São Paulo, domingo, 04 de julho de 2010

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UM MUNDO QUE TORCE

Barrado no baile

Depois de eliminação na primeira fase, dinamarqueses se divertem em festival de rock

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A COPENHAGUE

Assistir a um jogo da Copa no lugar mais badalado da Dinamarca neste início de (curto) verão não é fácil. Não se você está sem ingresso.
A ideia era ver Alemanha x Argentina num dos telões montados em Roskilde, um dos cinco maiores festivais de música da Europa: 110 mil pessoas na edição de 2009.
De Copenhague para Roskilde, 40 km, 25 minutos de trem. Da estação de Roskilde para a entrada do festival, cerca de 5 km e um táxi. Dividido com dois dinamarqueses e um norueguês.
"Não fale de futebol com um dinamarquês", alerta Adrian Poulsen, o senhor no banco da frente. "A derrota para os japoneses foi quase tão ruim quanto perder para os suecos. Uma vergonha."
A senhora no banco de trás, ao lado do repórter, ri. Ela leva marmitas no colo.
"Comida para meus filhinhos, que estão há dois dias no festival", diz. Três pirulões de mais de 1,90 m que a esperam no ponto do táxi.
O norueguês, Harald Holst, leva a esperança do ingresso: um cartaz, em inglês e dinamarquês. "Deu certo nos últimos dias. Você só precisa ficar atento com falsificações. Mas é fácil."
É. Mas ontem não foi. A espera, ao lado de Holst e seu cartaz, durou uma hora.
Dois ciganos até tentaram vender ingressos falsos. E a única chance real veio com uma moradora de Roskilde. O problema: ela queria 3.000 coroas dinamarquesas no ingresso, cerca de R$ 900.
Muito caro. Nada feito. "Não sabia que havia tantos fãs do Muse", declara Holst, sobre a banda britânica que seria a atração do dia.
Hoje, o ponto alto será o show de Prince. Anteontem, o festival recebeu uma corrida de mulheres nuas.
Enfim... Novo táxi, agora sem dividir a conta. Nova viagem de trem. Novo plano.
E assim, Copenhague, e não Roskilde, foi a 22ª parada da série "Um Mundo Que Torce". O lugar, a Radhuspladsen, a praça diante da prefeitura, centro da cidade.
Coincidência ou resultado da tal vergonha após a derrota por 3 a 1 para o Japão que tirou o país da Copa ainda na primeira fase, não há mais nenhuma referência ao Mundial nas ruas da cidade.
Na Frederiksberggarde, uma das principais vias comerciais, a Town Shop, loja de suvenires, sofre com cachecóis e chapéus encalhados. "É claro que a gente vendia mais quando a seleção estava na Copa. Agora, não sai nada", comenta Daniela Henriksen, vendedora.
O preço do chapéu vermelho, em forma de bola de futebol, continua o mesmo, 85 coroas, ou R$ 25. Mas três saem por 200 coroas, R$ 60.
O pub escolhido para assistir ao jogo chama a atenção pelo letreiro sincero: "Talvez a melhor cerveja da cidade". Mais que o suficiente para atrair os alemães.
"Eu vim para um festival de jazz aqui na cidade, e a banda que eu queria ver vai tocar agora. Mas escolhi ver o jogo", conta Marc Heckmann, que vive em Munique.
O casal de argentinos, turistas vindos de Córdoba, não durou muito no bar. Foi embora antes do terceiro gol.
Na praça diante do pub, após o jogo, nenhuma movimentação anormal. Em Copenhague. Porque em Roskilde... Bom, fica para 2011.


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