São Paulo, Sábado, 04 de Setembro de 1999
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FUTEBOL
Desestabilizado com declarações de Bastos Neto, time busca a 2ª vitória fora de casa, contra o Grêmio
Presidente "retira força" do São Paulo

MAÉRCIO SANTAMARINA
da Reportagem Local

Após ter dado um apoio considerado fundamental pelo técnico Paulo César Carpegiani para a primeira vitória fora de casa no Brasileiro-99, o presidente do São Paulo, José Augusto Bastos Neto, fez o inverso para o jogo de hoje à noite, contra o Grêmio, em Porto Alegre, criando uma turbulência.
Em meio à pressão de torcedores, que pediam sua renúncia, Bastos Neto foi ao Centro de Treinamento do clube ""dar força" aos jogadores na última terça-feira. No dia seguinte, eles se reabilitaram sobre o então terceiro colocado no torneio, o Guarani, no Brinco de Ouro, em Campinas.
Anteontem, no entanto, o presidente deixou os jogadores irritados com declarações dadas em entrevista à revista ""Placar".
Entre outras coisas, disse que o Corinthians é o favorito para o título deste ano e que o meia Raí não havia justificado o investimentos de US$ 10 milhões (em dois anos). A reportagem trouxe a relação de salários dos atletas.
Raí, que deve voltar ao time hoje, após 33 dias fora -ele chegou a ser internado com infecção nas vias respiratórias-, era um dos mais magoados.
""Só não ganhei o Brasileiro de 98 porque estava de muleta", disse ele, tremendo e com os olhos lacrimejantes, em resposta ao presidente, que afirmou achar caro US$ 10 milhões por um único título paulista conquistado.
A muleta era por causa da operação a que fora submetido no joelho esquerdo, após sofrer lesão contra o Cruzeiro, no Brasileiro.
""O presidente de um clube não deve falar esse tipo de coisa. Se eu estivesse no lugar dele, teria outra postura", afirmou o meia Carlos Miguel, que teria o maior salário do clube, de R$ 154 mil. ""Se ganhasse isso, estava na praia. Corremos o risco de ser assaltados com esse tipo de divulgação."
Carpegiani não quis comentar as declarações do presidente. Para evitar que o time seja surpreendido, ele deve alterar novamente o seu esquema tático, abandonando o 4-4-2 usado contra o Guarani para a volta do esquema com três zagueiros (3-5-2).
""Com a volta desse sistema, vou ter mais liberdade para jogar, com o Wilson (zagueiro) fazendo a minha cobertura", disse o lateral Ânderson, ao tentar explicar que, mesmo com três na zaga, o time pode jogar ofensivamente.
O zagueiro Márcio Santos disse estar otimista para o jogo de hoje, apesar da turbulência provocada por Bastos Neto, porque o Grêmio não vai ter o atacante Ronaldinho nem seu principal zagueiro, Scheidt, que estão servindo à seleção. ""É claro que eles perdem sem esses jogadores. Sorte nossa."


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