São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2008

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negócios à parte

Palmeiras faz arena de rival com "ágio"

WTorre, que explorará por 30 anos o Parque Antarctica, quis construir estádio corintiano por concessão de 5 anos

Palmeirenses alegam que terão ganhos extras, como reforma da parte social do clube, como justificativa da diferença entre os prazos


EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Para o Palmeiras, a WTorre foi a salvação. Para o Corinthians, a frustração. O sonho de construir uma moderna arena, antes de ser agarrado pelos cartolas alviverdes, esteve nas mãos dos dirigentes alvinegros, em condições até mais vantajosas, como mostram documentos obtidos pela Folha.
A construtora, antes de aportar no Parque Antarctica com proposta de reforma do estádio palmeirense, ofereceu acordo para construir uma arena para os corintianos, que, por questões políticas, não levaram o negócio adiante.
Em 29 de novembro de 2005, a WTorre e o Corinthians assinaram um pré-contrato para a construção do estádio, que seria erguido na marginal Pinheiros. No documento assinado por Walter Torre Jr. e pelo então presidente corintiano, Alberto Dualib, a empresa se comprometia a fazer a obra em até 24 meses, sem custo para o clube, que em contrapartida deveria ceder a exploração da arena por cinco anos.
É justamente nesse ponto a maior discrepância entre as propostas para Corinthians e Palmeiras. No caso do time do Parque Antarctica, a empresa vai gerir a nova arena por 30 anos. Sem contar o fato de que, durante a concessão, os palmeirenses terão de pagar uma taxa de manutenção do estádio.
A obra no Parque Antarctica será financiada pelo banco Santander. A instituição, aliás, já se mostrara disponível a bancar a empreitada da WTorre com o Corinthians, conforme carta endereçada pelo banco à empresa em 2006.
O Palmeiras alega não saber os termos oferecidos aos rivais. Mas sustenta que a natureza do negócio é diferente, pelo fato de o seu acordo com a WTorre prever melhorias também na área social do clube.
"Isso não acontece com o Corinthians. Eles teriam um estádio fora do clube social. A WTorre foi o melhor parceiro que encontramos em 14 anos de procura. O prazo poderia ser menor. Bastava não pagar nada ao Palmeiras", diz João Mansur, da área de planejamento do clube, referindo-se ao fato de o time ficar com as receitas de bilheteria do novo estádio.
O contrato proposto aos corintianos previa esse benefício. Mas o negócio não deu certo porque, à época, o clube estava sob contrato com a MSI, que tinha a prioridade na construção da arena. Uma cláusula no pré-contrato com a WTorre exigia que os corintianos conseguissem carta da então parceira abrindo mão do direito.
"Aí entrou Renato Duprat [intermediário da parceria] na história. Dualib o tirou de uma cartola e, de uma hora para outra, começou a dar ouvidos a um santista, sem nenhuma ligação com o clube. E o que Duprat lhe falava? Para esquecer Walter, porque o russo, aquele fantasma chamado Boris Berezovski [apontado como o principal investidor da MSI], iria chegar com um caminhão de dinheiro e bancaria o estádio", conta Edgard Soares, conselheiro que levou a proposta de estádio ao Corinthians e apresentou a WTorre ao clube.
O projeto, aliás, é o mesmo que se discute agora e é encabeçado pelo consórcio Seebla/ Egesa. Soares diz que foi procurado por cartolas palmeirenses para apresentá-los a Torre, mas se negou a fazê-lo. O ex-presidente do Palmeiras Carlos Facchina soube do interesse da construtora em explorar o futebol e a apresentou ao clube.


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