DA REPORTAGEM LOCAL

Pressionada pela torcida, a diretoria do São Paulo não esconde que um novo fracasso do time contra o Flamengo, amanhã, no Rio, deverá provocar a demissão do técnico Oswaldo de Oliveira.
A irritação dos torcedores com o treinador aumentou após o empate de anteontem, em 1 a 1, com o Palmeiras, lanterna do Nacional. A equipe completou cinco jogos sem vencer, e Oliveira foi chamado de burro pelos torcedores.
"Nossa tradição não é mandar técnico embora, mas a torcida está insatisfeita, e isso precisa ser respeitado. Se o time não ganhar [amanhã", a situação vai ficar difícil", disse o diretor de futebol, Carlos Augusto de Barros e Silva.
O último técnico do clube que perdeu seu emprego antes do final do contrato foi Nelsinho Baptista, em 1998, após goleada sofrida diante da Lusa por 7 a 2.
"Não gostaríamos de mudar, mas os acontecimentos podem precipitar algo", falou o dirigente.
A diretoria está inconformada com o desempenho da equipe, uma das que mais investiram para o Nacional. Porém, em vez da sonhada liderança, o clube ainda luta para se manter entre os oito que irão para a segunda fase.
"Investimos para conseguir mais do que isso. Não para o time estar numa situação aflitiva e preocupante, como está", reclamou Barros e Silva.
Além de trazer Ricardinho, na mais badalada contratação deste ano no país, o São Paulo contratou Jorginho, o argentino Ameli, Régis, Leandro e Luis Fabiano.
Ameli foi um dos estopins da revolta dos torcedores contra Oliveira. A torcida criticou a entrada dele no lugar de Gabriel, no clássico contra o Corinthians. Ele foi mantido como titular e falhou no gol do Palmeiras, anteontem.
No último jogo, Oliveira também foi criticado por colocar Júlio Baptista no lugar de Ricardinho.
O técnico disse que se sente "seguro" hoje e tentou evitar comentários sobre o que pode acontecer em caso de derrota no Rio.
"Ninguém vai morrer se a gente perder para o Flamengo", limitou-se a dizer o treinador.
Segundo Oliveira, a badalação em torno do clube, considerado um dos favoritos para vencer o Brasileiro-2002, o prejudicou.
"Todo mundo disse que o São Paulo era igual ao Real Madrid, mas não é. Agora o técnico tem que fazer o time jogar como o Real", desabafou o treinador.
Ontem, ele se reuniu com os jogadores por uma hora, antes de o treino começar, para discutir os problemas da equipe.
Após o encontro, os jogadores preferiram culpar o próprio elenco pelos maus resultados e poupar o treinador. Segundo a maioria dos atletas, falta mais empenho durante os jogos para que o São Paulo volte a vencer. A última vitória foi por 6 a 0, sobre o Fluminense, no dia 15 de setembro.
"Falo por mim. Acho que posso render mais para ajudar o nosso time ", disse Fábio Simplício.
Nenhum dirigente participou da reunião de ontem, segundo Barros e Silva. Antes do jogo contra o Corinthians, ele e o presidente do clube, Marcelo Portugal Gouvêa, se reuniram com o técnico e fizeram cobranças. De acordo com Gouvêa, o encontro irá se repetir a cada 15 dias.
Contra o Flamengo, o volante chileno Maldonado, que se recupera de contusão, deve voltar à equipe. O meia Ricardinho reclamou ontem de dores no tornozelo esquerdo e será examinado hoje.


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