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FUTEBOL
Equipe da Mooca fará parceria com empresa para tentar sair da crise
Rebaixado 2 vezes em 98, Juventus terceiriza o time
FERNANDO MELLO
da Reportagem Local
Rebaixado duas vezes este ano,
no Estadual e na Série B do Brasileiro, o Juventus irá terceirizar seu
departamento de futebol profissional para tentar sair da crise.
Em parceria com a EuroSport,
empresa que compra e vende jogadores de futebol, a equipe da Mooca será o primeiro clube-empresa
da capital paulista.
A EuroSport utilizaria a camisa
do Juventus, que serviria como vitrine para seus atletas. Em troca, o
clube ganharia os reforços.
A empresa já tem um acordo firmado com o clube nas categorias
infantil, juvenil e júnior.
Pelo contrato, a EuroSport é dona do passe dos jogadores. Em caso de negociação, o clube paulista
recebe uma porcentagem, geralmente 50% do valor.
"Precisamos buscar parcerias
para conseguir montar times competitivos. Nossa intenção é fazer
tudo de acordo com a Lei Pelé,
transformando o Juventus em clube-empresa", afirmou o presidente do clube, Milton Urcioli.
No contrato com o futebol profissional, que deve ser assinado
nos próximos dias, os procedimentos serão os mesmos: a empresa entra com atletas para reforçar a
equipe e, em troca, tem direito a
uma porcentagem dos passes dos
jogadores do Juventus.
"Todos os atletas do clube devem
entrar no negócio. Se vendermos
alguém, cada parte receberá metade do valor", disse Urcioli.
Segundo o presidente, o Juventus
não deve salários ou prêmios a nenhum jogador. "A gente trabalha
com honestidade. Outras equipes,
como o Fluminense, contratam
atletas de peso, mas não conseguem cumprir suas obrigações."
A folha de pagamento do time
grená gira em torno de R$ 150 mil.
"Nosso problema é que não pudemos investir. Não adiantaria contratar jogadores que custassem R$
25 mil se não podemos pagar."
Não é a primeira vez que a EuroSport entra no futebol paulista.
Em 96, fez uma parceria com o Corinthians, quando era "dona" do
time que disputou a Copa São Paulo de futebol júnior daquele ano.
Possíveis nomes de reforços ainda não foram divulgados. Representantes da EuroSport foram procurados nos últimos três dias pela
reportagem da Folha, mas não responderam às ligações.
²
Decadência
A decadência do Juventus, um
dos fundadores da Federação Paulista de Futebol, começou no início
do ano, na disputa do Paulista-98.
Jogando no "quadrangular da
morte", ao lado de Inter de Limeira, Araçatuba e Portuguesa Santista, o time da Mooca terminou em
último lugar e foi rebaixado para a
Série B do campeonato estadual.
"Infelizmente não fomos bem na
competição, mas ainda existe a
possibilidade de permanecermos
na divisão de elite do Paulista no
ano que vem, já que o Araçatuba
ainda deve dinheiro de reclamações trabalhistas", disse Urcioli.
Conhecido popularmente como
"moleque travesso", por derrotar
equipes consideradas grandes no
futebol paulista, o Juventus conquistou, em 83, a Taça de Prata do
Brasileiro, equivalente ao torneio
no qual foi rebaixado este ano.
O time da rua Javari era comandado pelo técnico Candinho,
atualmente na Lusa, e tinha como
capitão o ex-técnico do São Paulo
Nelsinho Batista.
Na Série B deste ano a equipe
conseguiu apenas uma vitória
-contra o Fluminense, em Osasco- e ficou em último lugar no
seu grupo, com apenas seis pontos
em nove jogos. Na última segunda-feira, o Juventus foi derrotado pelo
próprio Fluminense, no Rio, e foi
rebaixado para a Série C.
"O time foi rebaixado, mas não
morreu. O Napoli, na Itália, também foi para a segunda divisão e
voltou. Estaremos novamente na
Série B no próximo ano, vencendo
no campo. O futebol no Clube
Atlético Juventus jamais acabará",
afirmou o supervisor de futebol do
clube, Roberto Archiná.
O presidente da Ju-Jovem, única
torcida organizada do time, Sérgio
Mangiulo, atribuiu o rebaixamento à falta de profissionalismo dos
jogadores da equipe.
"São todos mercenários, pois
não honraram a camisa. Estamos
revoltados com a situação."
Mangiulo afirmou que faltou
competência à diretoria do clube.
"Propus a eles a contratação do
Edu Marangon, do Neto e do Branco. Faltou, além de raça, experiência ao nosso time. Os dirigentes
não quiseram me ouvir e deu no
que deu. Não quiseram gastar,
agora vão ter prejuízo."
Archiná, o supervisor de futebol,
discorda.
"Não tínhamos dinheiro para investir. A nossa torcida também tinha que ter feito sua parte. Com
apenas 200 pagantes em média na
rua Javari não dá para arrecadar, e,
em consequência, para investir."
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