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Universo se expande e põe em risco elite do basquete
Com política de investimentos superagressiva, universidade terá 5 equipes no Nacional-2004
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma concentração inédita de
equipes nas mãos de uma mesma
empresa pode ameaçar a disputa
do próximo Nacional masculino
de basquete. Com o título da Supercopa Brasil conquistado por
Brasília, no domingo, o Grupo
Universo deve cravar cinco dos 16
times da edição de 2004. E quatro
equipes pré-candidatas ao título.
A Universidade Salgado de Oliveira já havia colocado três clubes
na disputa dos campeonatos de
2002 e 2003. Neste ano, inclusive,
houve um quase monopólio na
semifinal do torneio, com os três
times, mais o COC/Ribeirão Preto, disputando a taça. Os paulistas
acabaram levando a melhor.
A perda do troféu, ainda inédito
para o grupo, não foi considerado
um revés. "O importante é o nome da universidade aparecer. Não
precisa nem ser campeão. Tive
um retorno fantástico no último
Nacional", festejou Wellington
Salgado de Oliveira, presidente da
empresa, que fornece orçamentos
independentes para cada elenco.
Tantos times põem Oliveira como homem-chave até mesmo no
futuro do basquete nacional. O
projeto de uma liga independente, iniciativa da Sportlink, empresa de marketing esportivo do Rio,
pode naufragar sem seu apoio.
Em conversa informal com João
Henrique Areias, dono da Sportlink, o empresário já mostrou interesse em ter até quatro equipes
no novo campeonato, que pode
sair do papel já no ano que vem.
Antes disso, no Nacional de
2004, a satisfação de Oliveira com
o retorno publicitário tende a aumentar. Além do Universo/Brasília, já estão no Nacional o Universo-Minas e a Unit/Uberlândia,
que fazem a decisão do Mineiro.
O Ajax disputa as finais do
Goiano contra o Jaó e o Jóquei
Clube, times semi-amadores, e
deve garantir facilmente a vaga.
No Rio, o Universo/Campos joga o mata-mata semifinal do Estadual contra o Vasco -o primeiro
jogo será domingo. A competição
coloca três times no Nacional.
"O Vasco parece que não irá
disputar o Nacional. Independentemente disso, nosso objetivo é
conquistar o título", declarou o
técnico Guerrinha, referindo-se a
uma conquista que seria inédita
para o clube do interior do Rio.
Tamanho investimento fez com
que Oliveira ganhasse alguns privilégios da Confederação Brasileira de Basquete. Em 2002, por
exemplo, a universidade ampliou
seu poder ao patrocinar o Minas,
que entrou na disputa graças a
uma virada de mesa.
Para o campeonato seguinte,
engrossou o lobby por duas vagas
para o Estado. Pedido aceito, os
classificados de 2003, Uberlândia
e Minas, coincidentemente, eram
ligados à instituição de ensino.
No ano passado, conseguiu que
o campeão goiano fosse diretamente para o Nacional de 2003,
facilitando o caminho do Ajax.
Com isso, pôde investir em uma
nova praça, Brasília, para disputar
a Supercopa Brasil, o classificatório para times periféricos do país.
Com o regulamento nas mãos e
bancando a sede da fase final, a
equipe contou com nomes que já
fizeram parte da seleção brasileira
-o armador Ratto e o pivô Sandro Varejão, emprestados pelo
Ajax-, além de dois atletas norte-americanos -o ala Kenya Lamont e o pivô Eric Lee Sandrin.
Com esse poder de fogo, Brasília
desbancou os paulistas da Hebraica e do Paulistano, apontados
como favoritos ao campeonato.
Procurado, o presidente da
CBB, Gerasime Bozikis, não foi
encontrado para comentar a concentração de poder da empresa.
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