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UM MUNDO QUE TORCE
Barrado no baile
Depois de eliminação na primeira fase, dinamarqueses se divertem em festival de rock
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A COPENHAGUE
Assistir a um jogo da Copa
no lugar mais badalado da
Dinamarca neste início de
(curto) verão não é fácil. Não
se você está sem ingresso.
A ideia era ver Alemanha x
Argentina num dos telões
montados em Roskilde, um
dos cinco maiores festivais
de música da Europa: 110 mil
pessoas na edição de 2009.
De Copenhague para Roskilde, 40 km, 25 minutos de
trem. Da estação de Roskilde
para a entrada do festival,
cerca de 5 km e um táxi. Dividido com dois dinamarqueses e um norueguês.
"Não fale de futebol com
um dinamarquês", alerta
Adrian Poulsen, o senhor no
banco da frente. "A derrota
para os japoneses foi quase
tão ruim quanto perder para
os suecos. Uma vergonha."
A senhora no banco de
trás, ao lado do repórter, ri.
Ela leva marmitas no colo.
"Comida para meus filhinhos, que estão há dois dias
no festival", diz. Três pirulões de mais de 1,90 m que a
esperam no ponto do táxi.
O norueguês, Harald
Holst, leva a esperança do ingresso: um cartaz, em inglês
e dinamarquês. "Deu certo
nos últimos dias. Você só
precisa ficar atento com falsificações. Mas é fácil."
É. Mas ontem não foi. A espera, ao lado de Holst e seu
cartaz, durou uma hora.
Dois ciganos até tentaram
vender ingressos falsos. E a
única chance real veio com
uma moradora de Roskilde.
O problema: ela queria 3.000
coroas dinamarquesas no ingresso, cerca de R$ 900.
Muito caro. Nada feito.
"Não sabia que havia tantos
fãs do Muse", declara Holst,
sobre a banda britânica que
seria a atração do dia.
Hoje, o ponto alto será o
show de Prince. Anteontem,
o festival recebeu uma corrida de mulheres nuas.
Enfim... Novo táxi, agora
sem dividir a conta. Nova viagem de trem. Novo plano.
E assim, Copenhague, e
não Roskilde, foi a 22ª parada
da série "Um Mundo Que
Torce". O lugar, a Radhuspladsen, a praça diante da
prefeitura, centro da cidade.
Coincidência ou resultado
da tal vergonha após a derrota por 3 a 1 para o Japão que
tirou o país da Copa ainda na
primeira fase, não há mais
nenhuma referência ao Mundial nas ruas da cidade.
Na Frederiksberggarde,
uma das principais vias comerciais, a Town Shop, loja
de suvenires, sofre com cachecóis e chapéus encalhados. "É claro que a gente vendia mais quando a seleção
estava na Copa. Agora, não
sai nada", comenta Daniela
Henriksen, vendedora.
O preço do chapéu vermelho, em forma de bola de futebol, continua o mesmo, 85
coroas, ou R$ 25. Mas três
saem por 200 coroas, R$ 60.
O pub escolhido para assistir ao jogo chama a atenção pelo letreiro sincero:
"Talvez a melhor cerveja da
cidade". Mais que o suficiente para atrair os alemães.
"Eu vim para um festival
de jazz aqui na cidade, e a
banda que eu queria ver vai
tocar agora. Mas escolhi ver o
jogo", conta Marc Heckmann, que vive em Munique.
O casal de argentinos, turistas vindos de Córdoba,
não durou muito no bar. Foi
embora antes do terceiro gol.
Na praça diante do pub,
após o jogo, nenhuma movimentação anormal. Em Copenhague. Porque em Roskilde... Bom, fica para 2011.
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