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"É fácil ficar gritando do outro lado da porta", diz juiz
RENAN CACIOLI
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Alçado à condição de culpado
pelos 5 a 0 que o Palmeiras levou do Cruzeiro anteontem, o
juiz Wilson de Souza Mendonça condenou, em entrevista à
Folha, a atitude do diretor de
futebol Toninho Cecílio, que ficou chutando, esmurrando e
gritando ofensas a ele na porta
do vestiário dos árbitros após a
partida no Mineirão.
"É muito mais fácil transferir
a responsabilidade do que assumir a falta de competência",
afirmou Mendonça, que relatou na súmula do jogo o comportamento truculento do dirigente palmeirense.
Mendonça usou de ironia para falar do dirigente e comentou que só não abriu a porta
porque foi impedido.
"Essas coisas [pressão sobre
juízes] não têm mais espaço no
futebol de hoje. Na Europa não
tem isso. É coisa de pessoa despreparada. Eu só não abri a
porta do vestiário porque o delegado do jogo [Lincoln Afonso
Bicalho] não deixou. Queria falar com ele. Não tenho medo de
ninguém", disse o juiz que, ao
ser questionado se o encontro
poderia acarretar em agressão,
foi evasivo "Não sei."
Sobre o desafio lançado por
Cecílio de ele não pisar mais no
Parque Antarctica, o juiz minimizou o fato. "Se a Comissão
Nacional de Arbitragem me escalar, eu vou sem problemas."
O lance mais polêmico da
partida -a expulsão do volante
Pierre- foi analisado por Mendonça, que diz ter acertado na
jogada. "O carrinho por trás dele foi temerário. Já tinha amarelo e apliquei o segundo. Cumpri a regra e não temo qualquer
tipo de punição", completou.
A entrevista de Wilson de
Souza Mendonça, no entanto,
desobedece um comunicado da
Comissão Nacional de Arbitragem distribuído no final do
mês passado em que os árbitros estão proibidos de falar sobre suas decisões de jogo.
A reportagem da Folha entrou em contato com a Comissão Nacional de Arbitragem
por meio da assessoria da CBF,
mas não obteve retorno.
Ontem, o vice-presidente de
futebol do Palmeiras, Gilberto
Cipullo, esteve no final da tarde
na Federação Paulista de Futebol e entregou ao presidente da
entidade, Marco Polo Del Nero,
um protesto formal contra
Wilson de Souza Mendonça e
também contra o árbitro Djalma Beltrami e o assistente Carlos Augusto Nogueira Júnior,
que apitaram o último clássico
contra o São Paulo.
No protesto, há um pedido
para que os dois árbitros e o assistente sejam vetados para
não apitarem mais futuros jogos do Palmeiras.
Já o dirigente Toninho Cecílio, que disse não voltar atrás
sobre as suas declarações após
a derrota para o Cruzeiro, pode
ser punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
"Vai depender da súmula.
Ele [Cecílio] pode pegar até 120
dias se for caracterizada a invasão de campo", disse o procurador-geral Paulo Schmitt.
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