São Paulo, segunda-feira, 04 de novembro de 2002

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Código de Defesa não conforta torcedores no Pacaembu; decisão da CBF cassa mudanças para 2003

Jogo da utopia fica no papel; o campeonato, na saudade

Ari Ferreira/Lancepress
Torcida estende faixa de apoio à mudança na legislação esportiva defendida pelo Ministério do Esporte, em jogo modelo no Pacaembu


FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A tentativa de equiparar a organização do futebol brasileiro à do europeu ruiu. Ruiu na véspera de a CBF anunciar que a Liga, tal qual ocorre na Europa, não organizará o Brasileiro-03 como planejado. Os clubes vão saber amanhã que continuarão a obedecer o calendário, as regras e as RDIs (Resolução de Diretoria) da CBF.
O jogo modelo de ontem, última cartada do Ministério do Esporte para arregimentar apoio para a aprovação do Código de Defesa do Torcedor e da MP39, nada teve de europeu.
No Corinthians x Fluminense, exceção feita às câmeras recém-instaladas que ajudaram na segurança, repetiram-se os problemas de sempre: ambulantes, cambistas, filas desorganizadas, invasão de setores das arquibancadas etc.
Co-organizador do jogo, o Corinthians, mandante, nenhuma comodidade extra ofereceu ao seu torcedor. O mesmo vale para a administração do Pacaembu, que, apesar de ter pintado, instalado assentos e numerado a maior parte das arquibancadas, não obrigou que os torcedores ocupassem o assento comprado.
A utopia de um jogo (bem) organizado pelos clubes acabou. Amanhã a CBF informará que está rompido o acordo feito em maio, o qual havia dado aos clubes, por meio da Liga Nacional então recém-criada, autonomia para organizar o Nacional do ano que vem e os subsequentes.
Ricardo Teixeira, presidente da CBF, e Fábio Koff, presidente do Clube dos 13 e da Liga Nacional, já redigiram o "divórcio", que será oficializado amanhã por meio de uma RDI. O ofício, assinado por Teixeira, cancelará o registro da liga. A entidade, fundada com estardalhaço em março por 52 times, deixará de ser reconhecida.
Para justificar a decisão de retomar o poder sobre a organização do Brasileiro, a CBF alegará que a Liga Nacional não cumpriu artigos de seu estatuto. Não convocou, por exemplo, eleições para a diretoria nos 15 dias seguintes ao registro, concedido em maio.
A CBF apontará também "ilegalidade" administrativa, já que a liga não se adaptou à MP39, em vigor desde junho.
Com a cassação, a CBF enfraquece os clubes -decisão que certamente desagradará o governo federal, dirigentes das ligas regionais e os clubes de elite.
Ainda anteontem, por exemplo, José Luiz Portella, ministro interino do Esporte, mentor do jogo modelo, acreditava que o Brasileiro do ano que vem seria organizado pelos clubes nos moldes propostos pelo ministério.
"Acho que teremos no ano que vem o calendário proposto pelo grupo de trabalho que formamos no ministério. Serão respeitadas as resoluções que tomamos", disse Portella.
Mas o calendário que os clubes vão obedecer é mesmo o que a Globo e a CBF formularam em julho passado: Brasileiro longo; e Estaduais esmagados.
Eduardo José Farah, presidente da FPF e da Liga Rio-SP, afirma que a cassação do registro das ligas de clubes é uma medida que poderá ser contornada no futuro. Antes de saber da decisão da CBF, Farah disse que vai manter em funcionamento a liga que preside porque a CBF "não tem poder de fechar firmas".
"Eles podem não nos reconhecer, mas vamos continuar existindo juridicamente. Isso eles não podem impedir", afirmou um dos maiores opositores de Teixeira.
Procurado pela reportagem, o presidente da CBF não respondeu ao recados deixados na sua secretária eletrônica. O mesmo aconteceu com Fábio Koff.

Colaboraram Rodrigo Bueno e Fábio Seixas, da Reportagem Local


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