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+ESPORTE - PENSE
SP exibe filme sobre tragédia
olímpica que venceu Oscar-2000
LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo que seja por uma via
mórbida, um bom modo de entrar de vez no clima olímpico é
prestigiar no próximo domingo a
sessão do premiado "Um Dia em
Setembro", documentário sobre
o histórico assassinato de nove
atletas israelenses na Olimpíada
de Munique, em 1972.
O filme é a grande atração do 5º
Festival de Cinema Judaico, que
está sendo realizado em SP. O filme, dirigido pelo jovem escocês
Kevin MacDonald, encerra a
mostra, às 20h. A entrada é franca.
A importância de "Um Dia em
Setembro" pode ser medida pelas
fortes credenciais com que esse
documentário olímpico de 95 minutos chega ao Brasil para exibição única, sem previsão de estréia
no circuito comercial.
O filme arrebatou o Oscar 2000
da categoria, desbancando o cultuado "Buena Vista Social Club",
do diretor Wim Wenders. E tem
narração do astro norte-americano Michael Douglas.
"Um Dia em Setembro" reconta
meticulosamente o episódio mais
sangrento da história olímpica, quando membros da delegação israelense foram sequestrados e mortos por
um grupo extremista palestino
chamado Setembro Negro, numa
manobra que começou ruim na
Vila Olímpica e terminou pior,
com uma batalha entre a polícia
alemã e os terroristas.
O filme não é um documentário
tradicional. Intercalando ricas
imagens de arquivo com depoimentos de pessoas que estiveram
envolvidas na tragédia, "Um Dia
em Setembro" é montado como
um thriller de imenso suspense,
criado por tomadas em câmera
lenta. A trilha sonora, pulsante, é
recheada de rock da época.
Mesmo com o Oscar na bagagem, ainda hoje o filme não conseguiu entrar em cartaz nos EUA,
devido a suas imagens fortes e de
assunto extremamente delicado,
que é a questão árabe-israelense.
O filme passou por uma "suavização" de cenas. Teve 37 segundos cortados e algumas de suas
fotos, embaçadas. Uma das imagens mais polêmicas é a do halterofilista israelense Josef Romano,
assassinado na Vila e altamente
exposta no documentário, largado no meio do quarto para servir
de exemplo aos reféns.
"Um Dia em Setembro" colheu
algumas reações negativas por
parte da crítica britânica, quando
estreou na Inglaterra, em maio.
Foi acusado ora de glamourizar
os terroristas, ora de explicar superficialmente a questão da libertação da Palestina, comprometendo o "contexto" do ataque.
Entre muitos trunfos do filme, o
mais destacado é o de trazer depoimentos e mostrar o terrorista
Jamal Al Gashey, o único vivo do
Setembro Negro. Do trágico episódio olímpico, apenas três terroristas sobreviveram. Dois foram
mortos tempos depois pelo serviço secreto israelense. Sobrou Gashey, que, segundo o filme, vive
hoje escondido na África.
E-mail
mais.esporte@uol.com.br
Filme: Um Dia em Setembro
Diretor: Kevin MacDonald
Quando: domingo, 20h
Onde: Hebraica, teatro Arthur
Rubinstein (tel.: 0/xx/11/3818-8888)
Ingressos: entrada franca; ingressos são
retirados 15 minutos antes da sessão;
capacidade: 700 lugares
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