lei do torcedor, Mário Celso Petraglia, homem-forte do Atlético-PR, foi
evasivo. "Não acho nada. Não tenho que avaliar nada, só acompanhar os acontecimentos. Mas estamos seguindo nossa linha e adequando nosso estádio às condições pedidas pelo estatuto."
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