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No aniversário de título, Maria Esther volta a Wimbledon
Brasileira, que conquistou oito troféus na grama de Londres,
três deles em simples, é convidada de honra no camarote real
Inovações, como tie-break e teto retrátil, poderiam
ter ajudado a prolongar a carreira da melhor tenista da América Latina no século
DA REPORTAGEM LOCAL
Há 50 anos, Maria Esther
Andion Bueno entrou na Quadra Central de Wimbledon para sua primeira final de Grand
Slam e, como mandava a tradição, fez uma reverência em direção ao camarote real.
Naquele 4 de julho, a jovem
de 19 anos venceu a americana
Darlene Hard por 6/4 e 6/3, em
43 minutos, e se tornou a primeira sul-americana campeã.
Hoje, a brasileira, chamada
só de Maria Bueno pelos britânicos, é uma das convidadas de
honra e estará no camarote para acompanhar a decisão.
No mais tradicional torneio
do tênis, esporte que pouco alterou as regras estabelecidas no
século 19, ela acompanhará o
jogo com algumas mudanças
que poderiam ter prolongado
sua carreira e tornado-a ainda
mais recheada de feitos.
Um ano antes do triunfo individual, Maria Esther havia
conquistado o título de duplas
em Wimbledon ao lado da já
consagrada americana Althe
Gibson. Foi a primeira de oito
conquistas no All England
Lawn Tennis Club -foram três
em simples e cinco em duplas.
Apesar de ter sido formada
no saibro (começou nas quadras do Clube de Regatas Tietê,
em São Paulo), Maria Esther tinha um estilo que se adequava
perfeitamente à grama: um saque potente e subidas à rede
com bastante frequência.
Em 1960, Maria Esther defendeu seu título com maestria
ao vencer a sul-africana Sandra
Reynolds por 8/6 e 6/0.
Nesse mesmo ano, a brasileira conquistou outro feito histórico e se tornou a primeira mulher a fechar o Grand Slam (títulos no Aberto da Austrália,
Roland Garros, Wimbledon e
Aberto dos EUA) em duplas.
Em simples, ela também
conseguiu quatro títulos do
Aberto dos EUA. Nas duplas,
feminina e mista, amealhou 19
títulos de Grand Slams.
Mas a overdose causou problemas. Maria Esther conta
que, em seu auge, após uma semana chuvosa em Londres, os
jogos encavalaram e ela teve
que disputar mais de 120 games
em um dia, entrando em quadra às 14h e saindo após as 22h.
Com o agravante que, em duplas mistas, o jogo é sempre direcionado nas mulheres.
Seu corpo não aguentou. Foi
um longo período no estaleiro e
15 cirurgias no braço.
A situação de Maria Esther
poderia ser aliviada com o teto
retrátil, inaugurado neste ano
(que evitaria tantos atrasos), e
com o tie-break (parciais como
15/13 e 16/14 eram comuns).
Mesmo minada por contusões, Maria Esther, que recebeu 15 libras pelo título de 1959,
atuou no profissionalismo (iniciado em 1968) e é uma das raras tenistas a conquistar títulos
em três décadas diferentes.
Hoje, Venus e Serena Wil-liams não precisarão fazer a
saudação em direção ao camarote, mas Maria Bueno, eleita a
melhor tenista latino-americana do século 20, sempre será
reverenciada em Wimbledon.
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