São Paulo, domingo, 04 de dezembro de 2005

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FUTEBOL

Última rodada, três decisões

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

Na verdade, quatro. No Serra Dourada, no Couto Pereira, no Parque Antarctica e no... Na verdade verdadeira, sete, porque são duas no Couto Pereira, mais uma no Moisés Lucarelli e outra no Mineirão.
Decide-se o título, uma vaga na Libertadores, uma vala no rebaixamento.
É. Fica difícil dizer que campeonatos em pontos corridos não têm decisão. Teria mais graça que o domingo que encerra o Campeonato Brasileiro fosse destinado a apenas um jogo que decidiria o campeão?
Definitivamente, não. E como anda difícil defender o contrário, quando nada menos que sete torcidas chegam ao dia derradeiro com a alma na mão.
Tudo parece menos complicado para o Corinthians, que depende de um empate e pode até mesmo perder por uma diferença não pornográfica de gols -desde que o Inter não imponha uma goleada improvável no Coritiba. Que precisa vencer e ainda torcer contra Ponte Preta e São Caetano -que parece marcado para cair, em Belo Horizonte, diante do decepcionante Cruzeiro.
A Ponte Preta, se não empatar em casa com o Brasiliense, merecerá a queda, sem dúvida.
E Palmeiras e Fluminense decidem uma vaga na Taça Libertadores da América.
É claro que quem a conseguir não comemorará como corintianos ou colorados comemorarão o título. Mas o efeito da vitória para o Palmeiras, ou do empate para o Flu, será quase o mesmo depois que passar o momento da euforia: uma vaga na competição mais importante do continente, mesmo que ainda na fase classificatória (entre outros motivos porque o Deportivo Táchira será galinha-morta).
Lembremos que o último campeão da Libertadores, e o último vice, não ganhou o Brasileirão anterior.
Palmeiras e Fluminense estão a um passo da glória e do vexame. Se é verdade que parecia ser sonhar demais para os palmeirenses a possibilidade de chegar tão longe, hoje virou obrigação, porque não será aceitável que mais uma vez o Palestra Itália seja palco de uma frustração.
E, se parecia até tranqüilo para o Flu assegurar seu lugar, não haverá justificativa para derrocada tão fulminante e, de orgulho do futebol carioca, sobrará, se fracassar ao não conseguir nem sequer o empate, apenas a humilhação do insucesso inexplicável.
No terceiro Brasileirão de pontos corridos, pela segunda vez seguida o campeão só sairá na última rodada, coisa rara de acontecer pelo mundo afora pelo simples fato de não haver nada parecido com o equilíbrio que há aqui.
"Que país é este?", perguntou um dia o político mineiro Francelino Pereira.
"Que campeonato é este?!", admirou-se, no domingo passado, o narrador Galvão Bueno, que é favorável ao regulamento com mata-mata.
É o campeonato óbvio, está cada vez mais claro, ainda mais a partir do ano que vem, com 20 clubes. Palpites? Corintianos, palmeirenses, ponte-pretanos e coxas-brancas comemorarão.

O sofredor
Aquele corintiano que não gosta de conquistas sem sofrimento enlouqueceu. Prevê que o eventual tetra será mais gostoso se nas seguintes condições: último minuto em Goiânia e em Curitiba. O Goiás ganha por 2 a 0 e o Inter por 4 a 0, resultados que dão o tetra aos gaúchos. Aí, sai o gol que diminui a diferença e garante o título. Sua única dúvida: se prefere que o gol seja de Carlitos Tevez ou do Coritiba.

Amputados
Armando Nogueira escreveu, no diário "Lance!", que também cortará a mão esquerda se o Corinthians não for o campeão. Repetiu promessa deste colunista na ESPN Brasil. Dois malucos. Ele mais, por ser canhoto. Mas, se acontecer o imponderável, a imprensa brasileira nada perderá, porque quem disse que o Mestre escreve com a mão?

@ - blogdojuca@uol.com.br


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