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FUTEBOL
Técnico do Corinthians já deixa transparecer abatimento com maratona de jogos devido a acúmulo de cargos
Luxemburgo "envelhece' com seleção
MAÉRCIO SANTAMARINA
da Reportagem Local
Abatido, nove quilos mais magro, com ar de cansado, olheiras,
rugas mais acentuadas e os primeiros cabelos brancos à mostra.
Uma figura bem diferente da que
se via no início do ano, quando se
transferiu do Santos para o Corinthians, ou mesmo no início do
atual Campeonato Brasileiro.
A transformação de Wanderley
Luxemburgo, 47, desde que foi nomeado técnico da seleção brasileira, no último dia 11 de agosto, é cada vez mais nítida, perceptível
mesmo para quem convive com
ele diariamente.
Embora se esforce para mostrar
que é perfeitamente possível acumular o trabalho na seleção e no
Corinthians, o treinador não consegue esconder seus primeiros sinais de exaustão.
Ele pesava 85 kg quando deixou o
Santos e foi para o Corinthians, no
início deste ano. Agora, a balança
está marcando 76 kg.
"Não dá para negar que eu esteja
cansado. Me sinto como um ioiô,
viajando para lá e para cá, mas é
um cansaço gostoso. Acho que estou me adaptando bem", afirmou
Luxemburgo, que nos últimos 15
dias viveu o período mais intenso
desde que assumiu a seleção.
Ele percorreu quase 11 mil quilômetros nas duas últimas semanas,
período em que houve o primeiro
amistoso do Brasil sob o seu comando, um jogo pela Copa Mercosul e três clássicos pelo Campeonato Brasileiro, incluindo o que seria
ontem, contra o Palmeiras.
Além de sofrer três derrotas seguidas antes da partida contra o
Palmeiras, foi vaiado no empate de
1 a 1 com a Iugoslávia, em sua estréia pelo Brasil, e se irritou ao ver
na imprensa sua irmã Leocádia
Luxemburgo da Silva, mãe-de-santo em Vitória (ES), a caráter.
Leocádia chegou a afirmar que
ele teria que abandonar o Corinthians e ficar só na seleção para
evitar uma crise.
Luxemburgo usou o episódio para se comparar a Bill Clinton, presidente dos Estados Unidos, envolvido em escândalo sexual. "Estão
usando minha vida pessoal, minha
família, para me atingir."
"O problema não é só o desgaste
físico, mas também a pressão emocional", disse o fisiologista do Corinthians e da seleção brasileira,
Renato Lotufo, que convive diariamente com o técnico.
O médico Joaquim Grava, também do Corinthians e da seleção,
tem orientado Luxemburgo a respeito de sua alimentação. "Acho
que ele está ótimo de cabeça. Só é
preciso se alimentar melhor com
tantos jogos e viagens. Eu mesmo
estou cansado", afirmou ele.
A "maratona" que abateu o técnico da seleção começou no último
dia 19, em Campinas, onde o Corinthians venceu a Ponte Preta por
5 a 4. No dia 20, assistiu ao jogo entre Lusa e São Paulo. No dia 21, foi
com a seleção para São Luís (MA).
Após o amistoso do dia 23, retornou a São Paulo, onde chegou na
madrugada do dia 24 para acompanhar o Corinthians no jogo contra o Cruzeiro, à noite. Concentrou
o time no dia 25. Dia 27, perdeu para o Santos por 2 a 1.
No dia 28 pela manhã, já estava
no Rio para convocar novamente a
seleção para o amistoso do próximo dia 14, nos EUA, contra o
Equador. Às 21h30 do mesmo dia,
foi para Buenos Aires, onde o Corinthians perderia, dia 29, para o
Racing (1 a 0), pela Copa Mercosul.
No início da tarde do dia 30, desembarcou em São Paulo e foi direto para o Parque São Jorge, onde
treinavam os titulares que haviam
sido poupados contra o Racing.
Na manhã seguinte (última quinta-feira, às 9h), mesmo com chuva,
estava em Itaquera para treinar.
O cansaço era acentuado por
uma gripe, que Luxemburgo tentava ocultar usando o bom humor.
"Foi a mudança de temperatura
com a viagem para Buenos Aires",
disse o médico Joaquim Grava.
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