São Paulo, segunda-feira, 04 de agosto de 2008

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Brasil absorve ás panamenho

Irving Saladino, candidato ao ouro no salto em distância, treina, come e dorme com equipe nacional

Dono, com folga, da melhor marca de 2008, atleta, que treina no país há quatro anos, pega carona na preparação em Macau para Olimpíada


MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A MACAU

Irving Saladino, 25, destaca-se na pista de atletismo em Macau. É o único que veste uniforme do Panamá em meio a dezenas de atletas que integram a delegação brasileira.
O saltador não é um intruso nem apenas divide o ginásio com a equipe. Radicado no Brasil desde 2004 e treinado por Nélio Moura, é praticamente um membro da delegação que já está em território chinês, para aclimatação, há três dias.
O programa de adaptação de Saladino foi feito de acordo com os planos brasileiros para que o atleta pudesse estar próximo do seu treinador na reta final de preparação para os Jogos Olímpicos de Pequim.
Ele divide não só a pista como também o ônibus e o hotel com os brasileiros. As refeições, preparadas de forma especial a pedido do Comitê Olímpico Brasileiro para que os atletas evitem a comida chinesa, também são as mesmas.
"Ele segue a nossa programação, mas é bancado pelo Panamá. Está totalmente integrado ao grupo", afirma o técnico brasileiro Nélio Moura.
"Na prática, desde 2004 tem sido a mesma coisa. Não há conflito de interesse, até porque não tem ninguém que rivalize com ele [no time nacional]. Ele continua melhorando, e nós temos o melhor do mundo do nosso lado, em quem podemos nos espelhar", completa o treinador Moura.
Também responsável pela preparação de Maurren Maggi, uma das fortes candidatas ao ouro olímpico em Pequim, no salto em distância, Moura tem grandes chances de deixar a China com uma dobradinha de pupilos premiados.
Saladino é o favorito ao ouro em Pequim. No ano passado, foi campeão pan-americano (único ouro do Panamá Rio) e venceu no Mundial em Osaka. Neste ano, saltou 8,73 m. A segunda marca do ano está distante quase 30 cm. Pertence ao cubano Ibrahim Camejo, que atingiu 8,46 m .
"Minha cabeça está bem, treino com vontade de ganhar já no primeiro salto. Eu estou bem focado. Minha cabeça, agora mesmo, está pensando na vitória e em mais nada", diz.
Para Saladino, estar na delegação brasileira não significa apenas ganho técnico. O saltador treina com parte do grupo todos os dias, na pista do Ibirapuera, em São Paulo, graças à parceria da Federação Internacional de Atletismo com a confederação brasileira, e tem relação estreita com seu treinador.
"Nélio é meu pai. Temos uma boa relação dentro e fora das pistas. Ele se dedica muito e te dá muita confiança. Quando você sente que está caindo um pouco, ele fala algumas palavras, e sua moral sobe. Treinando com ele, tenho melhorado muito. E é muito bom conviver com esse grupo, já sou um pouco brasileiro", diz Saladino.
A parceria afinada, porém, deve acabar após os Jogos de Londres, em 2012. O campeão mundial já programa sua aposentadoria para depois de sua terceira olimpíada e deve voltar ao Panamá quando encerrar a carreira no atletismo.
"Já coloquei essa data como limite. Acho que até lá meu corpo agüenta, mas depois...".


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