São Paulo, domingo, 04 de julho de 2010

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PAULO VINICIUS COELHO

A culpa da CBF


O pecado mortal da renovação brasileira é que o país parou de produzir meias--armadores


RICARDO TEIXEIRA fica na África do Sul para promover a Copa de 2014. Precisa voltar logo ao Brasil para trabalhar pela seleção brasileira.
Com agenda de amistosos completa no segundo semestre apenas para atender aos negócios da CBF, é tempo de pensar em que seleção montar para ganhar a Copa em casa, em 2014. Teixeira pode ficar na história por ter deixado ao país elefantes brancos, erguidos com dinheiro público. Precisa trabalhar para, no mínimo, oferecer a alegria que o país nunca teve, de um título dentro de casa.
O início do trabalho será árduo. Se escolher Luiz Felipe Scolari, Leonardo, Mano Menezes ou Muricy Ramalho para a sucessão de Dunga, qualquer um terá de pensar num novo time a partir da seleção mais idosa de todos os tempos. Só em 1962 os titulares tinham média mais alta (30,7), mas o grupo inteiro de 2010 é o mais velho de todas as Copas.
Significa que o sucessor de Dunga terá de pensar em dois novos titulares para a zaga, um novo lateral esquerdo, dois novos cabeças de área e outro centroavante, porque Luis Fabiano já tem 29 anos. E buscar meias-armadores.
Eis o pecado mortal da renovação brasileira. O país parou de produzir meias-armadores. À parte o aparecimento de Paulo Henrique Ganso no primeiro semestre, o Brasil revela muito mais meias como os antigos pontas de lança, como Kaká, do que velhos armadores.
Há dez anos, quando não se jactava de ter conquistado o direito de ser sede da Copa do Mundo, a administração da CBF se orgulhava das vitórias nos Mundiais sub-20 e sub-17 da Fifa.
Campeão mundial sub-20 em 1993 e 2003, campeão mundial sub-17 em 1997, 1999 e 2003. Da final sub-20 de 2003 contra a Espanha, o Brasil carregou dois reservas para 2010, Daniel Alves e Nilmar. A Espanha tem Iniesta, dono de seu time. Da decisão sub-17 de 2003, também contra os espanhóis, o Brasil não tem nenhum convocado em 2010. A Espanha herdou Fàbregas e David Silva.
Se Ricardo Teixeira vai pensar na Copa de 2014, que escolha um diretor técnico capaz de organizar o futebol em todas as suas divisões, integrá-las e fazer com que as seleções se gerenciem. Dunga deixa como legado uma seleção envelhecida e um trabalho duro para montar um bom time para 2014. Mas a culpa não é só dele.

pvc@uol.com.br


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