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Messi falha no papel de "herdeiro"
Mundial em branco do astro acaba com as comparações com Maradona
DOS ENVIADOS À CIDADE DO CABO
Messi chegou à Copa com
a quase impossível missão de
repetir o Maradona de 1986. E
ficou muito distante disso.
O melhor jogador do mundo na atualidade saiu da África do Sul sem marcar um mísero gol. Suas jogadas de
efeito pouco deram resultado, inclusive ontem, quando,
bem marcado, começou pela
direita, tentou pelo centro e
forçou mais no segundo tempo pelo lado esquerdo. Nada.
A torcida se entusiasmava
no estádio cada vez que ele
pegava na bola, algo comum
nos jogos do Barcelona.
Mas os chutes não tiveram
endereço certo, uma arrancada para a linha de fundo terminou em um cruzamento
para fora, a falta parou na
barreira e a melhor assistência não acabou em gol.
Diego Maradona, em seu
segundo Mundial, em 1986,
marcou cinco vezes, fez gols
antológicos. Lionel Messi,
em sua segunda Copa, teve
pequenos lampejos, nada
para ficar na história.
Ontem, quando o placar já
estava 4 a 0 para a Alemanha
e Messi esboçava uma cara
de choro, ele driblou dois adversários e chutou nas mãos
do goleiro Neuer. Fim.
O telão mostrava o rosto de
Messi e pouco depois o de
Maradona. Se o futebol dos
dois se assemelha, a história
de ambos em Copas é separada por um enorme abismo.
O treinador e ídolo deu toda a liberdade do mundo para Messi fazer o que quisesse
dentro de campo.
"O Leo não tem posição,
não posso inibi-lo, impedi-lo
de fazer as suas jogadas",
afirmou Maradona.
Com o peso de um país que
o contesta tantas vezes, Messi não explodiu. Foi ofuscado
durante a Copa até por companheiros, como Tevez, mais
aguerrido, e Higuaín, mais
artilheiro no Mundial.
Os argentinos que questionaram tanto o rendimento
fraco de Messi pela equipe
ganharam um prato completo no Mundial sul-africano.
O técnico Maradona foi
elogiado, o time foi festejado
até ontem, e Messi ficou como coadjuvante das horas
boas, decepção dos momentos ruins, da queda.
Os alemães não precisaram apelar para faltas ou para marcação individual, algo
que Maradona enfrentou e
superou em 1986 e até em
1990, o último ano em que a
Argentina foi às semifinais
de uma Copa do Mundo.
Com mais companheiros
de qualidade do meio-campo
para a frente do que tinha
Maradona 24 anos atrás,
Messi não chamou tanto a
responsabilidade para si.
E isso talvez seja a grande
diferença mesmo do maior
jogador argentino de todos
os tempos para o melhor jogador argentino que apareceu depois dele.
A Copa repete com Messi a
sina de castigar, em maior ou
menor grau, os melhores do
mundo vigentes. Foi assim
com Ronaldinho em 2006,
Figo em 2002, Ronaldo em
1998 e Baggio em 1994.
(JOSÉ GERALDO COUTO E RODRIGO BUENO)
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