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Alonso insinua ter sido sabotado pela Renault
Espanhol crê que pessoas do time não o querem com o número 1 na McLaren
Após perder a liderança do Mundial para Schumacher, campeão diz que equipe errou ao não privilegiá-lo, diferentemente da Ferrari
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A XANGAI
Fernando Alonso perdeu a
paciência. Ainda irritado com a
perda da liderança do Mundial
de F-1, no domingo, e às vésperas do GP que pode decidir o
campeonato, o piloto aproveitou uma entrevista à imprensa
espanhola e resolveu atirar pesado contra a própria equipe.
De contrato assinado com a
McLaren para a próxima temporada, Alonso insinuou que
está sendo sabotado pela Renault, time em que atua desde
2002 e que o projetou na F-1.
Segundo ele, gente de dentro
da equipe não quer que ele leve
para a McLaren o "1", deferência concedida pela FIA ao campeão do ano anterior.
Caso Michael Schumacher
ganhe o título, nenhum carro
carregará a homenagem em
2007 -a Ferrari, nesse cenário,
levaria os números 0 e 2.
Questionado se os integrantes da Renault ficaram tristes
após sua derrota no GP da China, Alonso foi ácido. "Alguns ficaram. Mas outros estão bem
contentes porque superamos a
Ferrari no Mundial de Construtores e também porque assim não vou levar o número 1
para nenhuma outra equipe."
Ele foi duro ainda ao comentar a decisão da Renault de
mandar Giancarlo Fisichella
passá-lo na 30ª volta no domingo -até então, o italiano vinha
atuando como escudeiro do espanhol, que se arrastava na pista, com problemas de pneus.
"Não dá para imaginar, por
exemplo, a Ferrari mandando o
[Felipe] Massa ultrapassar o
Schumacher, por pior que seja
a situação [do alemão]", disse.
E, usando novamente a Ferrari como parâmetro, atacou o
fato de ter sido usado como "cobaia" em Xangai. "Na Ferrari, é
o Massa que faz esse serviço,
não o piloto que está disputando o título", completou Alonso.
O espanhol liderava com folga o GP de domingo até que, na
22ª volta, a Renault o chamou
aos boxes para trocar os pneus
dianteiros, contrariando o que
os outros times vinham fazendo -com a pista úmida, preferiam reabastecer e devolver os
pilotos à pista com os mesmos
compostos, já aquecidos.
Na volta seguinte, Fisichella
parou nos boxes. Curiosamente, com o italiano, a Renault seguiu o procedimento padrão.
O resultado é que, com os
pneus frios, Alonso perdeu toda a sua vantagem. Foi superado pelo companheiro na 30ª
volta e por Schumacher na 31ª.
No segundo pit stop do espanhol, novo erro. Um mecânico
se atrapalhou para trocar o
pneu traseiro direito, e Alonso
perdeu cerca de 12 segundos.
Nesse caso, há dois agravantes. O primeiro, Alonso terminou o GP a 3s121 de Schumacher e poderia ter atacado o alemão não fosse esse problema. O
segundo, o mecânico foi o mesmo que causou seu abandono
na Hungria, quando liderava
-a porca se soltou, e ele bateu.
Resultado de tantos problemas, Alonso perdeu a liderança
do Mundial para Schumacher
em Xangai. Os dois têm os mesmos 116 pontos, mas o heptcampeão, que pára após este
Mundial, leva vantagem no primeiro critério de desempate, o
número de vitórias -sete a seis.
Caso vença o GP do Japão,
neste domingo, e Alonso não
pontue, o ferrarista já garantirá
seu oitavo título mundial.
Xangai, porém, viu outra virada. Com os segundo e terceiro lugares de Alonso e Fisichella, a Renault superou a Ferrari
no Mundial de Construtores:
179 a 178. Nos números, o time
francês tem até agora o melhor
carro da temporada. É isso que
deixa o espanhol desconfiado.
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