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TÊNIS
Kuerten e Meligeni ameaçam não jogar torneio e entidade nomeia Ricardo Acioly para o lugar de Paulo Cleto
Pressão tira técnico do Brasil na Davis
FERNANDA PAPA
da Reportagem Local
A queda-de-braço entre Gustavo
Kuerten, 21, e Fernando Meligeni,
27, principais tenistas do país, e
Paulo Cleto, 50, que esteve à frente
da equipe brasileira da Copa Davis, por 17 anos, terminou ontem
com a queda de Cleto.
Nelson Nastás, 47, presidente da
Confederação Brasileira de Tênis,
anunciou, em São Paulo, a substituição de Cleto por Ricardo
Acioly, 34, aliado dos tenistas. Ele
é técnico de Fernando Meligeni.
Embora Nastás tenha afirmado
que o projeto de renovar a comissão técnica da Copa Davis já estivesse em andamento, o dirigente
admitiu que Meligeni e Gustavo
Kuerten movimentaram-se para
que Cleto deixasse o cargo.
Contradizendo afirmações das
últimas semanas, quando negou a
pressão dos jogadores, o dirigente
admitiu ontem ter recebido, no
mês de maio, uma carta assinada
por Kuerten e Meligeni, que exigiam a saída de Cleto.
Se não fossem atendidos, os tenistas não jogariam a repescagem
para o Grupo Mundial da Davis,
no mês que vem, em Florianópolis, contra a Romênia.
"Não tenho posição quanto à
carta. Houve uma série de acontecimentos depois do confronto
com a Espanha, em abril, alguns
anteriores até, que nos levaram a
essa situação. Já existiam certos
posicionamentos e divergências",
contou Cleto, que continuará ligado à CBT, em cargo administrativo voltado para o desenvolvimento do esporte no país.
Acioly confirmou a situação
ruim, mas sem muita explicação:
"A carta é secundária, quando
apareceu, as coisas já tinham
acontecido e sido contornadas".
Na semana passada, ele afirmara
não ter conhecimento da manifestação de Kuerten e de Meligeni, os
dois brasileiros mais bem colocados no ranking mundial, em que
ocupam as 24ª e 43ª colocações,
respectivamente.
Ontem, Acioly preferiu não fazer
comentários sobre sua participação no envio da carta. "Não vamos remoer as coisas, é melhor
pensar em como vai ser daqui para
a frente", disse.
Mas ele acabou justificando o
meio escolhido pelos jogadores
para fazer a exigência: "Com
tantas viagens, ficava difícil para
eles falar sobre isso de outra forma. Eu já vinha conversando com
o Nelson (Nastás) há três anos",
afirmou o novo capitão à Folha.
Larri Passos
Embora não tenha sido cogitado
para o cargo de capitão da Copa
Davis, Larri Passos, técnico de
Kuerten, participará da comissão
técnica liderada por Acioly.
Na semana passada, Passos não
quis comentar a substituição de
Cleto, na qual teria participação,
ainda que indireta. Ele não gosta,
por exemplo, que Kuerten converse com o ex-capitão da Davis.
Os dois técnicos não têm boas
relações e a situação teria se agravado depois do confronto em que
o Brasil perdeu para a Espanha,
em Porto Alegre, em abril.
Na ocasião, Passos e Acioly chegaram a entrar em quadra para
orientar os jogadores durante os
treinos, embora não fizessem parte da comissão técnica. "Mas
não deu certo, era muito pajé para
pouco índio, ficou difícil administrar os egos", diz Cleto.
Ele faz questão de dizer que seu
problema não é o com o tenista,
mas com uma das pessoas que os
acompanham.
Passos afirmou, em maio, que
Kuerten nunca saiu tão "estourado" de uma competição como
daquela Copa Davis. Ele levantava
ali uma dúvida sobre o trabalho de
orientação da equipe brasileira.
"Se o Larri tem um certa carência no tratamento com a imprensa, prefiro olhar o lado positivo. Ele acompanha o circuito, conhece os jogadores top e é um dos
que mais trabalham em quadra.
Vai ajudar demais", diz Acioly.
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