Na véspera da semifinal com a França, jogadores, em clima descontraído, dizem acreditar na final

"O ponto fraco do rival são as laterais, há fragilidade tanto na direita como na esquerda", afirma o titular Miguel sobre os franceses

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A MARIENFELD

Portugal é o único dos semifinalistas da Copa que não venceu um Mundial, mas é o time que mais demonstra no momento viver o clima de ""já ganhou". A equipe enfrentará a França amanhã, em Munique.
"Acredito que vamos passar pela França. Muito sinceramente, vamos passar", disse o lateral Miguel. "Faço minhas as palavras dele", afirmou Postiga.
Os dois participaram ontem de coletiva de imprensa em Marienfeld, cidade da qual se despedem de vez hoje, após vários dias de treino. "Lembro da euforia quando chegamos aqui. Pensei como seria bom se chegássemos à final. E estamos aqui", disse o atacante.
A empolgação é tanta que Miguel aponta sem problemas as deficiências da França e explica por que o Brasil caiu.
""O Brasil explorou muito o jogo pelo meio. Não jogou pelas laterais. O ponto fraco da França são as laterais. Há fragilidade tanto na direita quanto na esquerda. São coisas que temos que explorar", disse o lateral.
Segundo ele, o time português ainda não conversou sobre a França com o ""mister" Luiz Felipe Scolari, mas, pelo discurso, nem precisa.
""Tivemos a oportunidade de ver o jogo. O Brasil controlou a partida nos primeiros 20 minutos, mas, depois, a França cresceu. No segundo tempo, jogou muito bem, com uma boa tática, e fez o gol. Zidane trata a bola como ninguém. Melhorou nos dois últimos jogos."
O fato de Portugal estar em festa só pela classificação às semifinais, pela primeira vez desde 1966, parece não satisfazer os jogadores. ""Se formos à final e perdermos, ninguém se lembrará de nós. Estávamos confiantes antes do jogo com a Inglaterra, mas estamos ainda mais agora", diz Hugo Viana.
Um clima semelhante de otimismo tomou conta de Portugal há dois anos, quando a seleção chegou à final da Eurocopa. Mas, mesmo em casa e com Scolari no comando, a equipe perdeu da Grécia por 1 a 0.
""Tivemos um desempenho excelente na Euro. Estamos conscientes do nosso valor e temos todas as condições para ultrapassar a França. Temos muito respeito, mas vamos para ganhar", insiste o lateral.
Scolari, que costuma pregar respeito máximo aos adversários e até aproveita frases otimistas de rivais para motivar seus times, pode não gostar desse clima de euforia.
Mas, ontem, houve descontração total. No treino, recheado de torcedores e jornalistas que também fazem papel de torcedores, houve uma primeira atividade com os atletas em que a bola era passada de mão em mão, para relaxar o elenco.
Cristiano Ronaldo e Figo têm sido poupados por se recuperarem de lesões, mas devem jogar. Outro fator animador é a volta dos suspensos Costinha e Deco, o último quase comparado ao craque francês Zidane.
"Meira e Ricardo Carvalho têm se comportado bem. Figo também, pois não é fácil jogar com 33 anos o que ele está jogando. Mas Deco é nosso mágico, consegue ver uma linha de passe onde ninguém consegue", afirmou Miguel.


Texto Anterior: [+] Foco: Presidente da federação lusa pedala e manda "boas festas" à CBF
Próximo Texto: Lisboa, desconfiada, evita euforia antes da semifinal
Índice