São Paulo, terça-feira, 04 de outubro de 2011

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'Não adianta brigar com o meu corpo'

PALMEIRAS Marcos reforça intenção de pendurar as luvas em dezembro

LUCAS REIS

DE SÃO PAULO

"Marcos sabe da importância de uma fisioterapia."
A frase é de Fernando Miranda, administrador da clínica inaugurada naquele instante. Ao lado dele, o Marcos que emprestou seu nome, tempo e dinheiro ao empreendimento, franze a testa e sorri amarelo, como quem lastima: "E como sei".
Tanto sabe que já não suporta mais as dores que o atormentam há anos. Por isso, diz, as chances de continuar jogando em 2012, que até meses atrás existiam, são cada vez menores.
"A ideia é essa [parar]. Eu sei que sou meio bipolar. É difícil planejar alguma coisa nesse sentido. Gosto de fazer o que faço, mas talvez não tenha condições de jogar muitas vezes", disse o goleiro.
A entrevista coletiva, a primeira dele em meses, aconteceu ontem, em um hotel em São Paulo onde funcionará a Clínica São Marcos, um centro de recuperação esportiva para atletas e ex-atletas com dificuldades financeiras.
Marcos entende bem do assunto. A carreira dele, além dos títulos e da adoração da torcida, é marcada por cirurgias e dores. Muitas dores.
A do joelho o tirou dos últimos três jogos do Palmeiras. Contra o Santos, no domingo, dificilmente estará em campo. Com isso, faltarão dez rodadas para o fim do Brasileiro e, ao que tudo indica, para o término da carreira do campeão do mundo com a seleção na Copa de 2002.
A bipolaridade assumida vem de meses. Dizer que vai se aposentar no fim do ano não é novidade. Tampouco afirmar que a vontade de continuar é grande. Até um mês atrás, Marcos vinha atuando sempre. Mas dá sinais de que está muito difícil continuar.
O goleiro diz que não consegue se ver distante da emoção de entrar em campo, ter o nome gritado, comemorar uma defesa. Mas, aos 38 anos, seu corpo já não aguenta.
"A intenção é parar. Não adianta brigar com o meu corpo, só vai me prejudicar mais para a frente. Não vou entrar em campo me arrastando se temos um goleiro voando [Deola]. Possivelmente, no final do ano devo parar", disse.
Mas Marcos, bipolar até mesmo em uma única entrevista, deu detalhes de uma possível prorrogação.
"Vou jogar até o fim do meu contrato [31 de dezembro]. Se for renovar o contrato, vou baixar meu salário no chão pelo simples prazer de jogar."
O ídolo palmeirense prosseguiu: "Aos 38, não há evolução. Estou num mato sem cachorro. Talvez o que ganho seja injusto pelo tanto que jogo. O Palmeiras pagou 17 pares de chuteiras em mim [quando foi contratado]."
Falou também da sua recusa para jogar no Arsenal, em 2003. "Financeiramente, fiz errado. Mas, pelo prazer, não me arrependo." E do quanto os problemas do Palmeiras atrapalham. "Sempre foi assim, brigas políticas. Irrita os jogadores, cansa. Há 19 anos, quando cheguei, era assim. Agora, está um pouco pior."


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