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Brasil absorve ás panamenho
Irving Saladino, candidato ao ouro no salto em distância, treina, come e dorme com equipe nacional
Dono, com folga, da melhor marca de 2008, atleta, que treina no país há quatro anos, pega carona na preparação em Macau para Olimpíada
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A MACAU
Irving Saladino, 25, destaca-se na pista de atletismo em Macau. É o único que veste uniforme do Panamá em meio a dezenas de atletas que integram a
delegação brasileira.
O saltador não é um intruso
nem apenas divide o ginásio
com a equipe. Radicado no Brasil desde 2004 e treinado por
Nélio Moura, é praticamente
um membro da delegação que
já está em território chinês, para aclimatação, há três dias.
O programa de adaptação de
Saladino foi feito de acordo
com os planos brasileiros para
que o atleta pudesse estar próximo do seu treinador na reta
final de preparação para os Jogos Olímpicos de Pequim.
Ele divide não só a pista como também o ônibus e o hotel
com os brasileiros. As refeições,
preparadas de forma especial a
pedido do Comitê Olímpico
Brasileiro para que os atletas
evitem a comida chinesa, também são as mesmas.
"Ele segue a nossa programação, mas é bancado pelo Panamá. Está totalmente integrado
ao grupo", afirma o técnico brasileiro Nélio Moura.
"Na prática, desde 2004 tem
sido a mesma coisa. Não há
conflito de interesse, até porque não tem ninguém que rivalize com ele [no time nacional].
Ele continua melhorando, e
nós temos o melhor do mundo
do nosso lado, em quem podemos nos espelhar", completa o
treinador Moura.
Também responsável pela
preparação de Maurren Maggi,
uma das fortes candidatas ao
ouro olímpico em Pequim, no
salto em distância, Moura tem
grandes chances de deixar a
China com uma dobradinha de
pupilos premiados.
Saladino é o favorito ao ouro
em Pequim. No ano passado,
foi campeão pan-americano
(único ouro do Panamá Rio) e
venceu no Mundial em Osaka.
Neste ano, saltou 8,73 m. A segunda marca do ano está distante quase 30 cm. Pertence ao
cubano Ibrahim Camejo, que
atingiu 8,46 m .
"Minha cabeça está bem,
treino com vontade de ganhar
já no primeiro salto. Eu estou
bem focado. Minha cabeça,
agora mesmo, está pensando
na vitória e em mais nada", diz.
Para Saladino, estar na delegação brasileira não significa
apenas ganho técnico. O saltador treina com parte do grupo
todos os dias, na pista do Ibirapuera, em São Paulo, graças à
parceria da Federação Internacional de Atletismo com a confederação brasileira, e tem relação estreita com seu treinador.
"Nélio é meu pai. Temos uma
boa relação dentro e fora das
pistas. Ele se dedica muito e te
dá muita confiança. Quando
você sente que está caindo um
pouco, ele fala algumas palavras, e sua moral sobe. Treinando com ele, tenho melhorado
muito. E é muito bom conviver
com esse grupo, já sou um pouco brasileiro", diz Saladino.
A parceria afinada, porém,
deve acabar após os Jogos de
Londres, em 2012. O campeão
mundial já programa sua aposentadoria para depois de sua
terceira olimpíada e deve voltar
ao Panamá quando encerrar a
carreira no atletismo.
"Já coloquei essa data como
limite. Acho que até lá meu corpo agüenta, mas depois...".
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