São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2006

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Chávez assombra basquete dos EUA

Dirigentes agem nos bastidores para impedir a disputa de vaga olímpica no país comandado por líder anti-americano

Atraso pode tirar torneio da Venezuela, e americanos já oferecem Las Vegas para abrigar evento que classifica dois times para Pequim-08

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM

O temor de atuar em um país hostil faz com que os EUA tentem mudar a sede do Pré-Olímpico masculino de basquete.
Os dirigentes querem evitar ter que enviar suas estrelas à Venezuela de Hugo Chávez, um dos líderes com maior histórico de desavenças com os EUA.
Não há como não participar da disputa. A seletiva classifica dois países aos Jogos de Pequim-08. Outros três irão ao qualificatório mundial, que concederá três vagas olímpicas.
O problema é que a USA Basketball (federação norte-americana) acreditava que não teria que passar por esse vestibular.
Com elenco de jovens astros da NBA, como LeBron James e Dwyane Wade, a expectativa era garantir a viagem à China com o título do Mundial, encerrado mês passado no Japão.
O cenário, porém, mudou na semifinal. A equipe caiu diante da Grécia e teve de se contentar, depois, com o bronze.
Os dirigentes agiram rápido. Segundo a Folha apurou, já no dia seguinte à queda se reuniram com a Fiba América, que comanda o basquete no continente, e apresentaram Las Vegas como alternativa ao evento.
Poucos dias depois, a entidade endossou a pretensão americana ao cancelar a disputa na Venezuela. Alegou calote -o país teria que desembolsar US$ 1,5 milhão (R$ 3,26 milhões) pelo até o início de setembro.
"Não houve pagamento [dentro do prazo estipulado]", anunciou Alberto García, secretário-geral da Fiba América.
Nova licitação foi aberta, e Venezuela, EUA, Porto Rico e Chile apresentaram candidatura. Carmelo Cortez, presidente da confederação sul-americana e da federação venezuelana, ainda crê que a sede seja mantida. "Assinamos contrato, e ele tem que ser cumprido", disse à Folha Cortez, que pode levar o caso aos tribunais esportivos.
Segundo ele, o pagamento seria feito em três parcelas e houve atraso só na primeira.
"Pelas leis daqui, precisamos de autorização para mexermos com dólares, tanto mais com essa quantia. Mas nos antecipamos e já pagamos as parcelas, que não haviam vencido."
A Fiba América confirma o pagamento, bancado pelo Instituto Nacional de Esportes, órgão do governo federal.
Mesmo assim, a decisão sobre o destino do torneio será tomada na segunda pelo Comitê Executivo da Fiba América, formado por sete membros.
Os EUA terão dois representantes. A Venezuela, nenhum.
Dirigentes de outros países escondem sua posição. "Tenho minha preferência, mas quero ouvir as partes envolvidas", declara Horário Muratore, presidente da federação argentina.


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