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FUTEBOL
Última rodada, três decisões
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
Na verdade, quatro. No
Serra Dourada, no Couto
Pereira, no Parque Antarctica e
no... Na verdade verdadeira, sete,
porque são duas no Couto Pereira, mais uma no Moisés Lucarelli
e outra no Mineirão.
Decide-se o título, uma vaga na
Libertadores, uma vala no rebaixamento.
É. Fica difícil dizer que campeonatos em pontos corridos não têm
decisão. Teria mais graça que o
domingo que encerra o Campeonato Brasileiro fosse destinado a
apenas um jogo que decidiria o
campeão?
Definitivamente, não. E como
anda difícil defender o contrário,
quando nada menos que sete torcidas chegam ao dia derradeiro
com a alma na mão.
Tudo parece menos complicado
para o Corinthians, que depende
de um empate e pode até mesmo
perder por uma diferença não
pornográfica de gols -desde que
o Inter não imponha uma goleada improvável no Coritiba. Que
precisa vencer e ainda torcer contra Ponte Preta e São Caetano
-que parece marcado para cair,
em Belo Horizonte, diante do decepcionante Cruzeiro.
A Ponte Preta, se não empatar
em casa com o Brasiliense, merecerá a queda, sem dúvida.
E Palmeiras e Fluminense decidem uma vaga na Taça Libertadores da América.
É claro que quem a conseguir
não comemorará como corintianos ou colorados comemorarão o
título. Mas o efeito da vitória para o Palmeiras, ou do empate para o Flu, será quase o mesmo depois que passar o momento da euforia: uma vaga na competição
mais importante do continente,
mesmo que ainda na fase classificatória (entre outros motivos porque o Deportivo Táchira será galinha-morta).
Lembremos que o último campeão da Libertadores, e o último
vice, não ganhou o Brasileirão
anterior.
Palmeiras e Fluminense estão a
um passo da glória e do vexame.
Se é verdade que parecia ser sonhar demais para os palmeirenses a possibilidade de chegar tão
longe, hoje virou obrigação, porque não será aceitável que mais
uma vez o Palestra Itália seja palco de uma frustração.
E, se parecia até tranqüilo para
o Flu assegurar seu lugar, não haverá justificativa para derrocada
tão fulminante e, de orgulho do
futebol carioca, sobrará, se fracassar ao não conseguir nem sequer
o empate, apenas a humilhação
do insucesso inexplicável.
No terceiro Brasileirão de pontos corridos, pela segunda vez seguida o campeão só sairá na última rodada, coisa rara de acontecer pelo mundo afora pelo simples
fato de não haver nada parecido
com o equilíbrio que há aqui.
"Que país é este?", perguntou
um dia o político mineiro Francelino Pereira.
"Que campeonato é este?!", admirou-se, no domingo passado, o
narrador Galvão Bueno, que é favorável ao regulamento com mata-mata.
É o campeonato óbvio, está cada vez mais claro, ainda mais a
partir do ano que vem, com 20
clubes. Palpites? Corintianos, palmeirenses, ponte-pretanos e coxas-brancas comemorarão.
O sofredor
Aquele corintiano que não gosta de conquistas sem sofrimento
enlouqueceu. Prevê que o eventual tetra será mais gostoso se nas seguintes condições: último minuto em Goiânia e em Curitiba. O Goiás
ganha por 2 a 0 e o Inter por 4 a 0, resultados que dão o tetra aos gaúchos. Aí, sai o gol que diminui a diferença e garante o título. Sua única
dúvida: se prefere que o gol seja de Carlitos Tevez ou do Coritiba.
Amputados
Armando Nogueira escreveu, no diário "Lance!", que também cortará a mão esquerda se o Corinthians não for o campeão. Repetiu promessa deste colunista na ESPN Brasil. Dois malucos. Ele mais, por ser
canhoto. Mas, se acontecer o imponderável, a imprensa brasileira
nada perderá, porque quem disse que o Mestre escreve com a mão?
@ - blogdojuca@uol.com.br
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