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CBF + C13 + TJD = CJH ...e tudo acaba onde começou
DA SUCURSAL DO RIO E
DA REPORTAGEM LOCAL
Principal responsável pela bagunça que dominou o futebol nacional nos últimos meses, o TJD
(Tribunal de Justiça Desportiva),
agora STJD, retomou o controle
sobre o tapetão da Copa João Havelange, torneio que substituirá o
Brasileiro neste ano.
Em reunião com a CBF, o Clube
dos 13 decidiu ontem à tarde arquivar a criação do Tribunal de
Penas da Copa João Havelange e
devolver poderes ao TJD, que,
após a sanção da Lei Pelé, passou
a se chamar STJD (Supremo Tribunal de Justiça Desportiva).
Com a extinção do Tribunal de
Penas, fica claro que a Copa João
Havelange é nada menos que uma
versão inchada do Brasileiro, já
que o fórum criado pelo Clube
dos 13 era uma das poucas coisas
que diferenciavam o novo torneio
dos Nacionais disputados nos últimos anos.
Pressionados pelos auditores do
STJD, dirigentes dos principais
clubes do país se reuniram ontem
com o presidente interino da CBF,
Alfredo Nunes, para possibilitar a
disputa da Copa João Havelange.
O STJD é o órgão que julga todas as questões disciplinares
ocorridas nas competições realizadas pela CBF.
Do encontro, saiu o acordo revogando o Tribunal de Penas.
""Ninguém ganhou e ninguém
perdeu. O consenso finalmente
funcionou. O importante é que o
futebol brasileiro continua forte",
declarou Alfredo Nunes.
O dirigente também anunciou
ontem uma das poucas diferenças
do "novo" STJD em relação ao
TJD: o órgão vai funcionar fora do
prédio da CBF.
De acordo com Nunes, o tribunal será aberto na antiga sede da
Federação de Futebol do Estado
do Rio de Janeiro, que funcionava
em um prédio no centro do Rio.
O Tribunal de Penas, que seria o
responsável pela aplicação das
punições nas questões disciplinares do torneio, criou um impasse
jurídico logo no início da Copa
João Havelange.
A sua criação era uma tentativa
dos principais dirigentes do Clube dos 13 para acabar com o poder do STJD, que era acusado de
favorecer clubes cariocas.
O novo órgão, que não saiu do
papel, funcionaria em São Paulo e
não teria nenhum integrante do
Rio de Janeiro.
O fórum do Clube dos 13 era
atacado pelos auditores do STJD
porque, para eles, não respeitava
o princípio da defesa -determinaria as penas sem ouvir os acusados- e a Constituição.
A confusão sobre qual seria o
órgão responsável pela Justiça
Desportiva durante a Copa João
Havelange teve início na semana
passada.
Temendo perder o poder, os auditores do STJD recorreram aos
tribunais para adiar a abertura do
Nacional-2000.
Na última quinta-feira, o presidente interino do STJD, Paulo César Salomão, enviou uma ordem
ao presidente da CBF, Ricardo
Teixeira, determinando que nos
próximos dez dias o Tribunal de
Penas deveria ser extinto.
Ele acatou o pedido do Sindicato dos Atletas de Futebol do Estado do Rio de Janeiro e da Promotoria do próprio STJD.
No despacho, Salomão ameaçara destituir Teixeira do cargo, caso a decisão não fosse cumprida
no prazo previsto. O prazo terminaria na segunda-feira.
Desde 1998, a CBF tenta desvincular a sua imagem do STJD.
Antes da Lei Pelé, todos os auditores do tribunal eram indicados
pela confederação nacional, o que
não acontece mais.
Agora, os auditores são escolhidos pelos sindicatos dos atletas,
dos árbitros, pela própria CBF,
pela OAB (Ordem dos Advogados
do Brasil) e pelos clubes.
O caso gerou também uma crise
interna no Clube dos 13.
Liderados pelo presidente do
Palmeiras, Mustafá Contursi, os
clubes paulistas ameaçaram deixar a Copa João Havelange caso o
Tribunal de Penas fosse extinto.
O fim do novo fórum foi, portanto, uma vitória dos dirigentes
cariocas, liderados pelo vascaíno
Eurico Miranda, sobre os paulistas. A Folha tentou falar com
Contursi ontem, mas não localizou o dirigente.
A decisão de ontem remete ao
início da mais recente confusão
no futebol brasileiro.
Foi o TJD que, em novembro do
ano passado, baseando-se numa
versão adulterada do Código Brasileiro Disciplinar do Futebol,
condenou o São Paulo pela escalação do atacante Sandro Hiroshi
na vitória sobre o Botafogo-RJ
por 6 a 1, dando os pontos do jogo
ao Botafogo, o que causou o rebaixamento do Gama.
A decisão detonou o "caso Gama" -o time do Distrito Federal
obteve na Justiça Comum o direito de permanecer na primeira divisão e iniciou uma batalha jurídica com a CBF e o Clube dos 13-,
que se estendeu até o mês passado
e pôs em risco a realização do Nacional deste ano.
Os adversários acabaram entrando num acordo, com o Gama
se mantendo na primeira divisão.
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