São Paulo, quinta-feira, 04 de agosto de 2011

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JUCA KFOURI

À camisa 12


Doze é um número mágico no futebol. E a 12ª rodada do Brasileirão o homenageou


FÉRIAS, PARA JORNALISTA, por curtíssimas que sejam, são sempre um problema. Porque, na volta, sobram temas e falta espaço. Além do que, em regra, os temas envelhecem.
Mas certamente não é o caso do já célebre espetáculo protagonizado por Flamengo e Santos, por Ronaldinho e Neymar, na quarta-feira retrasada. Tudo que um romântico quer do futebol esteve ali. Rigorosamente tudo.
Gols magistrais como o de Pelé, digo, de Maradona, isto é, de Neymar, com a bola correndo. Ou com ela parada, como o de Gaúcho.
Erros bisonhos, como o de Elano, que ao querer lembrar a todos que é, como é mesmo, bom batedor de pênaltis, bateu um como nunca havia batido, nem em La Plata.
Arbitragem bandida, capaz de marcar um pênalti cavado por Neymar, e descavado por Elano, e um impedimento criminoso que redundaria já no 3 a 3 para o Flamengo, delitos que, ao fim, não impediram a vitória de quem mais a mereceu.
Jogo franco, aberto, com poucas faltas, no velho estilo do jogar e deixar jogar.
Uma virada de 3 a 0 para 5 a 4, com um jovem astro revelando até que ponto é capaz de brilhar e uma estrela que era tida como cadente, mas que lembrou a todos que quem foi rei não perde a majestade, pelo menos quando não quer perdê-la, caso daquela noite que trazia implícito um desafio.
Na mesma noite, lembremos, o São Paulo chegou a fazer 4 a 0 no Coritiba para ceder, com o rival com dez jogadores, três preocupantes gols numa sequência tão insana que o empate pareceu inevitável.
Mas não é este o jogo da 12ª rodada, a rodada que homenageou o 12º jogador de todos os times, mas o jogo que contrasta com o da Vila Belmiro, aquele antecipado, entre Corinthians e Inter.
Se na Vila foi a festa dos românticos, no Pacaembu foi o delírio dos estudiosos, o jogo da ocupação de espaços, da disputa incessante pela posse da bola e por sua manutenção, também com poucas faltas, daqueles bem disputados e nos quais quem faz um gol ganha, gol que acaba sendo tão emocionante como os muitos de outros jogos.
Se este colunista, extasiado com ambos os jogos, fosse poeta, não teria dúvida em se casar com o jogo da Vila, para morrer um pouco a cada 0 a 0. Mas se filósofo fosse, ficaria com o do Pacaembu e todas as suas metáforas sobre a vida.
Vida vivida em pontos corridos.

blogdojuca@uol.com.br


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