São Paulo, sábado, 04 de julho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

No aniversário de título, Maria Esther volta a Wimbledon

Brasileira, que conquistou oito troféus na grama de Londres, três deles em simples, é convidada de honra no camarote real

Inovações, como tie-break e teto retrátil, poderiam ter ajudado a prolongar a carreira da melhor tenista da América Latina no século

DA REPORTAGEM LOCAL

Há 50 anos, Maria Esther Andion Bueno entrou na Quadra Central de Wimbledon para sua primeira final de Grand Slam e, como mandava a tradição, fez uma reverência em direção ao camarote real.
Naquele 4 de julho, a jovem de 19 anos venceu a americana Darlene Hard por 6/4 e 6/3, em 43 minutos, e se tornou a primeira sul-americana campeã.
Hoje, a brasileira, chamada só de Maria Bueno pelos britânicos, é uma das convidadas de honra e estará no camarote para acompanhar a decisão.
No mais tradicional torneio do tênis, esporte que pouco alterou as regras estabelecidas no século 19, ela acompanhará o jogo com algumas mudanças que poderiam ter prolongado sua carreira e tornado-a ainda mais recheada de feitos.
Um ano antes do triunfo individual, Maria Esther havia conquistado o título de duplas em Wimbledon ao lado da já consagrada americana Althe Gibson. Foi a primeira de oito conquistas no All England Lawn Tennis Club -foram três em simples e cinco em duplas.
Apesar de ter sido formada no saibro (começou nas quadras do Clube de Regatas Tietê, em São Paulo), Maria Esther tinha um estilo que se adequava perfeitamente à grama: um saque potente e subidas à rede com bastante frequência.
Em 1960, Maria Esther defendeu seu título com maestria ao vencer a sul-africana Sandra Reynolds por 8/6 e 6/0.
Nesse mesmo ano, a brasileira conquistou outro feito histórico e se tornou a primeira mulher a fechar o Grand Slam (títulos no Aberto da Austrália, Roland Garros, Wimbledon e Aberto dos EUA) em duplas.
Em simples, ela também conseguiu quatro títulos do Aberto dos EUA. Nas duplas, feminina e mista, amealhou 19 títulos de Grand Slams.
Mas a overdose causou problemas. Maria Esther conta que, em seu auge, após uma semana chuvosa em Londres, os jogos encavalaram e ela teve que disputar mais de 120 games em um dia, entrando em quadra às 14h e saindo após as 22h.
Com o agravante que, em duplas mistas, o jogo é sempre direcionado nas mulheres.
Seu corpo não aguentou. Foi um longo período no estaleiro e 15 cirurgias no braço.
A situação de Maria Esther poderia ser aliviada com o teto retrátil, inaugurado neste ano (que evitaria tantos atrasos), e com o tie-break (parciais como 15/13 e 16/14 eram comuns).
Mesmo minada por contusões, Maria Esther, que recebeu 15 libras pelo título de 1959, atuou no profissionalismo (iniciado em 1968) e é uma das raras tenistas a conquistar títulos em três décadas diferentes.
Hoje, Venus e Serena Wil-liams não precisarão fazer a saudação em direção ao camarote, mas Maria Bueno, eleita a melhor tenista latino-americana do século 20, sempre será reverenciada em Wimbledon.


Texto Anterior: A escalada dos empates
Próximo Texto: Em casa: País faz poucas comemorações
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.