São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasil olímpico é o mais velho desde Melbourne-56

Com quarentões na vela e até no atletismo, equipe do país fica mais rodada na Olimpíada de Atenas, mesmo com uma legião de adolescentes entre as mulheres

GUILHERME ROSEGUINI
ROBERTO DIAS
ENVIADOS ESPECIAIS A ATENAS

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os 245 atletas que representam o país em Atenas formam a delegação mais velha do Brasil nos últimos 48 anos de Olimpíada.
A média de idade é de 26,2 anos, acima do usual nas 11 Olimpíadas passadas. A última vez que o perfil da delegação nacional superou os 26 anos foi em Melbourne, nos Jogos de 1956, segundo informações registradas nas fichas de inscrições guardadas no Comitê Olímpico Brasileiro, no Rio.
A idade da seleção é alavancada principalmente pela participação de três quarentões no time que compete na Grécia.
Torben Grael puxa a fila. Aos 44 anos, o velejador da classe star completa em Atenas sua sexta participação nos Jogos, recorde absoluto entre atletas brasileiros.
Ele debutou em Los Angeles-1984, mas suas lembranças olímpicas remontam à infância. "Meu avô era dono de um barco que ganhou medalha de prata nos Jogos de Paris, em 1924. Com quatro anos, eu já velejava nele ao lado de meus tios", lembra.
Com essa idade, outro veterano da delegação nem sonhava em praticar esportes. João Carlos Jordão, 42, teve seu primeiro contato com a vela somente aos 15 anos.
Ele precisou da ajuda de um companheiro para chegar à primeira Olimpíada de sua vida. Às vésperas do Mundial de sua classe, a Tornado, Jordão sofreu uma lesão na coluna cervical. Kiko Pelicano, medalhista olímpico em Atlanta-1996, assumiu seu posto e conquistou uma vaga para o Brasil nos Jogos gregos.
Como havia triunfado na seletiva nacional, Jordão pôde fazer as malas e embarcar para a Grécia ao lado de Maurício Santa Cruz, seu companheiro de barco.
"Graças ao Kiko Pelicano, que foi no meu lugar, garantimos a vaga. Se tivesse ido ao Mundial contundido, certamente eu não conseguiria conquistar um lugar nos Jogos", disse o velejador.
Caso fique tenso na estréia, pode pedir alguns conselhos a Maria Magnólia Figueiredo. Integrante do revezamento 4 x 400 m, ela volta às pistas olímpicas após ter abandonado a carreira.
Depois de uma contusão que a afastou do esporte entre 1999 e 2000, Magnólia decidiu pôr fim a sua trajetória no esporte. O marido e técnico José Figueiredo bateu o pé e convenceu a atleta de 40 anos a tentar mais uma vez um lugar na Olimpíada. Deu certo.
Após Seul-1988 e Atlanta-1996, ela reaparece em Atenas. E carrega no currículo a prova de que merece a vaga. O recorde brasileiro dos 400 m ainda é dela -50s62-, estabelecido em 1990.
O contraponto ao trio vem da ginástica rítmica: Jennifer Oliveira, 15, é a mais nova da equipe brasileira. Quando ela nasceu, Torben Grael já ostentava duas medalhas olímpicas (uma prata em Los Angeles-84 e um bronze em Seul-88).
Após 1956, a média de idade da delegação variou bastante. O ponto mais baixo ocorreu em 1964, nos Jogos Olímpicos de Tóquio: 24,7 anos, algo que quase se repetiria em 1980, na competição realizada em Moscou (24,8).
Em termo de idade, o perfil da delegação brasileira em Atenas é também bem próximo ao da seleção que conquistou o penta na Copa do Mundo -o time de Luiz Felipe Scolari tinha, em média, 26,5 anos em 2002.
As mulheres, que formam quase metade da delegação brasileira (são 122 no total de 245), têm média de idade bem mais baixa do que a dos homens: 25 contra 27,5.
Nenhum integrante da equipe masculina tem menos de 18 anos. Entre as mulheres, são nove as que não atingiram a maioridade.
Grande parte dos principais nomes que o Brasil leva a esta Olimpíada está acima da média de idade da delegação. Além de Grael (44), figuram nessa categoria Robert Scheidt (31), também da vela, o tenista Gustavo Kuerten (27) e o judoca Carlos Honorato ( 29).
Por outro lado, a mais badalada atleta da seleção tem apenas 21 anos -é Daiane dos Santos.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Delegação é mais experiente que a dos EUA
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.