São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2006

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Alonso insinua ter sido sabotado pela Renault

Espanhol crê que pessoas do time não o querem com o número 1 na McLaren

Após perder a liderança do Mundial para Schumacher, campeão diz que equipe errou ao não privilegiá-lo, diferentemente da Ferrari

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A XANGAI

Fernando Alonso perdeu a paciência. Ainda irritado com a perda da liderança do Mundial de F-1, no domingo, e às vésperas do GP que pode decidir o campeonato, o piloto aproveitou uma entrevista à imprensa espanhola e resolveu atirar pesado contra a própria equipe.
De contrato assinado com a McLaren para a próxima temporada, Alonso insinuou que está sendo sabotado pela Renault, time em que atua desde 2002 e que o projetou na F-1.
Segundo ele, gente de dentro da equipe não quer que ele leve para a McLaren o "1", deferência concedida pela FIA ao campeão do ano anterior.
Caso Michael Schumacher ganhe o título, nenhum carro carregará a homenagem em 2007 -a Ferrari, nesse cenário, levaria os números 0 e 2.
Questionado se os integrantes da Renault ficaram tristes após sua derrota no GP da China, Alonso foi ácido. "Alguns ficaram. Mas outros estão bem contentes porque superamos a Ferrari no Mundial de Construtores e também porque assim não vou levar o número 1 para nenhuma outra equipe."
Ele foi duro ainda ao comentar a decisão da Renault de mandar Giancarlo Fisichella passá-lo na 30ª volta no domingo -até então, o italiano vinha atuando como escudeiro do espanhol, que se arrastava na pista, com problemas de pneus.
"Não dá para imaginar, por exemplo, a Ferrari mandando o [Felipe] Massa ultrapassar o Schumacher, por pior que seja a situação [do alemão]", disse.
E, usando novamente a Ferrari como parâmetro, atacou o fato de ter sido usado como "cobaia" em Xangai. "Na Ferrari, é o Massa que faz esse serviço, não o piloto que está disputando o título", completou Alonso.
O espanhol liderava com folga o GP de domingo até que, na 22ª volta, a Renault o chamou aos boxes para trocar os pneus dianteiros, contrariando o que os outros times vinham fazendo -com a pista úmida, preferiam reabastecer e devolver os pilotos à pista com os mesmos compostos, já aquecidos.
Na volta seguinte, Fisichella parou nos boxes. Curiosamente, com o italiano, a Renault seguiu o procedimento padrão.
O resultado é que, com os pneus frios, Alonso perdeu toda a sua vantagem. Foi superado pelo companheiro na 30ª volta e por Schumacher na 31ª.
No segundo pit stop do espanhol, novo erro. Um mecânico se atrapalhou para trocar o pneu traseiro direito, e Alonso perdeu cerca de 12 segundos.
Nesse caso, há dois agravantes. O primeiro, Alonso terminou o GP a 3s121 de Schumacher e poderia ter atacado o alemão não fosse esse problema. O segundo, o mecânico foi o mesmo que causou seu abandono na Hungria, quando liderava -a porca se soltou, e ele bateu.
Resultado de tantos problemas, Alonso perdeu a liderança do Mundial para Schumacher em Xangai. Os dois têm os mesmos 116 pontos, mas o heptcampeão, que pára após este Mundial, leva vantagem no primeiro critério de desempate, o número de vitórias -sete a seis.
Caso vença o GP do Japão, neste domingo, e Alonso não pontue, o ferrarista já garantirá seu oitavo título mundial.
Xangai, porém, viu outra virada. Com os segundo e terceiro lugares de Alonso e Fisichella, a Renault superou a Ferrari no Mundial de Construtores: 179 a 178. Nos números, o time francês tem até agora o melhor carro da temporada. É isso que deixa o espanhol desconfiado.


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