São Paulo, sexta-feira, 04 de agosto de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

+ESPORTE - PENSE
SP exibe filme sobre tragédia olímpica que venceu Oscar-2000

LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo que seja por uma via mórbida, um bom modo de entrar de vez no clima olímpico é prestigiar no próximo domingo a sessão do premiado "Um Dia em Setembro", documentário sobre o histórico assassinato de nove atletas israelenses na Olimpíada de Munique, em 1972.
O filme é a grande atração do 5º Festival de Cinema Judaico, que está sendo realizado em SP. O filme, dirigido pelo jovem escocês Kevin MacDonald, encerra a mostra, às 20h. A entrada é franca.
A importância de "Um Dia em Setembro" pode ser medida pelas fortes credenciais com que esse documentário olímpico de 95 minutos chega ao Brasil para exibição única, sem previsão de estréia no circuito comercial.
O filme arrebatou o Oscar 2000 da categoria, desbancando o cultuado "Buena Vista Social Club", do diretor Wim Wenders. E tem narração do astro norte-americano Michael Douglas.
"Um Dia em Setembro" reconta meticulosamente o episódio mais sangrento da história olímpica, quando membros da delegação israelense foram sequestrados e mortos por um grupo extremista palestino chamado Setembro Negro, numa manobra que começou ruim na Vila Olímpica e terminou pior, com uma batalha entre a polícia alemã e os terroristas.
O filme não é um documentário tradicional. Intercalando ricas imagens de arquivo com depoimentos de pessoas que estiveram envolvidas na tragédia, "Um Dia em Setembro" é montado como um thriller de imenso suspense, criado por tomadas em câmera lenta. A trilha sonora, pulsante, é recheada de rock da época.
Mesmo com o Oscar na bagagem, ainda hoje o filme não conseguiu entrar em cartaz nos EUA, devido a suas imagens fortes e de assunto extremamente delicado, que é a questão árabe-israelense.
O filme passou por uma "suavização" de cenas. Teve 37 segundos cortados e algumas de suas fotos, embaçadas. Uma das imagens mais polêmicas é a do halterofilista israelense Josef Romano, assassinado na Vila e altamente exposta no documentário, largado no meio do quarto para servir de exemplo aos reféns.
"Um Dia em Setembro" colheu algumas reações negativas por parte da crítica britânica, quando estreou na Inglaterra, em maio. Foi acusado ora de glamourizar os terroristas, ora de explicar superficialmente a questão da libertação da Palestina, comprometendo o "contexto" do ataque.
Entre muitos trunfos do filme, o mais destacado é o de trazer depoimentos e mostrar o terrorista Jamal Al Gashey, o único vivo do Setembro Negro. Do trágico episódio olímpico, apenas três terroristas sobreviveram. Dois foram mortos tempos depois pelo serviço secreto israelense. Sobrou Gashey, que, segundo o filme, vive hoje escondido na África.
E-mail mais.esporte@uol.com.br


Filme: Um Dia em Setembro Diretor: Kevin MacDonald Quando: domingo, 20h
Onde: Hebraica, teatro Arthur Rubinstein (tel.: 0/xx/11/3818-8888)
Ingressos: entrada franca; ingressos são retirados 15 minutos antes da sessão; capacidade: 700 lugares


Texto Anterior: Boxe - Eduardo Ohata: Adeus a Chávez
Próximo Texto: Massacre manchou Munique-1972
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.