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Nova lei é ameaça a caldeirão baiano
Torcida do Vitória quer usar hoje pequenos fogos de artifício, mas pode esbarrar no Estatuto do Torcedor
MATHEUS MAGENTA
DE SALVADOR
Com 100% de aproveitamento dentro de casa na Copa do Brasil, o Vitória aposta
no apoio da torcida para
transformar o estádio Barradão num caldeirão e tentar
reverter hoje a vantagem de 2
a 0 do Santos, em Salvador.
Mas a estratégia da torcida
baiana pode ficar incompleta
devido à nova redação do Estatuto do Torcedor, que vigora desde a última quarta.
Com a mudança na lei, o
torcedor fica proibido de
"utilizar fogos de artifício ou
quaisquer outros engenhos
pirotécnicos ou produtores
de efeitos análogos" ou objetos que possibilitem a "prática de atos de violência".
A torcida do Vitória organizou para a partida de hoje
um "Barradão em Chamas".
Eles planejam utilizar mais
de 10 mil piscas vermelhos
(fogos de artifício pequenos e
não explosivos), para dar a
impressão de que o estádio
está pegando fogo.
Só que mesmo essa estratégia está em risco. O Ministério Público da Bahia e o
Corpo de Bombeiros vão analisar hoje o material e decidir
se ele se aplica ou não às
proibições impostas pelo
Estatuto do Torcedor.
Isso porque ontem, após
uma reunião, Ministério Público, Polícia Militar baiana e
outras autoridades anunciaram que vão fazer cumprir o
estatuto -o que causou reclamação dos torcedores.
Todos os 35 mil ingressos
disponibilizados para a partida já foram vendidos, sendo
3.500 para a torcida santista.
Para Gabriel Oliveira, presidente da principal torcida
organizada do Vitória (Os Imbatíveis), a tentativa de criar
um caldeirão no estádio poderá ser prejudicada.
"As mudanças nos deixaram tristes porque ninguém
vê o lado do torcedor que leva sua bandeira com mastro
ou fogos não explosivos para
fazer uma festa para incentivar o seu time", afirmou.
DESIGUALDADE
O presidente da Federação
Baiana de Futebol, Ednaldo
Rodrigues, citou o uso de sinalizadores -vetados pelo
estatuto- pela torcida do
Santos no primeiro jogo da final, na Vila Belmiro, e defendeu o uso dos piscas hoje.
"Nós nunca tivemos nenhum incidente com esse
material na Bahia. Os piscas
já fazem parte da festa que a
torcida do Vitória faz, é preciso ter isso em vista", afirmou.
Para o promotor Júlio Travessa, que coordena uma comissão de combate à violência nos estádios, o fato de a
torcida do Santos ter usado
fogos de artifício não dá direito à torcida do Vitória de
também usar o material.
"Houve o descumprimento da lei em Santos, mas um
crime não justifica o outro.
Na Bahia, nós temos a conduta de respeitar a lei", disse.
Em cinco jogos na Copa do
Brasil dentro de casa, o time
marcou 19 gols (média de 3,8
por jogo) e não sofreu nenhum. Para chegar até a final, o time baiano derrotou
times como Vasco e Goiás.
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