FÁBIO SEIXAS
da Reportagem Local

A Ferrari deve antecipar para hoje, na Itália, o anúncio da contratação do piloto brasileiro Rubens Barrichello para as duas próximas temporadas da F-1.
Ele ficará com a vaga hoje ocupada por Eddie Irvine. O irlandês, vice-líder do Mundial de Pilotos, está se transferindo para a Stewart, a atual equipe do brasileiro.
Paulistano, morando em Cambridge (Inglaterra), casado há dois anos com Silvana Giaffone, Barrichello, 27, será o primeiro brasileiro a disputar um Mundial pela mais tradicional escuderia do automobilismo.
Antes dele, apenas um piloto do país já sentou no cockpit de uma Ferrari: Chico Landi participou do GP da Itália, em Monza, em 1951, com um carro alugado.
Será, também, o primeiro brasileiro desde 1994 a correr por uma equipe de ponta -o último foi Ayrton Senna, morto em um acidente a bordo de um Williams.
Segundo a imprensa italiana, Barrichello receberá aproximadamente US$ 10 milhões por ano (um terço do que ganha seu novo companheiro de equipe, Michael Schumacher, o salário mais alto da F-1 e um dos esportistas mais bem pagos do planeta).
Apesar da diferença salarial, ele teria conseguido se livrar de cláusulas que poderiam o obrigar a fazer papel de auxiliar, de ""escudeiro", do alemão durante os GPs.
Na F-1 desde 1993, Barrichello vive neste ano seu melhor momento na categoria. Em 12 corridas disputadas, subiu duas vezes ao pódio (terceiro colocado no GP de San Marino, em maio, e no GP da França, em junho), liderou 61 voltas e largou uma vez na pole position, também no GP francês.
E foi justamente naquele final de semana, em Magny-Cours, quando o brasileiro disse ter pela primeira vez ""sentido o gosto da vitória", que começaram a se intensificar os rumores sobre sua transferência para a Ferrari."
Àquela altura, Barrichello dizia que pilotar para o time italiano ""seria realizar um sonho".
Ele também chegou a conversar com a McLaren, que acabou mantendo sua dupla (o finlandês Mika Hakkinen, atual campeão, e o escocês David Coulthard).
Embora por contrato tenha conseguido do papel de segundo piloto, Barrichello terá uma série de tarefas bastante complicadas para cumprir e tentar ser tratado em igualdade de condições com Schumacher.
Além de ter de ficar próximo do companheiro nos treinos e nas primeiras corridas do ano, precisará ganhar a simpatia e a confiança da cúpula da Ferrari, algo que seu antecessor, Irvine, em quatro anos, não conseguiu.
O primeiro teste do brasileiro com a Ferrari acontecerá em dezembro, quando as equipes serão autorizadas a iniciar a preparação para o Mundial-2000 -o campeonato deste ano termina no próximo mês, e em novembro as equipes serão proibidas, por regulamento, de treinar.
O local ainda não está definido. Pode ser em Fiorano (Itália), na pista particular de testes da Ferrari. Ou em Barcelona (Espanha) ou no Estoril (Portugal), onde a maior parte das equipes estará concentrada, fugindo do frio de outras regiões da Europa.
A decisão ferrarista de anunciar hoje a contratação do brasileiro indica uma antecipação nos planos da equipe.
Inicialmente, a idéia da escuderia era só apresentar sua dupla de pilotos de 2000 na próxima semana, antes do GP da Itália, marcado para o dia 12.
Provavelmente, como efeito cascata, ainda hoje a Stewart, na Inglaterra, confirmará a contratação de Eddie Irvine.


Texto Anterior: Stop & Go - José Henrique Mariante: A patuléia voltou
Próximo Texto: Brasileiro mantém voto de silêncio
Índice