São Paulo, segunda-feira, 04 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Jade exibe fragilidade e preocupa a ginástica

Insegurança pode estragar performance, diz dirigente

EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM

A fragilidade da ginasta Jade Barbosa, 17, quando se vê frente a multidões ou à mídia preocupa a Confederação Brasileira de Ginástica. A entidade acredita que essa característica introspectiva da atleta possa vir até a prejudicar seu desempenho na Olimpíada, na qual figura como forte candidata ao pódio na modalidade.
""Claro que pode, claro que pode. Se continuar assim...", disse Eliane Martins, chefe da equipe brasileira de ginástica artística ao ser questionada se a reação de Jade, como a do desembarque em Pequim, quando se assustou com a multidão no aeroporto e ameaçou chorar, pode afetar de uma forma negativa a sua performance.
Antes de embarcar para o Japão, onde a equipe de ginástica realizou a sua aclimatação, Jade havia dito que acreditava que o fato de competir na China, onde não é "tão conhecida", seria uma vantagem, pois não sofreria tanta pressão. A ginasta reclamou da pressão por resultados durante o Pan do Rio, realizado no ano passado -ganhou três medalhas (um ouro, uma prata e um bronze).
""Ela [Jade] ainda está assim, assim [após o episódio no aeroporto]... Ela é muito tímida", prosseguiu Eliane, ao procurar explicar que a ginasta segue assustada com o assédio. ""Pode prejudicar, para competir você precisa estar bem tranqüila. Então, tem que haver muita atenção do Oleg [Ostapenko, técnico da seleção feminina]."
Na chegada à China, Jade foi cercada no aeroporto por repórteres e admiradores em busca de uma foto ou de um autógrafo. Assustada, pediu "calma" aos jornalistas e disse não esperar que sua presença provocasse tamanho rebuliço.
A ginasta é considerada uma das favoritas a conquistar uma medalha olímpica, que seria a primeira na história do esporte no Brasil. Ela foi campeã da etapa da Rússia da Copa do Mundo, no salto, e vice no salto e no solo na etapa de Cottbus (ALE), tudo neste ano, além de campeã no salto, prata por equipe e bronze no solo no Pan-07.
Desde que desembarcou em Pequim, na sexta-feira, Jade concedeu somente uma entrevista -teria pedido para não falar, segundo a confederação. Após do treino de ontem de manhã, por exemplo, não deu entrevista. ""Mas uma hora terá de falar", afirmou Eliane.
A sessão foi destinada a uma simulação do primeiro dia de competição nos Jogos, considerado o mais importante, segundo a comissão técnica da seleção de ginástica, pois define a classificação das finais.
A CBG aponta que Jade e as demais ginastas da seleção são atendidas em Curitiba, sede da seleção permanente da modalidade, por uma psicóloga, Ruth Pauls. Inclusive trouxeram na bagagem exercícios de concentração e relaxamento.
Ontem, Diego Hypólito, único representante masculino do país nos Jogos de Pequim, não treinou. Ele ainda não decidiu se disputará na China o solo e o salto ou só o primeiro aparelho.


Texto Anterior: Entrevista: No Panamá, ouro garante feriado extra
Próximo Texto: Site vende US$ 50 mi em ingressos inexistentes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.