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Brasil olímpico é o mais velho desde Melbourne-56
Com quarentões na vela e até no atletismo, equipe do
país fica mais rodada na Olimpíada de Atenas, mesmo
com uma legião de adolescentes entre as mulheres
GUILHERME ROSEGUINI
ROBERTO DIAS
ENVIADOS ESPECIAIS A ATENAS
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os 245 atletas que representam
o país em Atenas formam a delegação mais velha do Brasil nos últimos 48 anos de Olimpíada.
A média de idade é de 26,2 anos,
acima do usual nas 11 Olimpíadas
passadas. A última vez que o perfil
da delegação nacional superou os
26 anos foi em Melbourne, nos Jogos de 1956, segundo informações
registradas nas fichas de inscrições guardadas no Comitê Olímpico Brasileiro, no Rio.
A idade da seleção é alavancada
principalmente pela participação
de três quarentões no time que
compete na Grécia.
Torben Grael puxa a fila. Aos 44
anos, o velejador da classe star
completa em Atenas sua sexta
participação nos Jogos, recorde
absoluto entre atletas brasileiros.
Ele debutou em Los Angeles-1984, mas suas lembranças olímpicas remontam à infância. "Meu
avô era dono de um barco que ganhou medalha de prata nos Jogos
de Paris, em 1924. Com quatro
anos, eu já velejava nele ao lado de
meus tios", lembra.
Com essa idade, outro veterano
da delegação nem sonhava em
praticar esportes. João Carlos Jordão, 42, teve seu primeiro contato
com a vela somente aos 15 anos.
Ele precisou da ajuda de um
companheiro para chegar à primeira Olimpíada de sua vida. Às
vésperas do Mundial de sua classe, a Tornado, Jordão sofreu uma
lesão na coluna cervical. Kiko Pelicano, medalhista olímpico em
Atlanta-1996, assumiu seu posto e
conquistou uma vaga para o Brasil nos Jogos gregos.
Como havia triunfado na seletiva nacional, Jordão pôde fazer as
malas e embarcar para a Grécia ao
lado de Maurício Santa Cruz, seu
companheiro de barco.
"Graças ao Kiko Pelicano, que
foi no meu lugar, garantimos a vaga. Se tivesse ido ao Mundial contundido, certamente eu não conseguiria conquistar um lugar nos
Jogos", disse o velejador.
Caso fique tenso na estréia, pode pedir alguns conselhos a Maria
Magnólia Figueiredo. Integrante
do revezamento 4 x 400 m, ela volta às pistas olímpicas após ter
abandonado a carreira.
Depois de uma contusão que a
afastou do esporte entre 1999 e
2000, Magnólia decidiu pôr fim a
sua trajetória no esporte. O marido e técnico José Figueiredo bateu
o pé e convenceu a atleta de 40
anos a tentar mais uma vez um lugar na Olimpíada. Deu certo.
Após Seul-1988 e Atlanta-1996,
ela reaparece em Atenas. E carrega no currículo a prova de que
merece a vaga. O recorde brasileiro dos 400 m ainda é dela
-50s62-, estabelecido em 1990.
O contraponto ao trio vem da
ginástica rítmica: Jennifer Oliveira, 15, é a mais nova da equipe
brasileira. Quando ela nasceu,
Torben Grael já ostentava duas
medalhas olímpicas (uma prata
em Los Angeles-84 e um bronze
em Seul-88).
Após 1956, a média de idade da
delegação variou bastante. O ponto mais baixo ocorreu em 1964,
nos Jogos Olímpicos de Tóquio:
24,7 anos, algo que quase se repetiria em 1980, na competição realizada em Moscou (24,8).
Em termo de idade, o perfil da
delegação brasileira em Atenas é
também bem próximo ao da seleção que conquistou o penta na
Copa do Mundo -o time de Luiz
Felipe Scolari tinha, em média,
26,5 anos em 2002.
As mulheres, que formam quase metade da delegação brasileira
(são 122 no total de 245), têm média de idade bem mais baixa do
que a dos homens: 25 contra 27,5.
Nenhum integrante da equipe
masculina tem menos de 18 anos.
Entre as mulheres, são nove as
que não atingiram a maioridade.
Grande parte dos principais nomes que o Brasil leva a esta Olimpíada está acima da média de idade da delegação. Além de Grael
(44), figuram nessa categoria Robert Scheidt (31), também da vela,
o tenista Gustavo Kuerten (27) e o
judoca Carlos Honorato ( 29).
Por outro lado, a mais badalada
atleta da seleção tem apenas 21
anos -é Daiane dos Santos.
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