UOL


São Paulo, quinta-feira, 04 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Universo se expande e põe em risco elite do basquete

Com política de investimentos superagressiva, universidade terá 5 equipes no Nacional-2004

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma concentração inédita de equipes nas mãos de uma mesma empresa pode ameaçar a disputa do próximo Nacional masculino de basquete. Com o título da Supercopa Brasil conquistado por Brasília, no domingo, o Grupo Universo deve cravar cinco dos 16 times da edição de 2004. E quatro equipes pré-candidatas ao título.
A Universidade Salgado de Oliveira já havia colocado três clubes na disputa dos campeonatos de 2002 e 2003. Neste ano, inclusive, houve um quase monopólio na semifinal do torneio, com os três times, mais o COC/Ribeirão Preto, disputando a taça. Os paulistas acabaram levando a melhor.
A perda do troféu, ainda inédito para o grupo, não foi considerado um revés. "O importante é o nome da universidade aparecer. Não precisa nem ser campeão. Tive um retorno fantástico no último Nacional", festejou Wellington Salgado de Oliveira, presidente da empresa, que fornece orçamentos independentes para cada elenco.
Tantos times põem Oliveira como homem-chave até mesmo no futuro do basquete nacional. O projeto de uma liga independente, iniciativa da Sportlink, empresa de marketing esportivo do Rio, pode naufragar sem seu apoio.
Em conversa informal com João Henrique Areias, dono da Sportlink, o empresário já mostrou interesse em ter até quatro equipes no novo campeonato, que pode sair do papel já no ano que vem.
Antes disso, no Nacional de 2004, a satisfação de Oliveira com o retorno publicitário tende a aumentar. Além do Universo/Brasília, já estão no Nacional o Universo-Minas e a Unit/Uberlândia, que fazem a decisão do Mineiro.
O Ajax disputa as finais do Goiano contra o Jaó e o Jóquei Clube, times semi-amadores, e deve garantir facilmente a vaga.
No Rio, o Universo/Campos joga o mata-mata semifinal do Estadual contra o Vasco -o primeiro jogo será domingo. A competição coloca três times no Nacional.
"O Vasco parece que não irá disputar o Nacional. Independentemente disso, nosso objetivo é conquistar o título", declarou o técnico Guerrinha, referindo-se a uma conquista que seria inédita para o clube do interior do Rio.
Tamanho investimento fez com que Oliveira ganhasse alguns privilégios da Confederação Brasileira de Basquete. Em 2002, por exemplo, a universidade ampliou seu poder ao patrocinar o Minas, que entrou na disputa graças a uma virada de mesa.
Para o campeonato seguinte, engrossou o lobby por duas vagas para o Estado. Pedido aceito, os classificados de 2003, Uberlândia e Minas, coincidentemente, eram ligados à instituição de ensino.
No ano passado, conseguiu que o campeão goiano fosse diretamente para o Nacional de 2003, facilitando o caminho do Ajax.
Com isso, pôde investir em uma nova praça, Brasília, para disputar a Supercopa Brasil, o classificatório para times periféricos do país.
Com o regulamento nas mãos e bancando a sede da fase final, a equipe contou com nomes que já fizeram parte da seleção brasileira -o armador Ratto e o pivô Sandro Varejão, emprestados pelo Ajax-, além de dois atletas norte-americanos -o ala Kenya Lamont e o pivô Eric Lee Sandrin.
Com esse poder de fogo, Brasília desbancou os paulistas da Hebraica e do Paulistano, apontados como favoritos ao campeonato.
Procurado, o presidente da CBB, Gerasime Bozikis, não foi encontrado para comentar a concentração de poder da empresa.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Concorrência por atleta vira ato diplomático
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.