São Paulo, quinta-feira, 04 de agosto de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Mandarim Magnata investe alto, recruta brasileiros e paga salário milionário a Conca para moldar potência do futebol na China FABIANO MAISONNAVE ENVIADO ESPECIAL A GUANGZHOU Em junho de 2010, o atacante Muriqui, 25, trocou o Atlético-MG pelo Guangzhou Evergrande sem nenhuma informação da nova equipe. A chegada à China foi de surpresas desagradáveis: o campo de treino não tinha vestiário, e o time amargava a segunda divisão. O único compatriota no clube era Eduardo Delani, desconhecido primo de Kaká, cujo último time no Brasil havia sido o alagoano CRB. Após 13 meses, Muriqui é o maior ídolo do clube, que lidera o campeonato com nove pontos de vantagem, já ouve a ideia de se naturalizar chinês para jogar na seleção e tem ao lado o zagueiro Paulão, ex-Grêmio, e o atacante paranaense Cleo, artilheiro do torneio, com dez gols. Há 20 dias, o trio ganhou a companhia do meia argentino Conca (ex-Fluminense), no maior negócio do futebol chinês -o salário, estimado em R$ 2 milhões mensais, é um dos mais altos do mundo. E, se há algo para reclamar do recém-inaugurado campo de treinamento, é o exagero. O vestiário tem piso e pias de mármore, espelhos com moldura dourada, lustres de cristal e até duas banheiras mais apropriadas para um spa. O custo das instalações foi de US$ 73 milhões (R$ 114 milhões), segundo o clube. "Só em motel vi coisa parecida", brinca Paulão, numa conversa que reuniu os três jogadores e jornalistas brasileiros no apartamento de Muriqui. "É tudo muito chique." Como se tudo isso fosse pouco, ontem o Guangzhou Evergrande enfrentou o Real Madrid, em amistoso que custou R$ 6,7 milhões, segundo um assessor do time. O milagre da multiplicação do dinheiro é obra do empresário Xu Jiayin, 52, dono da imobiliária Grupo Evergrande e com patrimônio avaliado em US$ 1,2 bilhão pela revista"Forbes", em 2008. Xu é um dos astros da China neocapitalista e gosta de se exibir -só anda num imenso Rolls-Royce preto. Seus negócios incluem o Evergrande Royal Scenic Peninsula, condomínio de luxo com 5.650 apartamentos e casas -onde mora Conca. Um luxuoso hotel no complexo abriga atletas e membros da comissão técnica do time. A aventura de Xu começou em março de 2010, quando comprou o time por R$ 24,3 milhões, sendo comparado a Roman Abramovich (dono do Chelsea). Na época, o time vivia seu pior momento, rebaixado por envolvimento em escândalo de jogos arranjados. Antes dos brasileiros, Xu investiu para trazer alguns dos melhores jogadores chineses -seis estiveram na última convocação. Entre eles, está Sun Xiang, o primeiro chinês a jogar a Liga dos Campeões, pelo PSV Eindhoven. O resultado foi o título do acesso e a volta à elite. "Em vários times daqui, há dois ou três bons estrangeiro, mas os colegas são muito ruins. No Guangzhou, nós temos os melhores jogadores chineses", compara Muriqui. A torcida corresponde. O estádio da cidade recebe em média 45 mil pessoas por partida, o maior público de todos os clubes e bem superior à média de 10 mil por jogo registrada no ano passado. Tratados como ídolos por uma torcida que aplaude quase tudo, os jogadores brasileiros afirmam que a "proposta financeira" é boa, porém não revelam valores. A única reclamação é com métodos da medicina. Com uma distensão muscular, Cleo recusou o tratamento à base de acupuntura e massagem. Preferiu se tratar no Brasil, com métodos ocidentais. Texto Anterior: Equipe prioriza acertar a marcação Próximo Texto: Em amistoso, time leva de 7 do Real Madrid Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |