São Paulo, quinta-feira, 04 de outubro de 2007

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Co-Rio acumula R$ 1,4 milhão de dívidas com fornecedores do Pan

Valores reclamados contra entidade variam de R$ 312 mil a apenas R$ 40

ITALO NOGUEIRA
LUISA BELCHIOR
DA SUCURSAL DO RIO

Dois meses após o fim do Pan-Americano, o Co-Rio (Comitê Organizador dos Jogos) acumula dívidas com seus fornecedores. O Serasa (empresa de análise de crédito) registra, de acordo com documento obtido pela Folha, 109 reclamações contra a instituição. Os débitos, segundo o relatório, são de cerca de R$ 1,4 milhão.
Os valores vão de R$ 40 a R$ 312 mil. Entre os reclamantes há inclusive uma concessionária de serviços públicos: a Light -empresa distribuidora de energia elétrica do Rio.
Com o "nome sujo na praça", fornecedores afirmam que há duas semanas -quando o caso foi divulgado pelo jornal "O Dia"- os contatos com o Co-Rio cessaram por completo, aumentando a apreensão.
"Fizemos três serviços para o Pan. Dois foram pagos, com atraso depois de muita luta. Falta o terceiro", diz Evandro Abreu, diretor do Studio Alfa.
A empresa foi a responsável pela confecção dos adesivos expostos nos ônibus especiais utilizados durante os Jogos e no Velódromo.
O Studio Alfa registrou no Serasa uma dívida de R$ 341.538,85 contra o Co-Rio. O valor dos três serviços prestados para a organização da competição foi, segundo Abreu, "cerca de R$ 900 mil".
"Já pagamos imposto sobre a nota [fiscal], os fornecedores, até o imposto da Prefeitura do Rio... Estamos com medo, mas tentando manter o bom relacionamento." Ele ameaça processar o Co-Rio pelo não pagamento dos serviços.
A via judicial é o caminho que o empresário Henrique Bradley, sócio da MPV7, outra fornecedora do Co-Rio, decidiu usar para tentar receber por ter fabricado e colocado adesivos em toda a frota de carros do Pan. Bradley afirma que, até agora, não recebeu nada pelo serviço, com valor de R$ 220 mil. Por outro lado, conta ter desembolsado R$ 150 mil com gastos para esse trabalho, incluindo os impostos cobrados pela Prefeitura do Rio.
"O contrato previa que o Co-Rio pagasse 50% do valor na assinatura do acordo e os outros 50% quando o trabalho fosse feito. Como somos patriotas e acreditávamos que era um evento importante para o Rio de Janeiro, relevamos. Mas, depois, vimos que havia má-fé. Emitimos a nota fiscal e não fomos pagos", contou Bradley.
Ele diz que decidiu entrar na Justiça contra o Co-Rio há 20 dias, quando fez o último contato com o comitê. "Eles alegam que a prefeitura ainda não repassou a verba. Mas esgotamos as alternativas."
No relatório do Serasa, emitido na segunda, constavam 101 protestos e oito Pefins (Pendências Financeiras). No primeiro caso, a reclamante procura um cartório para que este acione o Serasa após checar os contratos. No segundo, é a credora quem faz a reclamação.
O custo final para a realização do evento foi nove vezes o valor que havia sido previsto inicialmente, atingindo a cifra de R$ 3,7 bilhões. Os Jogos continentais foram disputados de 13 a 29 de julho.


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