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negócios à parte
Palmeiras faz arena de rival com "ágio"
WTorre, que explorará por 30 anos o Parque Antarctica, quis construir estádio corintiano por concessão de 5 anos
Palmeirenses alegam que terão ganhos extras, como reforma da parte social do clube, como justificativa da diferença entre os prazos
EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o Palmeiras, a WTorre
foi a salvação. Para o Corinthians, a frustração. O sonho de
construir uma moderna arena,
antes de ser agarrado pelos cartolas alviverdes, esteve nas
mãos dos dirigentes alvinegros,
em condições até mais vantajosas, como mostram documentos obtidos pela Folha.
A construtora, antes de aportar no Parque Antarctica com
proposta de reforma do estádio
palmeirense, ofereceu acordo
para construir uma arena para
os corintianos, que, por questões políticas, não levaram o
negócio adiante.
Em 29 de novembro de 2005,
a WTorre e o Corinthians assinaram um pré-contrato para a
construção do estádio, que seria erguido na marginal Pinheiros. No documento assinado
por Walter Torre Jr. e pelo então presidente corintiano, Alberto Dualib, a empresa se
comprometia a fazer a obra em
até 24 meses, sem custo para o
clube, que em contrapartida
deveria ceder a exploração da
arena por cinco anos.
É justamente nesse ponto a
maior discrepância entre as
propostas para Corinthians e
Palmeiras. No caso do time do
Parque Antarctica, a empresa
vai gerir a nova arena por 30
anos. Sem contar o fato de que,
durante a concessão, os palmeirenses terão de pagar uma
taxa de manutenção do estádio.
A obra no Parque Antarctica
será financiada pelo banco
Santander. A instituição, aliás,
já se mostrara disponível a
bancar a empreitada da WTorre com o Corinthians, conforme carta endereçada pelo banco à empresa em 2006.
O Palmeiras alega não saber
os termos oferecidos aos rivais.
Mas sustenta que a natureza do
negócio é diferente, pelo fato
de o seu acordo com a WTorre
prever melhorias também na
área social do clube.
"Isso não acontece com o Corinthians. Eles teriam um estádio fora do clube social. A
WTorre foi o melhor parceiro
que encontramos em 14 anos
de procura. O prazo poderia ser
menor. Bastava não pagar nada
ao Palmeiras", diz João Mansur, da área de planejamento
do clube, referindo-se ao fato
de o time ficar com as receitas
de bilheteria do novo estádio.
O contrato proposto aos corintianos previa esse benefício.
Mas o negócio não deu certo
porque, à época, o clube estava
sob contrato com a MSI, que tinha a prioridade na construção
da arena. Uma cláusula no pré-contrato com a WTorre exigia
que os corintianos conseguissem carta da então parceira
abrindo mão do direito.
"Aí entrou Renato Duprat
[intermediário da parceria] na
história. Dualib o tirou de uma
cartola e, de uma hora para outra, começou a dar ouvidos a
um santista, sem nenhuma ligação com o clube. E o que Duprat lhe falava? Para esquecer
Walter, porque o russo, aquele
fantasma chamado Boris Berezovski [apontado como o principal investidor da MSI], iria
chegar com um caminhão de
dinheiro e bancaria o estádio",
conta Edgard Soares, conselheiro que levou a proposta de
estádio ao Corinthians e apresentou a WTorre ao clube.
O projeto, aliás, é o mesmo
que se discute agora e é encabeçado pelo consórcio Seebla/
Egesa. Soares diz que foi procurado por cartolas palmeirenses
para apresentá-los a Torre,
mas se negou a fazê-lo. O ex-presidente do Palmeiras Carlos
Facchina soube do interesse da
construtora em explorar o futebol e a apresentou ao clube.
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