São Paulo, domingo, 04 de julho de 2010

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Messi falha no papel de "herdeiro"

Mundial em branco do astro acaba com as comparações com Maradona

DOS ENVIADOS À CIDADE DO CABO

Messi chegou à Copa com a quase impossível missão de repetir o Maradona de 1986. E ficou muito distante disso.
O melhor jogador do mundo na atualidade saiu da África do Sul sem marcar um mísero gol. Suas jogadas de efeito pouco deram resultado, inclusive ontem, quando, bem marcado, começou pela direita, tentou pelo centro e forçou mais no segundo tempo pelo lado esquerdo. Nada.
A torcida se entusiasmava no estádio cada vez que ele pegava na bola, algo comum nos jogos do Barcelona.
Mas os chutes não tiveram endereço certo, uma arrancada para a linha de fundo terminou em um cruzamento para fora, a falta parou na barreira e a melhor assistência não acabou em gol.
Diego Maradona, em seu segundo Mundial, em 1986, marcou cinco vezes, fez gols antológicos. Lionel Messi, em sua segunda Copa, teve pequenos lampejos, nada para ficar na história.
Ontem, quando o placar já estava 4 a 0 para a Alemanha e Messi esboçava uma cara de choro, ele driblou dois adversários e chutou nas mãos do goleiro Neuer. Fim.
O telão mostrava o rosto de Messi e pouco depois o de Maradona. Se o futebol dos dois se assemelha, a história de ambos em Copas é separada por um enorme abismo.
O treinador e ídolo deu toda a liberdade do mundo para Messi fazer o que quisesse dentro de campo.
"O Leo não tem posição, não posso inibi-lo, impedi-lo de fazer as suas jogadas", afirmou Maradona.
Com o peso de um país que o contesta tantas vezes, Messi não explodiu. Foi ofuscado durante a Copa até por companheiros, como Tevez, mais aguerrido, e Higuaín, mais artilheiro no Mundial.
Os argentinos que questionaram tanto o rendimento fraco de Messi pela equipe ganharam um prato completo no Mundial sul-africano.
O técnico Maradona foi elogiado, o time foi festejado até ontem, e Messi ficou como coadjuvante das horas boas, decepção dos momentos ruins, da queda.
Os alemães não precisaram apelar para faltas ou para marcação individual, algo que Maradona enfrentou e superou em 1986 e até em 1990, o último ano em que a Argentina foi às semifinais de uma Copa do Mundo.
Com mais companheiros de qualidade do meio-campo para a frente do que tinha Maradona 24 anos atrás, Messi não chamou tanto a responsabilidade para si.
E isso talvez seja a grande diferença mesmo do maior jogador argentino de todos os tempos para o melhor jogador argentino que apareceu depois dele.
A Copa repete com Messi a sina de castigar, em maior ou menor grau, os melhores do mundo vigentes. Foi assim com Ronaldinho em 2006, Figo em 2002, Ronaldo em 1998 e Baggio em 1994. (JOSÉ GERALDO COUTO E RODRIGO BUENO)


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