São Paulo, quinta-feira, 04 de outubro de 2007

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Teixeira faz lobby no Senado contra CPI do Corinthians

Presidente da CBF argumenta que instalação de comissão pode prejudicar candidatura do Brasil a sede da Copa-14

Deputado Silvio Torres diz que requerimento para a abertura da investigação só será apresentado após a escolha do local do Mundial

ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira, procurou líderes dos partidos no Senado para tentar inviabilizar a chamada CPMI do Corinthians. Com o argumento de que a CPI pode prejudicar a escolha do Brasil pela Fifa para sediar a Copa do Mundo de 2014, Teixeira pediu aos senadores que não apóiem a investigação.
A CPI foi proposta pelos tucanos para investigar crimes de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo clubes, dirigentes e jogadores. O deputado Silvio Torres (PSDB-SP), autor do requerimento, disse que o eixo principal será o Corinthians.
Ele afirmou que o objetivo é tornar pública a investigação sobre o clube do Parque São Jorge, que corre em segredo de Justiça, e avançar sobre outros clubes brasileiros.
"O nosso objetivo é, a partir dos fatos ocorridos no Corinthians, investigar outras denúncias. Além de aprofundar as investigações, a CPI pode interagir com a sociedade", disse.
O deputado, que é corintiano, já reuniu 210 assinaturas de apoio à CPI, 39 a mais do que o necessário. Falta concluir a coleta no Senado, pois a comissão será mista. O trabalho é feito pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que tem 17 das 27 assinaturas de que precisa.
"O Ricardo Teixeira veio ao Congresso argumentando que a CPI pode prejudicar a indicação do Brasil para sede do Mundial, mas a própria Fifa já tem um comitê que investiga denúncia de lavagem de dinheiro", afirmou Dias. Ele e Torres são adversários do presidente da CBF desde as CPIs na Câmara e no Senado (entre 1999 e 2001) que investigaram a administração do cartola.
Procurada, a CBF informou que não comentaria o caso.
Torres disse que a CBF pode estar "sofrendo pressões por parte dos clubes e de pessoas que podem ser investigadas" pela comissão. "Para não sermos acusados de prejudicar o Brasil, vamos apresentar o requerimento da CPI somente depois de 31 de outubro, quando a Fifa decidirá sobre a Copa do Mundo", disse o deputado.
A investida de Ricardo Teixeira no Senado deu resultado. A Folha apurou que senadores passaram a recusar assinar o requerimento de apoio à CPI depois de conversar com o dirigente. Governadores ligados a Teixeira também estariam entrando em campo para tentar minar a CPI. Aécio Neves (PSDB-MG) seria um dos que estão orientando suas bancadas a não apoiar a CPI. A reportagem não conseguiu contatar a assessoria do governador.
"Embora haja uma forte pressão contra a instalação da CPI, há a possibilidade de na próxima semana complementarmos o número de assinaturas", afirmou Dias.


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