São Paulo, terça-feira, 04 de setembro de 2007

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"É fácil ficar gritando do outro lado da porta", diz juiz

RENAN CACIOLI
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Alçado à condição de culpado pelos 5 a 0 que o Palmeiras levou do Cruzeiro anteontem, o juiz Wilson de Souza Mendonça condenou, em entrevista à Folha, a atitude do diretor de futebol Toninho Cecílio, que ficou chutando, esmurrando e gritando ofensas a ele na porta do vestiário dos árbitros após a partida no Mineirão.
"É muito mais fácil transferir a responsabilidade do que assumir a falta de competência", afirmou Mendonça, que relatou na súmula do jogo o comportamento truculento do dirigente palmeirense.
Mendonça usou de ironia para falar do dirigente e comentou que só não abriu a porta porque foi impedido.
"Essas coisas [pressão sobre juízes] não têm mais espaço no futebol de hoje. Na Europa não tem isso. É coisa de pessoa despreparada. Eu só não abri a porta do vestiário porque o delegado do jogo [Lincoln Afonso Bicalho] não deixou. Queria falar com ele. Não tenho medo de ninguém", disse o juiz que, ao ser questionado se o encontro poderia acarretar em agressão, foi evasivo "Não sei."
Sobre o desafio lançado por Cecílio de ele não pisar mais no Parque Antarctica, o juiz minimizou o fato. "Se a Comissão Nacional de Arbitragem me escalar, eu vou sem problemas."
O lance mais polêmico da partida -a expulsão do volante Pierre- foi analisado por Mendonça, que diz ter acertado na jogada. "O carrinho por trás dele foi temerário. Já tinha amarelo e apliquei o segundo. Cumpri a regra e não temo qualquer tipo de punição", completou.
A entrevista de Wilson de Souza Mendonça, no entanto, desobedece um comunicado da Comissão Nacional de Arbitragem distribuído no final do mês passado em que os árbitros estão proibidos de falar sobre suas decisões de jogo.
A reportagem da Folha entrou em contato com a Comissão Nacional de Arbitragem por meio da assessoria da CBF, mas não obteve retorno.
Ontem, o vice-presidente de futebol do Palmeiras, Gilberto Cipullo, esteve no final da tarde na Federação Paulista de Futebol e entregou ao presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, um protesto formal contra Wilson de Souza Mendonça e também contra o árbitro Djalma Beltrami e o assistente Carlos Augusto Nogueira Júnior, que apitaram o último clássico contra o São Paulo.
No protesto, há um pedido para que os dois árbitros e o assistente sejam vetados para não apitarem mais futuros jogos do Palmeiras.
Já o dirigente Toninho Cecílio, que disse não voltar atrás sobre as suas declarações após a derrota para o Cruzeiro, pode ser punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
"Vai depender da súmula. Ele [Cecílio] pode pegar até 120 dias se for caracterizada a invasão de campo", disse o procurador-geral Paulo Schmitt.

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